20/04/2024 - Edição 540

Poder

A pedido de Ciro, manifesto de esquerda não cita candidatura de Lula

Publicado em 23/02/2018 12:00 -

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Cinco partidos de centro-esquerda lançam na tarde do último dia 20, por intermédio de suas fundações, o manifesto "Unidade para Reconstruir o Brasil". Assinado pelas fundações vinculadas ao PT, PDT, PSB, PSOL e PC do B, o documento aponta diretrizes para um novo projeto nacional de desenvolvimento e discorre sobre as tarefas imediatas referentes à luta para um novo ciclo político no país. “Apesar das adversidades, o Brasil tem plenas condições de superar a crise que assola o país”, traz o manifesto assinado pelos presidentes das fundações.

O manifesto tem o objetivo de empreender amplo diálogo no campo progressista independente das táticas eleitorais de cada uma das legendas da esquerda brasileira. Trata-se de um trabalho coletivo que pretende ter continuidade com a interação e a contribuição de outras fundações do campo democrático e de lideranças dos movimentos sociais, do empresariado e da intelectualidade.

O documento não defende, explicitamente, o direito de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A exclusão da expressão “eleição sem Lula é fraude” —hoje um mantra petista— aconteceu a pedido do ex-ministro Ciro Gomes, que pretende concorrer à Presidência pelo PDT.

Segundo seu próprio relato, Ciro avisou aos petistas que o PDT não endossaria um documento que deslegitima a eleição da qual pretende participar. Ex-ministro de Lula, Ciro pediu também que o combate à corrupção e mudanças nas diretrizes econômicas estivessem expressos no manifesto.

Entre as tarefas imediatas, o texto prega a "garantia da realização das eleições de 2018, com pleno respeito à soberania popular; e não a proposta casuística do parlamentarismo e do semipresidencialismo".

O manifesto também não cita, textualmente, o direito de Lula concorrer à Presidência.

O nome do ex-presidente aparece uma única vez, quando se diz que estão sendo eliminadas ou mitigadas conquistas de natureza patriótica alcançadas nos governos Getúlio Vargas e João Goulart, "bem como o acervo de realizações do ciclo progressista de 2003-2016, dos governos Lula e Dilma".

Aliança

Já na apresentação do manifesto, as fundações signatárias fazem questão de frisar que essa não é a consolidação de uma aliança eleitoral entre os partidos aos quais estão vinculadas. Essa também foi uma condição imposta por Ciro.

"Independentemente das estratégias e táticas eleitorais do conjunto das legendas progressistas, uma base programática convergente pode facilitar o diálogo que construa a união de amplas forças políticas, sociais, econômicas e cultural”, diz o texto.

Ciro admitiu dificuldade de consolidação de uma aliança com o PT no primeiro turno das eleições. O pedetista afirmou que a assinatura pode levar a um acordo eleitoral, mas duvidou que os petistas venham a integrá-la.

Elencando PSB e PC do B como aliados preferenciais, Ciro disse discordar da estratégia adotada pelo PT de “judicialização” da disputa. Questionado se sua relutância não inviabilizaria um acordo futuro com petistas, Ciro listou eleições em que apoiou Lula e perguntou: "Eu só presto para isso? O PT tem que fazer autocrítica". 

Ciro se valeu da metáfora do escorpião —em que o aracnídeo pica o sapo sobre o qual atravessavam um rio—  para explicar por que duvida de uma aliança com o PT. 

O ex-ministro disse também que  Lula  merece ser absolvido. Mas “lá atrás ele já deveria ter entendido que o papel dele não é estressar essa divisão do país entre ódios e paixões”. 


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