18/04/2024 - Edição 540

Poder

PT lançará pré-candidatura de Lula no domingo

Publicado em 25/05/2018 12:00 -

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso na Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba (PR), escolheu o dia 27 de maio (este domingo) para o lançamento de sua pré-candidatura à Presidência em todo o Brasil. A informação foi repassada pelo deputado federal Wadih Damous (PT), que visitou o petista na manhã do último dia 21 na condição de seu advogado.

O parlamentar afirmou à militância do acampamento Lula Livre, nos arredores da PF, que o ex-presidente pediu para enfatizar que no dia 27 o lançamento ocorrerá em cada cidade brasileira onde o PT está organizado.

"Pouco importa se em cada ato tenha 10 pessoas, tenha 5 pessoas, tenha 500 pessoas. O importante é o somatório em todo o Brasil de cada um desses atos, para deixar claro que o presidente Lula é o nosso candidato”, disse Damous. 

O deputado também afirmou que Lula está bem-humorado, ainda que indignado. “Está bem abrigado, está bem agasalhado, tem praticado exercícios, está bem-humorado. Agora, é claro que ele está indignado com essa perseguição que se abate sobre ele.”

Segundo Damous, Lula voltou a dizer que não quer receber um indulto, mas sim o reconhecimento de sua inocência. 

O último dia 18, a juíza Carolina Lebbos, responsável pela execução penal do petista, cumpriu decisão do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) que deferiu pedido da OAB do Paraná para assegurar a Damous o direito ao exercício profissional como advogado de Lula. 

Lula está escrevendo na prisão, em Curitiba, um manifesto que será apresentado pelo PT nos atos de lançamento de sua candidatura ao Planalto. O petista deve aproveitar trechos da nova Carta ao Povo Brasileiro que discutia com os aliados antes de ir para a cadeia.

TSE

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, descartou a possibilidade de a candidatura do ex-presidente Lula ser rejeitada sem levar em conta o direito à defesa. Em entrevista ao programa Canal Livre, da Band, Cármen refutou a tese discutida nos bastidores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de se tomar uma iniciativa para impedir de imediato o ex-presidente de concorrer às eleições. “O Judiciário não age de ofício, e sim mediante provocação”, rechaçou a ministra.

Cármen ressaltou que candidatos com condenação em órgão colegiado – caso de Lula, sentenciado a 12 anos de prisão pelo TRF-4 – são inelegíveis por causa da Lei da Ficha Limpa. Em todas as situações, porém, os postulantes têm direito a pedir o registro da candidatura e lutar na Justiça eleitoral pelo direito de disputar a eleição.

“Isso foi aplicado desde 2012. Não noto nenhuma mudança de jurisprudência no Tribunal Superior Eleitoral. E o Supremo voltou a este assunto, neste ano, e reiterou a jurisprudência e a aplicação da jurisprudência num caso de relatoria do ministro Fux, atual presidente do TSE”, declarou a presidente do STF. “Nós temos uma Justiça eleitoral muito presente, e isso é matéria eleitoral que irá pra lá. Acredito não chegar ao Supremo”, acrescentou.

Cármen Lúcia disse que não pretende pautar, durante a sua gestão, até setembro, a discussão sobre prisões após condenação em segunda instância, contrariando expectativa de aliados do ex-presidente Lula, de advogados de outros condenados e de parte dos ministros do Supremo.

A ministra ainda relativizou as divisões dentro da corte. Segundo ela, isso reflete o momento vivido pela sociedade como um todo, de bastante polarização. “Numa sociedade dessa, imagina o país todo dividido e o Supremo votando sempre no mesmo sentido, sem ninguém ter dúvida sobre outra visão de mundo. Acho que aí seria algo um pouco desconectado”, afirmou.

Órfãos do PT

Nomes tradicionalmente associados ao PT e ao ex-presidente Lula figuram em manifesto de apoio à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) à Presidência da República, lançado no último dia 22. Entre eles, os atores Paulo Betti e Letícia Sabatella, o religioso Frei Betto e a urbanista Raquel Rolnik. O documento "Vamos com Guilherme Boulos e Sônia Guajajara" tem cerca de 500 assinaturas e foi pela cantora Maria Gadú. 

O escritor Gregorio Duvivier, a atriz Sônia Braga e a cartunista Laerte Coutinho endossam o texto, no qual a pré-candidatura de Boulos é descrita "como arejada, construída de baixo pra cima, em aliança inédita entre partidos e movimentos sociais".

"Estamos diante de um momento que revela o esgotamento dos poderes da República. Basta ver o presidente, a elite econômica e financeira que arquiteta as contrarreformas e os golpes, a interferência seletiva do Poder Judiciário na própria disputa eleitoral. Defender direitos elementares soa como radicalismo, exigir outra política econômica e outra democracia é antissistêmico. Mas, para essa pré-candidatura, radical é a injusta realidade a que a maior parte do povo está sujeita”, diz o manifesto. 

O documento não explicita apenas o desembarque de apoiadores do PT, mas de Marina Silva (Rede). Antigos eleitores dela, como o ator Wagner Moura, a empresária Paula Lavigne e o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro estão entre os signatários.

Os atores Érico Brás, Bruno Mazzeo e Alinne Moraes também estão entre apoiadores da candidatura do coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), além do sociólogo Chico Oliveira e do poeta Ferrez.

A lista inclui ainda colaboradores na redação de programas de governo. Crítico da Lava Jato e presença em atos em defesa de Lula, o advogado Pedro Estevam Serrano terá participação na pré-campanha.

Assessor especial do primeiro governo Lula, Frei Betto participará do grupo dedicado aos programas sociais. A economista Laura Carvalho deverá coordenar a área econômica.

O manifesto conta com apoio de militantes do movimento negro, líderes religiosos e parlamentares europeus.

A secundarista Ana Júlia Ribeiro que em 2016, atraiu a atenção de Lula ao discursar em favor da ocupação de escolas no Paraná, também assina o documento.


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