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Artigo da Semana

Um ET ou um cidadão lutando por democracia?

Publicado em 14/05/2014 12:00 -

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Desde 2007, quando, por rumos de minha vida empresarial, fui obrigado a litigar e enfrentar os interesses de pessoas muito mais capitalizadas e poderosas, acabei iniciando uma carreira ímpar como denunciante de esquemas de corrupção.

Jamais, no início, achei que minhas representações fossem gerar algum resultado prático. O objetivo era somente dificultar a “a venda de tais serviços” por autoridades públicas contra mim ou, ao menos, deixá-los bem mais caros.

É evidente que 98% das representações, por mais que todas sempre estivessem lastreadas no melhor direito e em provas fortes, foram arquivadas, pois esta é a ‘cultura latina’.

Todavia, algumas acabaram dando resultado e isto foi me animando a construir o hábito de subscrever representações.

No início, não nego, na primeira representação, demorei quase um mês para ter coragem de assiná-la e protocolá-la.

Hoje, inicio e acabo uma representação em minutos, as assinando e protocolando sem qualquer tipo de cerimônia!

Eu gostaria de ser autor de mais ações populares, mas, ao contrário de uma representação, uma ação popular não concerne somente em uma petição inicial, mas no trabalho de acompanhar todo um processo, com toda a sua instrução, o que acaba consumindo muito tempo, o que não tenho muito.

Mas tenho certeza que ainda serei autor de dezenas de ações populares, pois ainda me estruturarei para ajuizar várias. Na realidade, cada vez mais, acredito na força do Poder Judiciário e na capacidade de mudar o Brasil pela Justiça.

Na realidade, cada vez mais, acredito na força do Poder Judiciário e na capacidade de mudar o Brasil pela Justiça.

Há muitos Juízes vocacionados e competentes, mas, para que ajudem a mudar o Brasil, precisamos provocá-los. O Juiz é inerte por força da lei e somente com o ajuizamento de ações populares que poderão ajudar a mudar o nosso Brasil.

Mas ainda me sinto um “ET”.

Quando conto para alguém meu currículo de representações e ações populares, na maioria das vezes, parece que a pessoa está falando com um ET e isto me afasta de muitas pessoas.

Ora, o que há de errado em entrar com uma ação popular para quebrar o sigilo da conta bancária de uma Assembleia Legislativa Estadual depois da denúncia de um mensalão?

O que há de errado em representar um Desembargador que não sabe explicar como ganhou R$ 33,2 milhões em cinco anos?

A resposta está na cultura, na tradição de uma população (mais, de uma elite!) que acostumou a ver roubalheira e que acredita que louco e errado é quem quer fazer algo contra.

Louco ou não. ET ou não. Eu penso que isto é cidadania!

Eduardo Bottura – Empresário, engenheiro, técnico contábil e em transações imobiliárias e especialista em direito tributário, penal, processual penal e processual civil.


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