19/03/2024 - Edição 540

Poder

Comando do PT desautoriza articulação de governadores do partido

Publicado em 18/05/2018 12:00 -

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A direção do PT e a bancada federal bateram de frente com os governadores do partido. A presidente da sigla, senadora Gleisi Hoffmann (PR), foi a Curitiba na 5ª feira (17). Reclamou com o ex-presidente Lula de uma articulação do pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, junto aos governadores e contra a candidatura própria dos petistas ao Planalto.

A presidente do partido soube na 4ª (16) de notícias de jornais do interior informando sobre uma reunião convocada para hoje pelo governador Fernando Pimentel. Soltou 1 post no twitter desautorizando o encontro. À noite reuniu os 11 membros do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do PT e preparou a nota distribuída hoje pela bancada federal em que se reafirma a candidatura Lula.


Palavra de Lula

Após o encontro com Lula, Gleisi deu entrevista junto com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Disse que o ex-presidente reafirmou a manutenção da candidatura: “Por que a gente desistiria? Isso não quer dizer que não vamos discutir propostas com outros partidos”. Ela insistiu na viabilidade da candidatura até o dia da diplomação, “mesmo com a Lei da Ficha Limpa” e admitiu alianças com outros partidos de esquerda no 2º turno”.

Assinada por todos os integrantes das bancadas do PT na Câmara e no Senado, afirmou a “unidade em defesa da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República”.

Os governadores petistas desmarcaram a reunião de Belo Horizonte, mas não se desmobilizaram. Aproveitaram 1 encontro de todos os governadores do Nordeste amanhã, no Recife. Desembarcaram hoje na cidade para discutir a estratégia do grupo. Conversaram com Gleisi por telefone e marcaram um encontro com o comando partidário na próxima semana.

O que eles querem

– Camilo Santana (CE) – disse que Lula não terá condições de concorrer às eleições e que o PT deve apoiar Ciro Gomes. Santana é filiado ao partido, mas considerado um afilhado político do pedetista;

– Rui Costa (BA) – defendeu que até a virada do mês o PT anuncie 1 candidato alternativo a Lula. Costa precisa definir se o ex-governador Jaques Wagner será candidato ao Senado ou se concorre ao Planalto abrindo vaga na chapa local para alianças;

– Fernando Pimentel (MG) – pré-candidato à reeleição, o governador está com dificuldades para fechar alianças. O PSB pode não lançar candidato no Estado se o PT definir uma candidatura nacional do agrado do partido;

– Wellington Dias (PI) –é considerado entre os governadores do Nordeste o mais alinhado com o comando nacional petista;

– Tião Viana (AC) – mesmo sendo da região Norte, viajou para o encontro do Nordeste. Seu irmão e chefe político, o senador Jorge Viana, assinou a nota da bancada.

Análise

Quem se beneficia com a decisão (no momento majoritária) do PT de manter a ficcional candidatura de Lula a presidente?

– Congressistas do PT – deputados e senadores petistas acham que podem se beneficiar dos 25% a 30% dos eleitores que ainda amam Lula. Ao defender a candidatura do ex-presidente até o final, esses congressistas enxergam 1 claro benefício eleitoral em 7 de outubro, pouco importando se Lula será ou não candidato;

– Adversários do PT – pode parecer paradoxal, mas é verdade. Várias legendas anti-PT também levam vantagem nesse cenário de incerteza provocado pela candidatura postiça de Lula. A razão é simples. Nos 26 Estados e no Distrito Federal, partidos como PSB, PC do B e até os fisiológicos PR, PSD e PRB ficam mais longe de alianças locais com nomes petistas. O PT tem governadores em 5 Estados. Sem 1 candidato a presidente para valer, os petistas nos Estados terão dificuldade para atrair alianças no Acre, na Bahia, no Ceará, em Minas Gerais e no Piauí. Ou seja, abre-se uma avenida para essas siglas armarem alianças com adversários do PT nos planos nacional e locais.

A estratégia dos lulistas mais radicais é manter o ex-presidente como candidato ao Planalto até por volta de 15 de setembro, quando se imagina que o TSE o cassará em definitivo para efeito eleitoral.

É muito difícil em 15 ou 20 dias Lula inocular seu prestígio em algum “proxy” que possa representá-lo nas urnas em 7 de outubro. Impossível, não é. Mas é 1 lance de alto risco, sobretudo porque os substitutos viáveis politicamente são personalidades de baixo impacto no cenário nacional, como Fernando Haddad e Jaques Wagner.


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