19/03/2024 - Edição 540

Comportamento

Querofobia: saiba o que é o medo de ser feliz e como superá-lo

Publicado em 11/04/2018 12:00 -

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Parece até esquisito dizer, mas existem pessoas no mundo que têm medo de sentir prazer e têm aversão de ser felizes, condições que a psiquiatria convencionou chamar de hedonofobia e querofobia, respectivamente.

Apesar de terem um nome, essas duas fobias ainda são pouco descritas e comentadas pela literatura científica vigente. Ainda assim, são recorrentes na vida de muitas pessoas.

“Tem-se falado muito sobre a busca pela felicidade recentemente. Pode até parecer estranho ouvir que alguém tenha medo de sentir uma emoção positiva. Porém, se isso está relacionado à uma felicidade seguida de punição durante a infância, pode ser mais comum do que imaginamos”, escreve psiquiatra Carrie Barron, diretora do Creativity for Resilience Program, da escola de pós-graduação da Universidade do Texas, no EUA.

Segundo a especialista, esse “medo” de ser feliz ou de sentir prazer não é algo que é explicitado verbalmente pelos indivíduos que sofrem desses fobias. Muitas vezes, até eles próprios não têm consciência que reagem dessa forma para com a vida.

Os indícios de hedonofobia e querofobia que costumam ser visíveis e se manifestar a partir de conflitos com pessoas queridas ou por meio de sentimentos viscerais – como uma repentina necessidade de escapar ou uma ansiedade incomum, dores de estômago, dores de cabeça e sensações ruins seguidas de um acontecimento positivo.

Essas intolerâncias também podem se manifestar em estilos de vida ascéticos.

“Como a saúde da vida envolve um equilíbrio entre ‘princípio da realidade’ e ‘princípio do prazer’, alguns caprichos são necessários para se atingir o bem-estar”, afirma Barron. “Costumamos pensar que indivíduos que são muito difíceis consigo mesmos sofrem com um superego severo ou com uma consciência muito forte. Porém, pode ser que esse não seja o problema real. Se você é avesso ao prazer, a explicação pode estar ligada a algo no seu passado, a uma ira, punição, humilhação ou roubo – você conseguiu algo, mas teve tirado de si – e isso destruiu o seu júbilo. E agora você tem medo de sentir prazer de novo porque a brutalidade deve chegar em seguida”, completa a especialista.

Ou seja, em termos gerais, os indivíduos fóbicos de prazer e de felicidade normalmente enfrentaram alguma situação ruim logo após terem experimentado algum acontecimento positivo. Assim, associaram sensações positivas a momentos negativos, criando um trauma. Muitas das vezes, esses episódios acontecem durante a infância e são situações que as crianças não conseguem assimilar.

Destruir esse padrão é algo que é trabalhado em sessões de terapia. Conforme Barron exemplifica, o especialista serve para ajudar o paciente a “enterrar o passado e trabalhar no presente para construir um futuro melhor”.

Segundo a psiquiatra, para tratar da hedonofobia e da querofobia, a psicoterapia orientada e a terapia cognitiva comportamental seguem os dez passos a seguir:

1. Identificar como o problema começou.
2. Conversar sobre a situação com alguém.
3. Identificar os prazeres que você evita sentir.
4. Colocar-se dentro da zona de desconforto.
5. Tolerar a ansiedade que vier em seguida.
6. Afirmar a si mesmo que o ‘apropriado’ a ser feito é ser feliz agora.
7. Repetir o mantra acima até ele ser assimilado. 
8. Reconhecer que aqueles que valorizam seus prazeres tendem a ser mais produtivos
9. Estar ciente de que “tempo perdido” é algo que acontece quando integramos e cimentamos informações importantes ou fabricamos ideias criativas (caso você ainda precisa de alguma justificativa…).
10.  Aceitar que experiências espontâneas fazem bem à saúde (é o que a ciência diz!).


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