23/04/2024 - Edição 540

Cultura e Entretenimento

A onda dos board games

Publicado em 05/02/2017 12:00 -

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Quem nunca reuniu os amigos ou familiares para rolar uns dados à volta de um tabuleiro de War, Banco Imobiliário ou Detetive? Coisa do passado? De jeito nenhum. Os board games (jogos de tabuleiro) – uma das muitas atividades que integram a cultura geek – estão de volta ao Brasil com força total, tanto como opção de lazer como de negócio.

Ficção científica, terror, história, batalhas, zumbis e mitologia são apenas alguns dos temas dos modernos jogos de tabuleiro que têm conquistado uma legião de adeptos Brasil afora.
Para quem está chegando agora, vale explicar as sub-divisões do hobby. Sim, pois é possível dividir os jogos de tabuleiro em várias categorias, mas há duas bem populares e abrangentes: ameritrash e eurogame (euros, para os aficionados).

O arquiteto carioca Fabrício Ferreira – que mantém no Youtube o canal Aftermatch, dedicado aos board games – explica. “Os ameritrashs chamam a atenção pelo visual e pelos temas (na maioria ligados a guerra, alienígenas, zumbis, etc…). Os jogos possuem em sua maioria, miniaturas e componentes de alta qualidade o que ajuda muito na imersão do jogo. Nesse estilo, o rolamento de dados é uma das mecânicas que mais aparece, fazendo esses jogos dependerem muito da sorte”. Entre os ameritrashs mais conhecidos estão o Zombicide, Arcadia Quest e Dungeon Saga.

“Eurogames são o contrário dos Ameritrahs. São jogos com um apelo visual bem fraco (cubos de madeira no lugar das miniaturas de plástico dos ameritrahs) e a imersão é bem baixa. Os temas sempre são voltados para o gerenciamento (assim como suas mecânicas envolvem menos sorte). Jogos onde se administram fazendas, cidades, companhias marítimas, etc. são bem comuns”, diz Fabrício. Entre os euros mais conhecidos estão o Catan, Puerto Rico e Terra Mystica.

Mas nem só de euros e ameritrahs vive o mundo dos board games. Há ainda os eurotrashs (uma junção dos dois estilos, reunindo o apelo visual dos ameritrash e as mecânicas dos euros), os family games (jogos para muitos participantes – passam dos 6 jogadores – com mecânicas bem simples e muita interação entre os participantes) e os coop. (jogos cooperativos onde os jogadores jogam contra o jogo. Se um perder, todos perdem).

Em Campo Grande, pessoas e empresas apostam no hobby

Em Campo Grande muita gente encontrou nos board games uma opção de lazer gostosa e divertida. Estas pessoas formam grupos que se reúnem com certa periodicidade para disputar partidas de seus jogos prediletos. É o caso do servidor público federal Rodrigo Lopes, 35 anos, que reservou as noites de segunda-feira para algumas horas de diversão à volta dos tabuleiros. Segundo ele, o hobby é uma “maneira única de interagir com as pessoas, experimentar novas vidas, novas realidades e emoções”.

Rodolfo Bezerra de Melo, 33, é advogado e, para ele, os jogos de tabuleiros são uma ótima forma de escapar do estresse do cotidiano. “Atualmente, cercados de tanta tecnologia, termos cada vez menos tempo para a família, amigos e trabalho. Quando estou jogando, essa sensação de sufoco desaparece”, opina.

Para o analista de sistemas Caio Fiorovante, 30, o bom do hobby é que ele engloba gente de todas as idades. O servidor público Daniel Luz, 27, concorda, mas ressalta que o melhor é a chance de encontrar os amigos em uma atividade prazerosa. “Jogo board games pois é uma maneira de encontrar amigos com interesses em comum, além de ser uma atividade que sempre proporciona uma experiência diferente. O meu predileto é o Eldritch Horror, ambientado no universo do escritor norte-americano H. P. Lovecraft”.

O publicitário Rafael Dalpiaz foi além e resolveu investir no hobby. Ele e o irmão Rodrigo abriram há pouco menos de um ano o JogaBurger (Av. Neli Martins, 76 ), um espaço dedicado aos board games e à gastronomia. Com um acervo de mais de 300 board games, a empresa oferece aluguel dos jogos e deliciosos lanches. “Queríamos um lugar que reuni-se alimentação e jogos”, explica Rafael. Os dois irmãos colecionam jogos de tabuleiros há mais de 10 anos e, em uma viagem a São Paulo, conheceram uma empresa similar à que planejavam montar em Campo Grande. Foi o ponto de partida para a realização do sonho.

A experiência do JogaBurger em Campo Grande não foi um tiro no escuro. Na verdade, o setor tem crescido exponencialmente mesmo diante da atual crise econômica, avançando cerca de três dígitos por ano.

O Kickstarter – plataforma digital de financiamento coletivo – também se rendeu aos jogos de tabuleiro. Em 2016, dos cinco projetos que mais receberam dinheiro na plataforma, dois eram board games: Kingdon Death Monster 1.5 (que arrecadou mais de  US$ 10 milhões) e o Dark Souls (que arrecadou mais de US$ 5 milhões).

E aí? Bora jogar?


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