19/04/2024 - Edição 540

True Colors

Comentários mostram a urgência da cura para a ignorância

Publicado em 26/10/2017 12:00 - Redação Galileu - Editada pela Redação Semana On

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No último dia 18, o juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho, do Distrito Federal, concedeu uma liminar que permite psicólogos conduzirem terapias de "reversão sexual" em gays e lésbicas. 

A decisão foi tomada depois que um grupo de psicólogos defensores do método assinaram uma ação popular. Na decisão, o juiz não afirma que a homossexualidade é uma doença, mas diz que a norma do Conselho Federal de Psicologia que determina a não patologização de "comportamentos ou práticas homoeróticas" fere princípios constitucionais. 

Para Carvalho, a norma não deve ser interpretada como um veto para que profissionais ofereçam a terapia. A decisão reacendeu a ideia da "cura gay", defendida em outros tempos por entidades religiosas.

A reação de parte dos nossos leitores mostrou como muitos conceitos sobre gênero e sexualidade ainda são pouco compreendidos pelos leitores. Para explicar melhor por que a decisão da Justiça é polêmica e deve ser melhor avaliada, separamos alguns dos comentários.

A sexualidade não é um vício, seja ela hétero ou homo. Desde 1990, a Organização Mundial da Saúde não considera a homossexualidade uma doença. E, desde 1999, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) proíbe tratamentos do tipo.

Além disso, segundo os representantes do CFP, "as terapias de reversão sexual não têm resolutividade, como apontam estudos feitos pelas comunidades científicas nacional e internacional, além de provocarem sequelas e agravos ao sofrimento psíquico".

A questão é: se a homossexualidade não é doença, por que alguém precisaria procurar tratamento, quando na verdade deveria procurar compreender melhor sua sexualidade? O Brasil é o país que mais mata LGBTs no mundo. Ter esse tipo de tratamento à disposição é ignorar o preconceito e reforçar a ideia de que a homossexualidade é uma patologia.

"O CFP lembrou, ainda, os impactos positivos que a Resolução 01/99 [que proíbe terapias de conversão sexual] produz no enfrentamento aos preconceitos e na proteção dos direitos da população LGBT no contexto social brasileiro, que apresenta altos índices de violência e mortes por LGBTfobia."

A única coisa que nós enaltecemos é nossa diva Gretchen, uma vez que o termo "homossexualismo" é considerado ofensivo por fazer relação com doenças, como afirma a Secretaria de Comunicação Social do Senado Federal. Vale lembrar que o termo "opção sexual" também é incorreto, já que, assim como ser heterossexual, ninguém escolhe ser homossexual. Os termos corretos são "homossexualidade" e "orientação sexual".

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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