28/03/2024 - Edição 540

Poder

Bolsonaro é denunciado pela PGR por racismo

Publicado em 19/04/2018 12:00 -

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) os deputados federais Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) pelos crimes de racismo e ameaça. Se condenados, os Bolsonaro podem cumprir penas entre seis e dez meses de detenção por ameaça e um a três anos de prisão por racismo. A PGR também pede o pagamento de multa estipulada em R$ 400 mil por danos morais coletivos.

Pré-candidato do PSL à sucessão de Michel Temer (MDB-SP), Jair Bolsonaro é acusado de racismo contra quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs. Em abril do ano passado, durante uma palestra no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, o deputado fluminense usou expressões de cunho discriminatório, incitando o ódio e atingindo diretamente vários grupos sociais em pouco mais de uma hora de palestra.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirma na denúncia que a conduta de Bolsonaro é “ilícita, inaceitável e severamente reprovável”, além de desrespeitar os direitos constitucionais dos grupos atingidos e da sociedade como todo.

Em declaração machista durante a mesma palestra, o deputado afirmou: “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”. Ele, em seguida, apontou seu discurso para os índios, culpando-os pela não construção de três hidrelétricas em Roraima, além de criticar as demarcações de terras indígenas.

Os ataques prosseguiram, mirando também os quilombolas. Bolsonaro afirmou que as comunidades tradicionais “não fazem nada” e “nem para procriador eles servem mais”. Para Raquel Dodge está evidenciado que Jair Bolsonaro praticou, induziu e incitou discriminação e preconceito contra comunidades quilombolas, inclusive comparando-as com animais.

Leia a íntegra da denúncia contra Jair Bolsonaro

Durante a mesma palestra, o deputado também incitou a discriminação com relação aos estrangeiros (xenofobia), estimulou comportamentos xenofóbicos e discriminação contra imigrantes – o que é vedado pela Constituição e pela lei penal. A denúncia reúne ainda outros discursos de Jair Bolsonaro contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros.

Cú da mãe…

Um dos filhos de Bolsonaro, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSC-RJ), abespinhou-se com a procuradora-geral da República. Sem mencionar o nome de Dodge, o personagem explodiu no Twitter. Utilizou palavras de calão rasteiro.

''Racista é o cu da sua mãe, militante esquerdista nojento. Jair Bolsonaro foi forjado no quartel, lugar de gente decente, humilde, trabalhadora e cheio de negão!”, anotou o deputado.

No perfil da conta do Twitter em que fez a suposta defesa do pai, Flávio Bolsonaro injetou um ‘Negão’ entre o seu nome e o sobrenome. Ele se define nas redes sociais como reacionário. “Reajo a tudo que não presta, como a esquerda, por exemplo.” Tomado pela reação à denúncia da Procuradoria, o deputado converteu-se numa prova de que quem sai aos seus não endireita.


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