29/03/2024 - Edição 540

Mato Grosso do Sul

Governo anuncia retomada dos abates da JBS e manutenção de investimentos

Publicado em 21/10/2017 12:00 -

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O grupo JBS retoma os abates nos sete frigoríficos instalados em Mato Grosso do Sul a partir da próxima terça-feira (24) e vai manter os investimentos em andamento no Estado. A garantia foi dada pelo presidente da Divisão de Carnes Brasil da empresa, Renato Costa, durante reunião na Governadoria convocada pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e que foi realizada no final da tarde de sexta-feira (20). A empresa abate em média 6 mil bovinos por dia no Estado.

Na reunião ficou acertado que na segunda-feira as assessorias jurídicas da JBS, da Assembleia Legislativa e do Governo do Estado apresentarão ao juiz que determinou o bloqueio das contas da JBS, a minuta de um acordo em que a empresa se compromete a oferecer bens em garantia para ressarcir o Estado pela dívida acumulada, para que possa ter as contas desbloqueadas. O grupo assumiu o compromisso também de manter as atividades normais e o emprego dos cerca de 15 mil funcionários que atuam em Mato Grosso do Sul.

Renato Costa agradeceu o empenho do governador Reinaldo Azambuja em promover a reunião para que fosse encontrada uma solução que pudesse trazer a tranquilidade ao mercado e à empresa. “Conversando chegamos a um bom termo, para que todos possamos trabalhar num ambiente bom para todos”, afirmou o executivo. Ele explicou que a retomada dos abates terá início na terça-feira por questões operacionais, pois na segunda-feira mesmo já estarão sendo feitos os embarques dos bovinos para os sete frigoríficos da JBS no Estado.

Ao ser questionado pelo deputado Pedro Kemp, integrante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada pela Assembleia Legislativa para apurar a atuação da empresa em Mato Grosso do Sul, sobre os planos da JBS para o futuro no Estado, Renato Costa afirmou: “Mato Grosso do Sul é estratégico para a JBS, pois aqui temos oferta e carne bovina de qualidade. E aqui em Campo Grande, na saída para Sidrolândia, está a planta mais moderna da JBS no mundo”.

O governador Reinaldo Azambuja destacou, durante a reunião, que as conversas mantidas com a JBS foram de Governo do Estado com a empresa, independentemente das questões relacionadas a holding J&F, uma das donas da JBS. “A nossa preocupação foi em garantir as atividades da empresa e principalmente manter o emprego dos trabalhadores, para que a gente pudesse dar tranquilidade a essas pessoas que estavam vivendo o medo de perderem o emprego”, comentou.

Reinaldo Azambuja destacou que a decisão anunciada por Renato Costa não se restringe ao setor frigorífico. “A JBS anunciou a manutenção de todas as atividades em Mato Grosso do Sul, a continuidade dos abates, do trabalho da Seara, da Eldorado”, disse o governador. Durante a reunião, o presidente da Divisão de Carnes Brasil da JBS disse que entre os investimentos que serão mantidos, está a ampliação da planta da empresa na saída para Sidrolândia, onda está sendo construído um prédio que abrigará o setor onde serão fabricados produtos fármacos, tendo como matéria-prima subprodutos bovinos, como sangue.

“Quero agradecer o governador Reinaldo Azambuja e a Assembleia Legislativa, porque vocês estão dando um fim de semana tranquilo para as famílias de trabalhadores da JBS, que até ontem estavam vivendo extremamente preocupadas”, afirmou durante a reunião Vilson Gimenez, presidente da Federação dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação no Estado.

O presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), Maurício Saito, também destacou a tranquilidade que o acordo traz para os produtores. “Isso vai ser importante para os produtores, principalmente nesse momento em que enfrentamos uma crise no País”, afirmou.

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Júnior Mochi, também falou da importância de se chegar a um consenso, numa negociação em que ele teve que intervir a pedido da própria CPI. “A nossa participação foi para pôr um fim ao tensionamento que essa situação estava provocando”. Para ele, com o acordo a CPI concluiu o seu papel e terá os trabalhos encerrados na próxima semana.

Também participaram da reunião o diretor Executivo da Divisão de Carnes Brasil da JBS, Marcelo Estevam, o assessor jurídico da empresa, Fábio Chilo, o presidente da CPI da JBS, deputado Paulo Corrêa, o chefe de Gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça, Alexandre Magno Lacerda, os secretários estaduais Eduardo Riedel (Governo e Gestão Estratégica), Jaime Verruck (Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Márcio Monteiro (Fazenda), o assessor jurídico da Assembleia Legislativa, Luiz Henrique Volpe Camargo, Rodrigo Machado, assessor do deputado Paulo Corrêa, presidente da CPI da Assembleia.

Bloqueio

A decisão da JBS de suspender compra e abate nas sete unidades de carne bovina de Mato Grosso do Sul assustou o mercado. Funcionários das unidades da empresa também ficaram apreensivos e se mobilizaram por temor de demissões e atraso nos salários.

A crise surgiu a partir do pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Irregularidades Fiscais e Tributárias de Mato Grosso do Sul, da Assembleia Legislativa à Justiça, que determinou dois bloqueios de recursos da empresa: um de R$ 115,9 milhões e outro de R$ 614,7 milhões, totalizando R$ 730 milhões.

Os bloqueios foram pedidos pela CPI porque a empresa não cumpriu os compromissos assumidos nos Termos de Ajustes de Regimento Especial (Tare), para o recebimento de incentivos fiscais do Governo do Estado.

Na reunião de sexta ficou acertado que as assessorias jurídicas da JBS, da Assembleia Legislativa e do governo apresentarão ao juiz que determinou o bloqueio das contas da JBS a minuta de um acordo em que a empresa se compromete a oferecer bens em garantia para ressarcir o estado pela dívida acumulada, para que possa ter as contas desbloqueadas.

Segundo o governador Reinaldo Azambuja, o governo do estado vai calcular exatamente o valor que a JBS deve aos cofres estaduais, para que seja pago mais para frente. “Manutenção da atividade, manutenção dos empregos, manutenção da empresa funcionando no Mato Grosso do Sul sem nenhum prejuízo daquilo que foi apurado e que está sendo discutido pela empresa e Secretaria de Fazenda que vai ser com certeza no momento oportuno ressarcido aos cofres estaduais e que tem também a discussão com o grupo J&F.”


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