26/04/2024 - Edição 540

Ecologia

Renault Kwid tenta resgatar conceito de carro popular

Publicado em 29/08/2017 12:00 -

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Depois de uma longa "maturação" para o mercado brasileiro, o Renault Kwid chega finalmente às concessionárias desafiando os modelos mais populares, com um desejado visual de utilitário esportivo e soluções de baixo custo para resgatar o conceito de carro "popular".

Antes mesmo de aparecer nas lojas, ele conquistou alguns milhares de consumidores na pré-venda, atraídos pelo preço inicial de R$ 29.990 (valor da versão básica, sem ar ou direção hidráulica) e pela exigência de um singelo "sinal" de R$ 1.000 para reservar o veículo.

Com estas e outras artimanhas, o Kwid tenta repetir o sucesso do Clio. Mas, em quase duas décadas, o mercado brasileiro evoluiu e o consumidor ficou mais exigente. Os campeões de venda atuais, Chevrolet Onix e Hyundai HB20, por exemplo, possuem ar e direção assistida de série.

Veja o que o Kwid tem (e não tem) para brigar com os concorrentes Chery QQ e Fiat Mobi, que também figuram entre os mais "baratos".

Preços e versões do Kwid

Life: R$ 29.990

Não tem ar-condicionado nem direção assistida, mas vem com 4 airbags (2 a mais que os obrigatórios) e sistema Isofix para fixação de cadeirinhas (que será exigido por lei em 2022).

Inclui: rodas 14 polegadas, 2 airbags laterais, 2 airbags frontais, 2 posições com Isofix no banco de trás, predisposição para rádio, indicador de troca de marcha, alerta de cinto de segurança do motorista, desembaçador traseiro, retrovisores e vidros manuais.

Zen: R$ 34.990

Itens da Life, mais: direção elétrica, ar-condicionado, travas e vidros dianteiros elétricos, alerta sonoro de faróis acesos, limpador do vidro traseiro, retrovisor com função dia/noite e revestimento interno no porta-malas. Precisa pagar mais R$ 400 para ter rádio com Bluetooth, entradas USB e AUX.

Intense: R$ 39.990

Itens de Life e Zen, mais: retrovisores elétricos, faróis de neblina, computador de bordo, sistema multimídia com tela sensível ao toque e câmera de ré, apoio de cabeça traseiro central, abertura elétrica do porta-malas e chave-canivete, além de diferentes detalhes de acabamento externo e interno.

Popular desde o berço

Diferentemente de rivais que ficam "pelados" para ter preço acessível, o Kwid foi concebido como carro de baixo custo desde a prancheta. A base é a plataforma (CMF-A), compartilhada com a Nissan e a Datsun, que tirou dela o Redi Go, que custa a partir de R$ 11,8 mil na Índia.

E quando ele diz "parafuso", pode ser no sentido figurado ou literal. Realmente, o Kwid não tem nenhum luxo ou detalhe que não seja funcional ou necessário por lei. As rodas, por exemplo, são fixadas com 3 parafusos em vez de 4, como é usual.

Refeito para o Brasil

O Kwid foi lançado primeiro na Índia, onde "zerou" em alguns testes de colisão, até conseguir 1 única estrela na 4ª tentativa. No entanto, ele se parece com a versão brasileira apenas por fora.

O carro feito em São José dos Pinhais (PR) foi praticamente recriado pelo time de engenharia da Renault no Brasil, começando pelo reforço da estrutura, que tem 30% de aço de alta resistência.

Cerca de 80% das peças são específicas da versão brasileira, e até mesmo o pacote de equipamentos mais básico é superior ao seu duplo indiano.

Com todas as mudanças, ele ficou cerca de 100 kg mais pesado, com 780 kg na versão básica e 796 kg na mais completa – ainda bem mais "magrinho" que o Volkswagen Up! e o Fiat Mobi.

Igualdade em segurança

O Kwid não cobra preço alto pela segurança a bordo. Todas as versões sairão de fábrica com 4 airbags (2 frontais obrigatórios e 2 laterais), além de 2 posições Isofix para cadeirinhas de crianças.

O modelo brasileiro ainda não foi avaliado pelo Latin NCap, que organiza os testes de colisão na região. Se for, já é possível dizer que não receberá nota máxima, porque não possui controle de estabilidade.

O "crash test" será um dos desafios do Kwid para se firmar como uma opção mais segura que o Onix, que "zerou" na avaliação feita em maio deste ano, e que o Mobi, avaliado nesta semana com 1 estrela só.

Sem assistência na direção, vidros elétricos, ar-condicionado, limpador traseiro, conta-giros e revestimento no porta-malas, a versão de partida, Life, de R$ 29.990, é mais indicada para adeptos do "cross fit" automotivo.

Por outro lado, todas as versões têm rodas de aço 14 polegadas com calotas, freios com discos sólidos na dianteira e tambores na traseira.

Nos próximos meses, o Kwid ganhará mais opções. Em outubro, será possível incluir ar-condicionado e direção elétrica na versão de entrada, e a Intense passará a cobrar mais pelo Pack Connect, que inclui a central multimídia.

Peso x Potência

Aqui não tem pra onde fugir: só há um tipo de motor, 1.0 de 3 cilindros, 12 válvulas (nenhuma variável) e bloco de alumínio. Com 66/70 cv (gasolina/etanol), ele é, atualmente, o mais fraco do segmento, mas isto não compromete o desempenho.

Em uma breve experiência em São Paulo, foi possível perceber que o propulsor é suficiente para o compacto, mesmo sendo mais simples que os usados no Sandero e no Logan.

Simplificando muito, quanto menor a relação entre peso e potência, cada cavalo fica menos "carregado" e, por isto, anda melhor.

Leveza = economia

Outra consequência do peso reduzido do Kwid é a eficiência no uso do combustível, mesmo com pouca tecnologia de ponta no motor. No entanto, o tanque reduzido de 38 litros ainda fará o motorista visitar o posto tanto quanto qualquer outro.

Visual de SUV

Não é novidade que os utilitários esportivos são os modelos mais desejados atualmente. E a Renault tenta aproveitar o momento com o slogan "o SUV dos compactos", para atingir famílias e jovens urbanos de classe média. Mas ele é um SUV?

De acordo com a polêmica classificação do Inmetro, um utilitário esportivo compacto deve ter ângulo de entrada de pelo menos 23º, ângulo de saída de 20º e pelo menos 20 cm de altura livre do solo (com tolerância de 0,2 cm).

A favor do compacto da Renault contam uma posição levemente elevada de dirigir, espaço interno e porta-malas relativamente maior que os rivais, mas boa sorte se precisar sair da lama com ele.


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