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Merkel estende negociações para formar governo até tarde de domingo

Publicado em 17/11/2017 12:00 -

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Após uma madrugada de negociações, a chanceler alemã, Angela Merkel, estendeu na sexta-feira (17) até a tarde de domingo (19) o prazo para dar início às negociações formais de uma nova coalizão de governo.

O prazo inicial havia sido a última quinta-feira (15), mas divergências entre os quatro partidos negociadores impediram um consenso. Agora, Merkel, como líder do partido principal, a União Democrata-Cristã (CDU), tenta a tacada final.

Ela conduz, há quase quatro semanas, conversas preliminares com a legenda-irmã bávara CSU, Verdes e os liberais do FDP, sem conseguir superar impasses em questões como a política migratória, a política europeia e a política climática.

Caso não chegue a um acordo, ela tem duas opções: tentar formar uma coalizão com seu antigo parceiro, o Partido Social-Democrata. No entanto, após as eleições de 24 de setembro, o partido anunciou que passaria à oposição e não parece querer mudar de posição.

A outra opção – inédita na Alemanha do pós-Guerra –, é dissolver o Parlamento e convocar novas eleições em dois meses.

"Entro nessas negociações com a intenção, apesar de todas as dificuldades, de levar adiante a tarefa nos dada pelos eleitores de formar uma coalizão", disse Merkel nesta sexta ao chegar para mais uma rodada de conversas. "Vai ser duro, mas vale a pena ir ao segundo round."

Volker Kauder, líder do bloco parlamentar da CDU, afirmou que o partido está disposto a atender demandas dos Verdes na questão climática para garantir avanços.

"Sinto uma prontidão de todos os lados e todo mundo tem de fazer concessões", afirmou. "As conversas exploratórias têm de terminar neste domingo."

O FDP não parecia tão otimista. Seu více-líder, Wolfgang Kubicki, disse à TV ARD que os partidos ainda estavam "tão distantes nos assuntos cruciais como imigração, clima, finanças e segurança doméstica, que não consigo nem imaginar como podemos nos reunir no pouco tempo disponível".

Verdes

Um dos pontos que estão causando desacordo nas negociações para formação de uma coalizão no novo governo alemão é a demanda por parte do partido Verdes de que a Alemanha retire de seu território todas as ogivas nucleares estacionadas no país, segundo documento exploratório vazado por jornais alemães.

Isso incluiria as cerca de 20 ogivas nucleares mantidas pelos EUA na base aérea de Büchel, no oeste da Alemanha, segundo estimativas extraoficiais.

Nem EUA nem a Alemanha falam abertamente sobre a presença das armas americanas, herança da Guerra Fria, em território alemão.

A demanda, que consta do documento sobre defesa e política externa, não cita os EUA diretamente.

Os Verdes deixam claro que nem o FDP (liberais), nem a União Democrata Cristã (CDU, da chanceler Angela Merkel) nem a CSU (legenda-irmã da CDU na Baviera) são favoráveis à posição.

Membro da Otan (aliança militar ocidental), a Alemanha não é uma potência nuclear. Em 2011, após o desastre de Fukushima, o governo Merkel anunciou planos para fechar todos os reatores nucleares do país até 2022.

"No âmbito da Otan, queremos assegurar que as armas nucleares remanescentes na Alemanha sejam retiradas e queremos suspender o programa de modernização", diz a seção com a posição dos Verdes.

Os partidos estão de acordo, porém, com o lançamento de uma ofensiva diplomática em favor do desarmamento nuclear.

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IMPASSE ALEMÃO
Principais obstáculos para a coalizão 'Jamaica'

Imigração
Os Verdes defendem a reunião familiar e se opõem à cota de 200 mil refugiados/ano. São contra manter refugiados que aguardam definição de status em centros

Clima
Os Verdes querem fechar 20 usinas de carvão cortar 120 toneladas métricas de emissões de carbono. Os demais propõem 10 usinas e o corte de 66 toneladas de emissões

União Europeia
Merkel acata a proposta da França para apontar um ministro das Finanças do bloco, com poderes orçamentários.


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