24/04/2024 - Edição 540

Legislativo

Vamos estabelecer uma relação harmônica com a Prefeitura, sem deixar de fiscalizá-la

Publicado em 16/02/2017 12:00 -

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O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, vereador João Rocha (PSDB), tem uma difícil missão nesta legislatura: superar os quatro anos de conflito com a Prefeitura Municipal – durante a gestão Alcides Bernal (PP) – e cumprir a função da Casa de fiscalizar os atos do executivo. Em entrevista a revista digital Semana On, Rocha afirmou que a Casa pretende estabelecer uma relação cordial com o novo prefeito, Marquinhos Trad (PSD) se, no entanto, deixar de cumprir suas obrigações.

 

Qual é a perspectiva da retomada dos trabalhos da Câmara?

Inauguramos na quarta-feira (15) essa legislatura. Acreditamos que foi importante, logo na primeira sessão, uma demonstração de vontade politica dos poderes constituídos, tanto o Judiciário quanto o Legislativo e o Executivo, no sentido de estabelecermos o sentido harmônico entre os poderes. É nessa esteira que estamos trabalhando e acredito que será assim no decorrer de toda legislatura, para que nós possamos, em harmonia, entregar para a sociedade em forma de serviço, trabalho e resultados a confiança que foi depositado em cada um de nós nas urnas.

Viemos de uma fase conturbada entre o Legislativo e o Executivo, fase que marcou Campo Grande, e a preocupação agora é romper com esse processo e tentar uma aproximação que seja benéfica para a sociedade. Como tem sido os primeiros contatos com o Executivo Municipal?

Extremamente positivos. O prefeito Marquinhos, assim que foi eleito, nos procurou na Câmara e de imediato começamos a estabelecer os entendimentos no sentido de criarmos as ferramenta legais para que ele pudesse utilizá-las durante a sua administração, logo no início. E assim foi feito. Após a posse da nova composição desta Casa, e também do novo prefeito, esse relacionamento continuou bastante estreito. Eu acredito muito que nós vamos seguir os quatro anos desta mesma maneira, escrevendo um novo momento para a cidade, uma nova história. Nós pregamos esse entendimento, essa harmonia, para que, realmente, os poderes se falem e possam, cada um em sua área de atuação, desenvolver o melhor para a sociedade.

O que ficou de experiência do período conturbado dos últimos quatro anos?

Experiencia que a própria vida já nos ensina, que na discórdia, no desentendimento, não tem vencedor e quem acabou perdendo com isso foi a cidade. A cidade está num momento difícil e nós vamos ter que trabalhar juntos, com muito afinco, com muito empenho para tentar recuperar o tempo perdido, para tentar recuperar o estrago que ficou. Isso é uma realidade, é uma constatação. Penso que temos que ter a humildade de enxergar esse momento, todos tem que dar um passo atrás para que possamos dar vários passos para frente. A população está esperando isso. Eu acredito na dinâmica do Marquinhos, ele tem demonstrado isso nestes 60 dias de trabalho, a vontade politica de fazer, a vontade politica do entendimento. A Câmara estará de braços abertos, disposta a contribuir e a oferecer todas as ferramentas necessárias dentro do que é legal, regular, dentro do que se pode, para que ele faça o trabalho que a população está esperando.

Na discórdia, no desentendimento, não tem vencedor e quem acabou perdendo com isso foi a cidade. A cidade está num momento difícil e nós vamos ter que trabalhar juntos, com muito afinco, com muito empenho para tentar recuperar o tempo perdido, para tentar recuperar o estrago que ficou.

É obvio que a população espera exatamente essa parceria entre o Legislativo e o Executivo, especialmente diante de tudo o que aconteceu na cidade nos últimos anos. Por outro lado, uma oposição no Legislativo é salutar e nós percebemos que não há uma oposição nesse primeiro momento. É possível fazer uma oposição propositiva?

Essa Casa tem uma independência consolidada. Somos independentes, mas somos harmônicos e é assim que devem trabalhar os poderes. Eu não vejo esse espírito de oposição, sinto fortemente o espírito de posição. Os parlamentares têm uma posição enquanto suas obrigações, suas atribuições estabelecidas pelo regimento interno, pela lei orgânica, e é nessa esteira que nós todos vamos caminhar. Há um grupo de vereadores que foram eleitos alinhados ao prefeito Marquinhos Trad e outros vereadores que não. O próprio gesto da vice-governadora (Rose Modesto) e do governador (Reinaldo Azambuja), de imediatamente iniciar uma aproximação com o prefeito, e do próprio prefeito, de vir conversar com os vereadores que apoiaram a candidatura da Rose mostra que estamos desenvolvendo uma relação republicana. Isso é democracia. Temos a responsabilidade de fazer uma politica moderna, pesando no cidadão, sem retaliações, mas marcando posições no momento que for necessário.

O trauma da crise entre a Câmara e o ex-prefeito Alcides Bernal exige esta nova postura de conciliação. No entanto, esta ausência de oposição não pode prejudicar uma das missões da Câmara que é fiscalizar o Executivo?

De forma alguma. Nós somos regimentalistas, legalistas, sabemos e temos a obrigação de fazer cumprir o regimento desta Casa, onde está clara a atribuição do vereador. Nós estaremos nessa esteira, cumprindo integralmente com as nossas responsabilidades, fiscalizando, acompanhando, orientando porque é esse também o nosso papel. Não tenha dúvidas de que a independência vai ser mantida, com muita responsabilidade, cumprindo com todas as nossas atribuições, porque é o que a população espera. Quando a população vota no vereador, escolhe o seu representante para fazer exatamente este papel.

Recentemente o vereador André Salineiro (PSDB) afixou na porta do seu gabinete um cartaz explicando a função do vereador e aquilo que ele não deve fazer, como atendimentos paroquiais, etc…

Cabe a cada um de nós estarmos conscientizando a população do nosso papel. Isso aqui não é assistencialismo, vereador não é eleito para promover assistencialismo, ele é eleito para, legitimamente, representar a cada cidadão no sentido de propor leis que venha beneficiar a cidade, acompanhar e fiscalizar o trabalho do Executivo, apresentar indicações, pensar no coletivo. Creio que essa ação integrada dos vereadores, com essa postura, venha promover uma cultura politica junto aos eleitores, aos cidadãos que precisam, sim, frequentar essa Casa, visitar os gabinetes dos vereadores que eles escolheram, acompanhar as sessões e fazer as devidas cobranças e encaminhamentos. Não é só eleger o vereador e deixar ele lá no plenário. É necessário que a população esteja próxima, acompanhando. Acredito muito no amadurecimento político da população brasileira.

Cabe a cada um de nós conscientizar a população do nosso papel. Vereador não é eleito para promover assistencialismo, ele é eleito para representar cada cidadão no sentido de propor leis que beneficiem a cidade, acompanhar e fiscalizar o trabalho do Executivo, apresentar indicações, pensar no coletivo.

Quais mecanismos a Câmara vai desenvolver para se aproximar do cidadão?

Nós já estávamos desenvolvendo, desde o final do ano passado, algumas ações que precisamos implementar. A Câmara Comunitária, que é o deslocamento dos vereadores para os bairros, visitando os equipamentos públicos, não apenas no sentido de fiscalizar, denunciar, mas de acompanhar e valorizar o que está sendo feito de bom. O que não estiver bom, nos cabe orientar o Executivo, para que este possa melhorar o serviço. As indicações são uma ferramenta importante para isso. Estamos promovendo cursos de capacitação, orientando os assessores, os novos vereadores. Vamos explorar um pouco mais a Escola do Legislativo, no sentido de oferecer capacitação para dentro e para fora da Casa. Esta é uma ferramenta importante, a qual daremos bastante ênfase. Também aperfeiçoaremos os mecanismos de comunicação entre vereadores e a população, através do aplicativo que já está sendo amplamente divulgado. Assim, poderemos ter mais celeridade e atender as demandas do cidadão.

Quais são os principais desafios que a Câmara neste ano?

Eu penso que nós precisamos, por meio de ações e atitudes, resgatar a nossa credibilidade politica. O cidadão está muito desacreditado dos políticos. O papel de cada vereador é importante no sentido de resgatar essa musculatura politica, de forma individual e coletiva. Queremos uma Câmara forte, atuante, no sentido de resgatar essa credibilidade e confiança. É preciso reconquistar aqueles que estão descrentes. Esse é um momento muito importante, de recuperação da cidade e também da imagem politica, da imagem dos parlamentares.

Como o senhor está vislumbrando o cenário político no PSDB com vistas as eleições de 2018?

Vejo que é extremamente importante a atuação do Governo do Estado nesse próximo ano. O governador tem buscado, apesar das dificuldades pelas quais passa o país, fazer as entregas que foram compromissadas durante a campanha. Creio que há necessidade de uma grande unidade suprapartidária para que possamos harmonizar o Estado. Isso está sendo preparado pelo Governo do Reinaldo, para que a gente possa voltar a desenvolver, crescer, atravessar essa crise que está aí assolando todo o país. Partidariamente acredito que o PSDB tem essa preocupação, tem esse compromisso, e que nós vamos chegar fortalecidos para esse pleito de 2018, que já está próximo.

E quem seria o parceiro ideal para o PSDB em 2018?

Eu acredito nas lideranças politicas. A politica se faz por meio de diálogo, de entendimento, de aproximação de projetos. Eu acredito na liderança do PSDB, que a gente precisa entender que é necessário fazer alianças para que possamos ganhar as eleições. E não é ganhar por ganhar, ganhar pelo poder, mas é ganhar as eleições para continuar trabalhando em projetos, ações e atitudes que venham promover o desenvolvimento do nosso Estado.


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