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A conexão brasileira que levou o ex-presidente do Peru Ollanta Humala e sua mulher à prisão

Publicado em 14/07/2017 12:00 -

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A Justiça peruana decretou na quinta-feira (13) a prisão preventiva, por 18 meses, do ex-presidente do país Ollanta Humala, e sua mulher, Nadine Heredia. Eles respondem por associação criminosa e lavagem de dinheiro envolvendo doações irregulares da construtora brasileira Odebrecht. O casal nega as acusações, mas se apresentou na noite desta quinta ao Palácio da Justiça de Lima, na capital do país.

A construtora teria doado ao casal US$ 3 milhões (R$ 9,6 milhões) para a campanha eleitoral de 2011, quando Humala assumiu a Presidência do Peru e na qual permaneceu até 2016.

A Promotoria também investiga doações de empresas venezuelanas à sua campanha de 2006, ano que Humala foi derrotado por Alan García.

O juiz Richard Concepción Carhuancho, que aceitou o pedido do procurador Germán Juárez Atoche, acredita que há provas de que o casal recebeu dinheiro do Brasil e da Venezuela para custear as campanhas presidenciais de 2006 e 2011. Carhuancho considerou a prisão preventiva "necessária" por existir risco de fuga e pedido de asilo pelos investigados.

Antes que a medida fosse anunciada, agentes de polícia se dirigiram à residência dos Humala, localizada em Surco, um distrito da capital peruana de Lima. E, minutos após a divulgação da Justiça, o casal deixou o local em direção ao escritório do juiz.

O Peru não é o único país onde há investigações envolvendo desdobramentos da Operação Lava Jato.

Delatores têm relevado esquemas de corrupção em países da Europa, África e Américas. Além do Peru, só na América Latina há casos em investigação no Chile, na Colômbia, na Argentina, na Venezuela, na República Dominicana, entre outros.

Humala falou sobre a prisão em sua conta no Twitter: "Esta é a confirmação do abuso do poder, que nós enfrentaremos, em defesa de nossos direitos e dos direitos de todos", escreveu.

Nadie Heredia também tuitou: "Obrigada a todos que não condenam antes do tempo e que acreditam na inocência até que se prove o contrário. Hoje elas não foram apresentadas".

"Apesar da arbitrariedade, estamos aqui, acreditamos que a decisão será revertida… Confiamos no nosso país!", acrescentou.

Seus advogados já afirmaram que vão recorrer da decisão da Justiça.

Toledo e Fujimori

Humala é o segundo ex-presidente peruano a ter uma ordem de prisão decretada por suposto envolvimento com atividades ilícitas relacionadas à Odebrecht.

Em abril, a Justiça determinou a prisão de Alejandro Toledo, que governou o país entre 2001 e 2006, por lavagem de dinheiro e recebimento de propina da empreiteira. Toledo hoje vive nos Estados Unidos, e o Peru pede sua extradição.

Humala também é o segundo ex-presidente a ser preso na história do país.

Alberto Fujimori, que governou o Peru entre 1990 e 2000, cumpre pena de 25 anos de prisão por corrupção e crimes contra a humanidade.

Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a Odebrecht teria pago ainda US$ 29 milhões (R$ 93 milhões) em propinas no Peru entre 2005 e 2014, período que compreende os governos de Alejandro Toledo, Alan García e Humala.


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