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Brasileiros desconfiam de seletividade na Lava Jato, diz pesquisa

Publicado em 20/04/2018 12:00 -

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A maioria da população brasileira (57%) considera que o ex-presidente Lula, preso e condenado na Operação Lava Jato, é culpado dos crimes atribuídos a ele. Mas o país se divide em relação à prisão do petista. De acordo com pesquisa Ipsos divulgada na semana passada, 50% são favoráveis e 46% contrários à prisão do petista.

O levantamento revela que 95% dos entrevistados acham que as investigações da Lava Jato devem continuar após a prisão do ex-presidente. Mas há desconfiança grande sobre a imparcialidade da operação. Para 52% dos entrevistados, não é correto afirmar que “a Lava Jato está investigando todos os políticos”. Outros 41% estão de acordo com essa avaliação.

A percepção de que a Lava Jato está investigando todos os partidos atingiu o mínimo histórico da série de pesquisas Ipsos no fim de semana da prisão de Lula. Apenas 43% dos eleitores manifestaram concordância com a frase, e 47% disseram o contrário.

“É a primeira vez, em dois anos, que aparece como minoritária a parcela da população que compartilha da avaliação de que todos os partidos são investigados”, destaca a reportagem. Em abril de 2016, 66% da população via a Lava Jato como empenhada em investigar todas as legendas.

De acordo com a pesquisa, 73% acreditam que existe uma forte percepção de que “os poderosos querem tirar Lula da eleição”. Outros 23% discordam.

A maioria (55%) também concorda com a avaliação de que “a Lava Jato faz perseguição política contra Lula”. Outros 41% discordam. Os entrevistados também se dividem quando confrontados com a afirmação de que “a Lava Jato está mostrando que Lula é mais corrupto que os outros políticos”: 44% concordam e 51% discordam.

O Ipsos ouviu 1.200 pessoas entre os dias 7 e 9 de abril. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Segunda Instância

A maior parte dos brasileiros apoia a prisão de réus condenados em segunda instância, de acordo com pesquisa do Datafolha. Caiu, porém, o número de pessoas que acreditam que a corrupção irá diminuir no país com a Operação Lava Jato.

Pesquisa feita pelo instituto dos dias 11 a 13 deste mês mostra que 57% dos entrevistados consideram justo que um acusado seja detido após ter sua condenação confirmada em segundo grau, ainda que possa recorrer a instâncias superiores.

O tema voltou a gerar polêmica antes da prisão do ex-presidente Lula, no último dia 7. A defesa de Lula, que já foi julgado em segunda instância em janeiro, pediu um habeas corpus preventivo no Supremo Tribunal Federal (STF) argumentando que ele ainda poderia reverter sua condenação no caso do tríplex de Guarujá (SP) no Superior Tribunal de Justiça ou na própria corte suprema.

O STF rejeitou o pedido, mantendo entendimento estabelecido desde 2016 de que a prisão pode ocorrer já nessa fase. Um grupo de ministros do tribunal ainda tenta mudar esse critério.

Segundo o Datafolha, 36% dos entrevistados acreditam que é mais justo que uma pessoa vá para a prisão somente após seu processo passar por todas as instâncias judiciais possíveis. Não souberam responder 6%.

A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O Datafolha ouviu 4.194 pessoas em 227 municípios do país.

O apoio ao entendimento da prisão a condenados em segunda instância é maior nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Entre pessoas que declararam o PT como partido de preferência, a tese é vencida: chega a ser rejeitada por 57% dos eleitores do ex-presidente detido no Paraná .

O Datafolha também questionou os entrevistados sobre a corrupção no Brasil após a Lava Jato. Disseram que ela irá diminuir 37% dos entrevistados, ante 44% em levantamento feito em setembro do ano passado.

Para 51% a corrupção continuará na mesma proporção de sempre —eram 44% na pesquisa anterior. Para 10%, ela irá aumentar.

Eleitores que declaram o PSDB como partido de preferência são os que mais acreditam na influência da operação para diminuir a corrupção: 54% deles disseram concordar com essa afirmação.

Apoio à lava jato

A corrupção voltou a ser apontada pelos entrevistados como o principal problema do país —é citada por 21%. Em situação de empate técnico, a saúde foi apontada por 19% dos eleitores ouvidos —em novembro do ano passado era o primeiro item na lista.

O Datafolha também perguntou aos entrevistados se a Operação Lava Jato já cumpriu o seu objetivo e deve acabar ou se ela deve continuar.

Entendem que a operação deve continuar 84%, enquanto 12% consideram que ela deve ser encerrada. Não souberam responder 4%.

O apoio à investigação se mantém alto entre eleitores de Lula, com índice de 77%.

Em outro item, o instituto informou aos entrevistados que mais de cem políticos foram citados em delações premiadas e perguntou quantos deles serão presos. Disseram que a maioria não será detida 68%, uma queda de quatro pontos percentuais em relação ao levantamento feito um ano atrás.

Afirmam que a maioria será presa 16%, e 11% acreditam que todos serão detidos.


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