19/04/2024 - Edição 540

Legislativo

Três Lagoas e Santa Rita do Pardo se mobilizam para barrar o gás de xisto

Publicado em 06/06/2018 12:00 -

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Os impactos devastadores que a extração do gás de xisto poderá causar ao meio ambiente e à população de Mato Grosso do Sul foi tema de audiências públicas em Três Lagoas e Santa Rita do Pardo.

Em parceria com o deputado estadual Amarildo Cruz (PT) e a organização não governamental Coesus, o debate em Três Lagoas foi promovida pelo vereador Flodoaldo Moreno Júnior.

O município está entre as 54 cidades sul-mato-grossenses que poderão ser impactadas com uma eventual extração de combustível fóssil na região. Ela integra a bacia do Rio Paraná no Estado e, segundo análises da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), onde existe a possibilidade de encontrar o gás de xisto no Estado.

Para o deputado Amarildo Cruz, a proposta da audiência pública é elucidar a população sobre as consequências da exploração e os impactos que acarretará em seu dia a dia. “A minha intenção foi pôr na agenda política, econômica e social do nosso Estado a discussão do gás de xisto. As autoridades públicas pouco sabem a respeito, a imprensa não sabe direito o que é xisto e, mesmo assim, a ANP já realizou leilões onde dois municípios do nosso Estado foram arrematados, Santa Rita do Pardo e Brasilândia, e a qualquer momento pode começar a extração”, disse.

Amarildo falou também sobre a possibilidade das riquezas naturais da região que poderão ser impactadas, caso não sejam tomadas as providências necessárias. “Nosso Estado está localizado sobre o Aquífero Guarani, a principal reserva subterrânea de água doce da América do Sul e uma das maiores do mundo, e essa riqueza natural pode ser contaminada caso não sejam tomadas providências, a fim de evitar esse crime ambiental”, e conclui. “Se não temos opinião para formar juízo de valor e endossar, se não temos segurança, tem que haver precaução. Na dúvida, não temos direito de colocar o patrimônio do solo e da água em risco".

O parlamentar estadual é autor do projeto de lei n° 0003/2018 na Assembleia Legislativa, que pede a suspensão da exploração do gás em Mato Grosso do Sul, no período de dez anos, para que sejam realizados estudos aprofundados a respeito dos reais danos na produção do combustível fóssil.

Proponente do debate, o vereador Flodoaldo apresentou na Câmara Municipal, no final do mês de maio, um projeto no âmbito municipal que suspende por dez anos a exploração do gás de xisto.

 A audiência pública para discutir o gás de xisto contou também com a presença do promotor de Justiça, Antônio Carlos Garcia de Oliveira; da professora doutora Kaelly Virgínia de Oliveira Saraiva; do vice-prefeito de Três Lagoas Paulo Salomão; da ativista ambiental Suelita Rocker, representando a Ong Coesus; e do mestre em Planejamento e Dinâmica Ambiental, especialista em Gestão e Educação Ambiental, biólogo e engenheiro sanitarista e ambiental, Danilo Pinho de Almeida.

Três Lagoas é a quarta cidade do Estado a receber o debate. As audiências foram também realizadas nos municípios de Campo Grande, Nova Alvorada do Sul e Santa Rita do Pardo.

Santa Rita do Pardo

O município, que já teve sua área arrematada em leilão realizado em setembro de 2017 pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), também está entre os 54 do Estado com potencial para a exploração do gás, utilizado na geração de energia elétrica.

O prefeito da cidade, Cacildo Dagno Pereira disse que teve conhecimento do assunto depois que o deputado Amarildo Cruz apresentou o projeto de lei na Assembleia Legislativa e que por isso precisa ser bastante discutido antes de se posicionar. Já o presidente da Câmara Municipal, vereador Josué Nogueira Martinez (Loló) se posicionou contrário à extração do gás. "É muito importante entender os danos que a extração do gás de xisto pode causar. Não queremos que venha para o nosso município uma atividade que trará prejuízos para a população", falou na ocasião.

Também presente na audiência pública, o gerente comercial da MSGÁS, Luiz Antônio Duarte se mostrou bastante preocupado e disse que tem dúvidas se a atividade traria benefícios para o Estado.

A audiência pública contou também com a presença da Suelita Rocker da Não Fracking Brasil, os vereadores Luiz Carlos Cabecinha, José Messias, Antônio Coral, Cleudenide Ferreira de Freitas, Haymee Monike Castro, João Freire Leite e Ruy Fernandes, primeira-dama, secretários de saúde, educação, assistência social e de obras do município, presidente do Sindicato Rural Florindo Cavalli Neto, vice-prefeito José Milton de Souza, ex-prefeito Antônio Arcanjo, alunos e a diretora da Escola Estadual José Ferreira Lima, moradores e lideranças locais.

Técnica de extração do gás de xisto

A técnica utilizada na extração do gás de xisto, utilizado na geração de energia elétrica, é conhecida como fraturamento hidráulico ou fracking, que ultrapassa as fontes subterrâneas de água, onde um cano de aço, revestido por cimento injetado, leva água e produtos químicos e sua pressão causa fraturas que liberam o gás, altamente poluente, e que contamina a água, solo e ar.

 Municípios de Mato Grosso do Sul já ofertados em leilão da ANP

Água Clara, Anaurilândia, Angélica, Bataguassu, Batayporã, Brasilândia, Campo Grande, Deodápolis, Ivinhema, Nova Alvorada do Sul, Nova Andradina, Novo Horizonte do Sul, Ribas do Rio Pardo, Rio Brilhante, Santa Rita do Pardo, Taquarussu, Três Lagoas, Alcinópolis, Bandeirantes, Camapuã, Cassilândia, Chapadão do Sul, Costa Rica, Inocência, Rochedo e São Gabriel do Oeste.


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