19/03/2024 - Edição 540

Entrevista

Estamos compartilhando boatos e falsidades

Publicado em 09/02/2017 12:00 -

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“Relacionado ou que denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência na formação da opinião pública, do que aqueles que apelam à emoção ou crenças pessoais”. Assim o Dicionário de Oxford define a palavra do ano de 2016: pós-verdade. É oficial, vivemos a era da pós-verdade. O termo foi utilizado pela primeira vez, em 1992, pelo dramaturgo Steve Tesich, em um ensaio publicado na revista The Nation. No ano passado, especialmente com a campanha presidencial norte-americana, virou o núcleo do debate político.

No Brasil, entre as dez notícias de política mais compartilhadas diariamente, pelo menos duas se enquadram nisso. Essa é também a matéria-prima de análise do Monitor do Debate Político no Meio Digital, uma iniciativa do Grupo de Políticas Públicas em Acesso à Informação (GPoPAI), que reúne professores da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadores de diversas áreas. O grupo mapeia notícias de política nacional em 82 veículos de comunicação e 112 fontes. Um levantamento que analisa a interação de 10 milhões de pessoas discutindo política no Brasil todos os dias.

O mapeamento do Monitor se baseia, principalmente, nas notícias com maior número de compartilhamentos nas redes, através de palavras-chave e de fatos que estão “quentes” no dia. A medição do público interagindo através delas é feita em outro levantamento, que leva em conta veículos de comunicação e páginas de política, e cruza perfis de pessoas que as curtem. Deles, no universo atual da internet brasileira, só dois pólos emergem: os anti-petistas e os anti-anti-petistas. A análise é do professor Pablo Ortellado, professor de Políticas Públicas da USP e coordenador do Monitor.

“Eu tenho dois circuitos completamente independentes. Tem um campo onde estão os grupos anti-corrupção, os grupos militaristas, tem os grupos liberais e os políticos de direita. Esse é um campo. E tem um outro campo onde tem os políticos de esquerda, os movimentos feministas, negro, LGBT e movimentos sociais como MST. E é isso. Quem curte e comenta um circuito, não participa do outro. Nós estamos falando do comportamento de um universo muito grande de pessoas”, avalia Ortellado.

Nesta entrevista, ele fala sobre notícias falsas, o comportamento das redes sociais em torno do debate político e o papel do jornalismo diante disso. Em um ano que começa com a guerra nas redes alimentadas por fatos quentes – as mortes do ministro do STF, Teori Zavascki, e da ex-primeira-dama Marisa Letícia, a prisão de Eike Batista e a delação do “fim do mundo”, com a Odebrecht – se você nunca tinha ouvido falar de pós-verdade, é bom ir se acostumando. Ela parece ter vindo para ficar.

 

Vivemos um tempo de polarização política baseada em visões morais de mundo. Quando as pessoas estão presas em visões de mundo que desqualificam umas às outras, que espaço de diálogo existe? O outro foi completamente demonizado, é uma pessoa completamente errada.

“Pós-verdade” foi escolhida a palavra do ano, em 2016, pelo Dicionário de Oxford, e a gente começa 2017 com o governo dos EUA criando o discurso de “fatos alternativos”. Qual o significado simbólico disso? São coisas realmente dessa época?

A gente está vivendo um tempo de polarização política no Brasil e em vários países do mundo, mas é uma polarização política de um tipo diferente. É uma polarização política baseada em visões morais de mundo. Como ela é orientada por visões morais de mundo, ela faz com que as perspectivas políticas que são indissociáveis das perspectivas morais tenham muito pouco espaço para compromisso. Isso gera uma polarização onde o diálogo fica muito difícil. Os campos ficam muito apaixonados e por conta dessa paixão política, e do embate político que está sendo acentuado, a difusão de informações entra em uma espécie de guerra, na qual informações que corroboram, que confirmam a perspectiva de quem já está engajado passa a ser mais difundida. Sejam elas verdadeiras ou não. Esse é um fenômeno que faz com que informações não-verificadas – algumas delas flagrantemente falsas, outras são hipóteses, só boatos – sejam difundidas amplamente nos dois campos.

É um fenômeno que nasceu no final dos anos 1980 e vem crescendo. Nos Estados Unidos, é um fenômeno um pouco mais antigo. Os Estados Unidos foram o primeiro país a sentir isso, mas a partir dali se difundiu para o mundo inteiro. Mesmo países que são muito hostis aos valores e à influência americana, como por exemplo a França, estão sofrendo fortemente a influência dessa nova gramática política.

Na semana da votação do impeachment na Câmara, 3 das 5 notícias mais compartilhadas no Facebook eram falsas, segundo levantamento do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas de Acesso a Informação, da Universidade de São Paulo (USP). Com a eleição de Donald Trump, muitas pessoas passaram a culpar o Facebook pela circulação de notícias falsas que teriam ajudado sua campanha. Mas essa circulação em massa de notícias falsas diz mais sobre quem as produz ou sobre os leitores?

Acho que isso tem a ver com a polarização política. É sobretudo, sobre o campo político. Porque o campo político está estruturado de uma forma polarizada e apaixonada. E é uma paixão amparada em visões morais que são de difícil negociação, talvez impossível negociação. Essas divergências morais, extremamente acentuadas pelo conflito político, porque nós estamos em uma guerra contra o outro campo, que é inaceitável porque ele tem valores que são incompreensíveis e inaceitáveis, gera um processo de difusão de informações que é muito difícil de controlar. Para sair do abstrato, vou te dar um exemplo concreto. No campo “de esquerda”, as pessoas vão falar: “olha essas pessoas insensíveis, cruéis, que estão fazendo de tudo para desmontar as conquistas sociais pelas quais emancipamos os mais pobres, tiramos eles da miséria, trouxemos um pouco de dignidade para o povo brasileiro”. Do outro lado, as pessoas estão falando: “olha esses safados, essa quadrilha que tomou conta do Estado brasileiro e roubou como nunca antes na História, se a gente não tomar cuidado eles vão voltar em 2018, a gente precisa destruir essa bandidagem”.

As pessoas não compartilham notícias, elas compartilham manchetes. A leitura de notícias foi completamente “tuiterizada”. Não é nem um tuíte, porque as manchetes são mais curtas que tuítes. As pessoas estão compartilhando apenas uma frase.

Essas duas narrativas não têm nenhum tipo de mediação. Quando elas estão nesse modo belicista, de guerra, isso só faz com que qualquer informação que corrobore o ponto de vista de cada um dos grupos seja disseminada sem verificação e sem nenhum tipo de questionamento crítico. Então, esse é um campo em que informação não-verificada, ainda que seja flagrantemente falsa, se difunde. Mais ainda quando o momento político está quente. Um pouco antes da votação do impeachment, na morte do Teori [Zavascki], qualquer momento político quente, a gente faz um levantamento das matérias mais difundidas no Facebook, sempre dá, pelo menos 2 ou 3 no top 10 que são não-verificadas. Isso nos dois campos, tanto no da “esquerda”, quanto “na direita”.

Em um texto publicado no El País, na época da votação do impeachment na Câmara, o senhor fala sobre como as campanhas #NãoVaiTerGolpe e #ForaDilma produziram um efeito que gerou “comportamentos beligerantes” nas redes. Qual o papel das redes sociais nesta polarização? 

Elas acentuam esse problema por meio do efeito bolha. Porque as redes sociais são organizadas de maneira que o teu newsfeed privilegia pessoas que pensam como você. O algoritmo do Facebook seleciona pessoas que pensam mais como você porque sabe que se ele expuser pessoas que pensam diferente de você, ele afasta da ferramenta. Isso faz com que você fique sempre falando com pessoas próximas de você, o que termina acentuando as convicções que você já tem. Você já tem uma convicção, está num processo de polarização, você fica ali exposto a pessoas que pensam como você e que referendam seu ponto de vista. Então, esse processo não é das redes sociais, mas as redes sociais o acentuam.

No dia da posse de Donald Trump, as redes sociais se encheram de comentários agressivos contra o filho do novo presidente, de 9 anos. Aqui no Brasil, depois que a esposa do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, Marisa Letícia, sofreu um AVC – e agora com sua morte – as redes também reviveram esse “clima de guerra”. São duas questões pessoais, mas que foram usadas pelo jogo político. A maneira como o debate político está posto afeta nossa empatia?

Com certeza afeta, porque essa crueldade é mútua, ela acontece nos dois campos. As pessoas estão em guerra, elas se veem como soldados e acham que a postura do outro é completamente inaceitável. Ela tem um fundamento moral. Uma pessoa que é anti-petista não consegue entender “como alguém consegue compactuar com a roubalheira, é inaceitável, eles roubaram, se alguém compactua com isso é ladrão”. Do outro lado falam assim: “não é possível que você não tenha visto que o Brasil estava melhorando, pessoas que estavam passando fome deixaram de passar fome, quem não valoriza esse processo de emancipação social é um canalha, insensível”. Quando as pessoas estão presas em visões de mundo assim, que desqualificam umas às outras, que espaço de diálogo existe? O outro foi completamente demonizado, é uma pessoa completamente errada. No nosso levantamento a gente mapeia 10 milhões de pessoas. São 10 milhões de pessoas completamente polarizadas. Quando elas estão polarizadas nesse nível, elas veem como missão política, até como missão ética, combater esse inimigo. Eu estou pegando só a questão política, mas ela vale sobre a questão do aborto, das drogas, dos LGBTs, a penalidade contra a criminalidade. O Brasil está inteiramente rachado nesses temas morais. Acho que o tem de novo é que a divergência agora não tem meio termo. Não é só um meio termo entre as duas coisas, ela não tem diálogo e não tem posições independentes.

É aquela coisa de que o “isentão” não pode ser aceito? 

O isentão é sempre um enrustido, para os dois lados. Um acha que ele é um petista enrustido, o outro acha que é um coxinha enrustido. Ele é atacado pelos dois e a gente que faz o mapeamento vê: não existe o campo dos isentões. Ele é engolido pela polarização política. O que tem são dois campos bem organizados e não tem nada no meio.

Que informações mais chamaram a atenção de vocês no mapeamento do Monitor do Debate Político? 

Não tem nada no meio, mas, por exemplo, a questão do ambientalismo. Não é porque o ambientalismo está no meio, é porque ele é um consenso. Então, os dois grupos, defendem e apoiam o ambientalismo, por isso que páginas como a do Greenpeace ou a SOS Mata Atlântica ficam no meio, porque são curtidas pelos dois grupos. Mas tirando ambientalismo, todos os outros assuntos dividem os brasileiros. E é bem acentuado. Um lado é liberal, conservador e anti-corrupção e o outro lado defende o legado do PT, defende um país diverso, movimentos sociais e com mais direitos. Não é o Brasil, são pessoas no Brasil que se interessam por política. Elas estão completamente divididas.

O nível de aceitação de boatos e notícias falsas é muito elevado, e é majoritário nesses grupos políticos. A notícia “Lulinha é dono da Friboi” teve um nível de aceitação entre 85% das pessoas no campo anti-petista. Ela é flagrantemente falsa. Do mesmo modo que um número bastante elevado de pessoas acredita que Sérgio Moro é filiado ao PSDB, o que também flagrantemente falso.

Existe uma porcentagem, alguma estimativa sobre quanto das notícias que circulam entre essas redes são falsas? 

Para ter uma ideia, a gente levanta 3.500 notícias por dia, é muita coisa e não dá para verificar. O Brasil produz por dia, entre 3 mil e 3.500 notícias de política nacional. Está excluído notícias internacionais, notícias locais e entretenimento. Dessas 3.500, tem 200 que são muito lidas, depois delas o número de compartilhamentos vai caindo e tem, praticamente, mil matérias com um número muito pequeno de compartilhamentos. No fundo, embora o Brasil produza muitas matérias, lê muito poucas, lê 200. A medida que a gente vai subindo no ranking, vai concentrando o número de compartilhamentos. A posição mais baixa tem em torno de 200 compartilhamentos e o topo do ranking tem em média 20, 30 mil compartilhamentos. No top 10, num dia de algum fato político quente, a gente sempre encontra notícias falsas ou não-verificadas, pelo menos 2 ou 3. Num dia frio, que não aconteceu nenhum fato político que serve ao jogo político polarizado, a gente ainda encontra. Mas morreu o Teori, teve uma nova delação na Lava-Jato, teve a votação do impeachment, qualquer coisa política quente, joga essas posições polarizadas lá para cima e junto com elas informações não-verificadas. Sempre ocupam o topo da lista.

Então isso também mostra que as pessoas compartilham pela manchete, pelo que vai aparecer na timeline delas? 

Com certeza, as pessoas não leem. As pessoas não compartilham notícias, elas compartilham manchetes. A leitura de notícias foi completamente “tuiterizada”. Porque é uma guerra e o Facebook não põe o sumário das notícias, não é o suficiente para as pessoas saberem do que se trata. Não é nem um tuíte, porque as manchetes são mais curtas que tuítes. Elas estão compartilhando uma frase.

O senhor já disse que a grande imprensa também se “submete a estratégias discursivas” para alcançar compartilhamento em massa de matérias. Qual a responsabilidade destes veículos, teoricamente neutros, no debate que está no meio digital?

Eu acho que essa estrutura não tem um culpado, digamos assim. Acho que ela é difícil. Eu acho que um dos grandes problemas é que a gente tem muitos atores que não fazem verificação, que reproduzem informação que ou é falsa ou é especulativa porque não ligou, porque não verificou o documento, porque não fez o bê-a-bá do jornalismo. Uma parte é porque faz jornalismo de má-qualidade e tem outros que fazem isso de maneira deliberada, porque isso faz parte da guerra política em curso. Um outro fenômeno, que vários veículos da imprensa engajada fazem deliberadamente, mas os da imprensa que busca o equilíbrio também fazem, é [produzir] manchetes que agradem a cada um desses grupos. Então, por exemplo, um veículo que não é engajado, que faz um jornalismo mais convencional, ele produz manchetes – não estou falando do texto – que vão agradar um dos dois lados e o compartilhamento dessa matéria vai lá pra cima. Isso acontece muito porque é a maneira que funciona o consumo do jornalismo hoje.

O senhor dirias que os veículos estão submissos a isso?

Os veículos estão jogando o jogo do consumo da mídia num cenário polarizado. Isso não significa tomar um lado, até porque se você tomar muito abertamente um lado, você perde metade do mercado. Muitos veículos vão distribuindo manchetes que agradam um lado e outro e vão conseguindo manter o consumo. Eles são compartilhados pelos dois lados, mas são matérias diferentes que são compartilhadas pelos dois.

O algoritmo do Facebook seleciona pessoas que pensam como você porque sabe que se ele expuser pessoas que pensam diferente, ele te afasta da ferramenta. Isso faz com que você fique sempre falando com pessoas próximas de você, o que termina acentuando as convicções que você já tem.

Em um post recente, o senhor falou sobre a postura equivocada da grande imprensa na cobertura da morte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, ao não tratar seriamente boatos que se espalharam pelas redes e que pareciam expressar uma preocupação nacional. No texto, tu falas em “arrogância”. É isso mesmo ou a imprensa tradicional ainda não entendeu algo novo que se dá a partir das redes sociais?

Acho que as duas coisas. Ela é arrogante e ela ainda não entendeu. Acho que uma das tarefas da imprensa, não estou falando necessariamente da grande imprensa, mas da imprensa que faz verificação, pouco importa se ela é grande ou pequena, engajada ou com discurso de equilíbrio, é que ela precisa ser pautada pelos boatos. O que acontece é que o nível de aceitação de boatos e notícias falsas é muito elevado, ele é majoritário nesses grupos políticos. A gente fez pesquisa, por exemplo, “Lulinha é dono da Friboi”, tem um nível de aceitação que entre 85% das pessoas no campo anti-petista acreditam nessa informação. Ela é flagrantemente falsa. Do mesmo modo que um número bastante elevado de pessoas acredita que Sérgio Moro é filiado ao PSDB, que também flagrantemente falsa. O que acontece quando uma informação dessas falsas vem e um jornalista recebe? Ele vai apurar, ver que aquilo é falso e não vai dar. Como tem outros veículos que vão difundir essa informação, as pessoas falam “tá vendo, é verdade, eu li aqui”, e o veículo jornalístico é tratado como vendido. As pessoas acham que os veículos escondem informações que só aparecem nesses campos polarizados. Por isso que eu acho que uma das tarefas hoje é ser pautado pelos boatos, para desmenti-los. Enquanto a imprensa não fizer isso, ela só perde credibilidade. Porque os boatos circulam com muita força e eles formam opinião política.

Google e Facebook anunciaram recentemente medidas para tentar combater a disseminação de notícias falsas nas redes. O Google banindo anúncios de sites ligados a elas, o Facebook ao mudar algoritmos na parte dos trending topics – que reúne os assuntos mais comentados na rede – e também com opção de denunciar posts. Qual a eficiência dessas medidas?

Acho difícil dizer porque as notas dos dois são muito genéricas. Não dá para saber exatamente como elas vão ser implementadas. Mas me parece que com essa polarização política todas as notícias vão ser bombardeadas. Você olha a polarização do campo, ela está tão beligerante que nada passa. Então, se uma notícia desagrada um campo, ele denuncia. Se você tiver que analisar, como eu falei, 3.500 notícias por dia, é impossível. Mesmo se você pensar que dessas 3.500 só 200 são muito lidas. Quem consegue fazer a verificação todos os dias de 200 matérias? É impossível fazer isso. Falo abstratamente porque não sei como vai ser implementado, mas te dou como certo que vai ter uma guerra de denúncias.

Qual seria então a saída para ter um pouco de “paz” nesse meio das redes?

Não é apenas polarização, é que essa polarização de visões morais de mundo, onde não há espaço para diálogo. Ela não é só socialistas versus liberais, é muito mais do que isso. Ela é de pessoas que têm visões morais de mundo mais punitivistas e visões morais de mundo mais compreensivas. Uma considera as outras pessoas cruéis, desumanas, e a outra considera as outras pessoas condescendentes com o erro. Isso gera um processo de batalha entre os dois campos onde se demoniza o adversário e não existe espaço para diálogo. Isso não é um processo brasileiro, é mundial. As redes publicizaram fenômenos que a gente não podia ver, não podia medir. Hoje eu consigo falar o número de pessoas que estão envolvidas, consigo ver o grau de polarização.

Mas acho que esse processo de polarização é das pessoas engajadas. O Brasil não é polarizado. O Brasil tem 200 milhões de pessoas: eu tenho 10 milhões de pessoas razoavelmente polarizadas, depois tenho 2 milhões de pessoas radicalmente polarizadas. Quanto mais as pessoas se interessam por política, quanto mais elas participam de política, mais polarizadas elas estão. O Brasil é cheio de posições intermediárias, quanto menos elas participam, menor a polarização. Você abre sua timeline, porque hoje o Facebook é a segunda fonte de informação política dos brasileiros, perdendo só para a televisão, mas em poucos anos vai ser a primeira. Você não segue um veículo, pouca gente vê a Folha, o Estado, a Veja, [as pessoas] veem o Facebook e ele te dá um pouco de cada coisa, te dá um número de manchetes que corrobora o que você já pensa. Para não criar incômodo, porque quando cria incômodo você sai da ferramenta.


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