28/03/2024 - Edição 540

Viver Bem

Energético com álcool aumenta chance de acidentes, dizem cientistas

Publicado em 30/03/2017 12:00 -

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A popular combinação de bebidas alcoólicas com energéticos pode aumentar a possibilidade de acidentes e lesões, de acordo com uma pesquisa divulgada nesta semana no Canadá. Isso porque a cafeína contida em energéticos pode criar uma situação em que consumidores se sentem mais despertos e encorajados a beber mais álcool que o normal.

Segundo médicos envolvidos no estudo, a combinação também pode causar problemas para dormir e elevar a frequência cardíaca, ainda que eles argumentem que mais pesquisas são necessárias para comprovar essa relação.

No Reino Unido, uma das principais ONGs envolvidas com o alcoolismo, a Drink Aware, não recomenda o consumo de álcool com energéticos.

Mas a prática se tornou popular entre britânicos e em outros países do mundo. No Brasil, segundo estatísticas de consultorias, o mercado de energéticos teve crescimento médio de 27% nos últimos anos, impulsionado em boa parte pelo consumo na vida noturna.

A pesquisa canadense sugere que misturar energéticos com álcool pode ser mais perigoso do que beber apenas álcool ou uma combinação com sucos e refrigerantes, por exemplo –pois a combinação criaria um efeito "bêbado-ligado", em que tanto os efeitos estimulantes da cafeína como os retardadores do álcool se manifestariam.

Riscos

Em uma análise de 13 pesquisas publicadas entre 1981 e 2016, cientistas da Universidade de Victoria identificaram em dez delas correlação entre consumo de álcool e energéticos e aumento nos riscos de acidentes e brigas.

A correlação (ligação entre dois eventos) não implica necessariamente relação de causalidade, e pesquisadores disseram que ainda são necessários estudos mais amplos para avaliar potenciais danos à saúde.

Mas organismos oficiais em vários países, como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Brasil, não recomendam misturar energéticos e álcool.

Energéticos contêm altos índices de cafeína –normalmente cerca de 80 mg em uma latinha de 250 ml, o equivalente a uma caneca de café. Em comparação, uma lata de 330 ml de Coca-Cola contém 32 mg e uma de Coca-Cola Diet, 42 mg.

Bebidas energéticas também têm altos níveis de açúcar em sua fórmula.

Há ainda versões mais "turbinadas", em que uma garrafa de 60 ml pode conter até 160 mg de cafeína.

Problemas da mistura

Audra Roemer, uma das autoras do estudo, explica que há ainda uma questão comportamental.

"Normalmente, quando você está bebendo álcool, você fica cansado em algum ponto e vai para casa."

"Mas os energéticos mascaram isso, então os usuários podem subestimar o quão embriagados estão e beber mais álcool, o que pode levar a comportamentos mais arriscados."

Gavin Partington, diretor-geral da Associação Britânica de Bebidas Não Alcoólicas, aponta para um estudo da Esfa (agência europeia de segurança alimentar) que não encontrou evidências de que energéticos "exacerbem os efeitos adversos do álcool".

"Qualquer pessoa consumindo álcool deve fazê-lo em moderação, quer esteja misturando ou não a uma bebida energética", afirma.

Quanta cafeína é demais?

Altos níveis de cafeína podem resultar em ansiedade, ataques de pânico e elevação da pressão sanguínea.

De acordo com várias organizações, como a própria Esfa, o consumo diário de até 400 mg de cafeína pode ser considerado seguro para a maioria dos adultos saudáveis.

Para mulheres grávidas ou amamentando, a recomendação é não ultrapassar 200 mg por dia.

No caso de crianças e adolescentes, recomenda-se não permitir mais que 3 mg de cafeína por quilograma de peso.

E os limites para o álcool?

Os níveis recomendados variam amplamente de país para país, mas o consenso entre autoridades de saúde é combater a noção de que exista uma quantidade "saudável" de consumo de álcool.


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