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Estou pronto para ser preso, diz Lula em livro

Publicado em 16/03/2018 12:00 -

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Às vésperas do julgamento dos recursos contra sua condenação em segunda instância na Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) afirma, em livro, que está preparado para sua possível prisão, mas que pretende “brigar” nos tribunais superiores para provar sua inocência.

“Eu estou pronto para ser preso”, declara Lula no livro “A Verdade Vencerá: O Povo Sabe Por Que Me Condenam” (ed. Boitempo), que foi lançado nesta sexta (16) em São Paulo. “Eu não vou sair do Brasil, eu não vou me esconder em embaixada, eu não vou fugir. Vou estar na minha casa, chegando em casa entre oito e nove horas da noite, indo dormir às dez horas, acordando às cinco da manhã para fazer ginástica”, diz.

Com 216 páginas, a obra reúne artigos e uma entrevista com o petista, realizada em fevereiro deste ano em três encontros pelos jornalistas Juca Kfouri e Maria Inês Nassif, pelo professor de relações internacionais Gilberto Maringoni (que concorreu ao governo de São Paulo em 2014 pelo PSOL) e pela editora Ivana Jinkings, diretora da Boitempo e organizadora do livro.

Na entrevista, o petista afirma que descarta a possibilidade de se exilar por acreditar que terá mais força para reverter sua condenação se continuar no país. “Vou fazer a sociedade brasileira discutir os meus processos aqui dentro”, afirma. “Eu conheço companheiros que ficaram quinze anos exilados e não tiveram voz aqui dentro, no Brasil.”

“Se eu tivesse cometido um erro, se eu tivesse cometido um crime, de todos esses de que eu estou sendo acusado, talvez eu fizesse isso. Como tenho plena consciência da minha inocência, eles vão pagar o preço”, afirma, em referência aos investigadores da Lava Jato, a quem acusa de perseguição.

“O preço que vai ser pago historicamente é a mentira contada agora. Eu sei que é difícil eles [juízes e procuradores] aceitarem que um metalúrgico torneiro mecânico diga que eles estão mentindo. Mas eles estão mentindo.”

O escritor Luis Fernando Verissimo assina o prólogo do livro. O prefácio é escrito pelo cientista político Luis Felipe Miguel, recentemente alvo de polêmica por ter criado uma disciplina na UnB que trata o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como “golpe de 2016”.

Em janeiro, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), responsável pelos casos da Lava Jato em segunda instância, confirmou a condenação do ex-presidente por corrupção e lavagem de dinheiro no caso que investiga a cessão e reforma de um apartamento tríplex em Guarujá (SP). A pena foi fixada em 12 anos e um mês de prisão —maior do que a estabelecida na instância inferior pelo juiz Sergio Moro.

Ainda neste mês, o tribunal pode julgar os recursos apresentados pela defesa do petista. Entendimento atual do Supremo Tribunal Federal (STF) permite a execução da pena de prisão após encerrado o processo na segunda instância.

STF

A presidente do STF, ministra Carmen Lúcia, disse no último dia 13 que não vai aceitar pressão para colocar em votação na corte a questão da prisão em segunda instância, que interessa à defesa do ex-presidente Lula.

Ao ser questionada sobre como lidava com o lobby para revisar a previsão de prisão a partir de decisão da segunda instância, Carmen Lúcia respondeu: “Eu não lido. Eu não me submeto a pressão”.

Um dos integrantes da defesa do ex-presidente Lula, o ex-ministro do Supremo Sepúlveda Pertence, visitou ministros do Supremo para que a corte colocasse em votação a medida que altera a decisão de prender a partir de decisão de segunda instância.

Lula pode ser preso a partir da decisão do TRF-4, o que pode ocorrer a partir do final deste mês ou em abril.


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