23/04/2024 - Edição 540

Entrevista

Marquinhos Trad explica porque quer ser prefeito de Campo Grande

Publicado em 26/10/2016 12:00 -

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Marquinhos Trad, tem 52 anos, é casado e pai de quatro filhas. Formou-se em Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi secretário municipal de Assuntos Fundiários, vereador por Campo Grande e está no terceiro mandato como deputado estadual. Na Assembleia, se destacou pelo perfil combativo, comprou briga com governador e até com a Enersul para garantir, respectivamente, um IPVA mais justo e a redução da conta de luz. Ele é candidato a prefeito pelo PSD e acredita que chegou a sua vez de contribuir e tirar a cidade do estado que se encontra.

 

Por que o campo-grandense deve votar no senhor para prefeito de Campo Grande?

No primeiro turno, o campo-grandense tinha 15 escolhas. Ele enviou dois candidatos para a disputa do segundo turno. Eu, com quase 150 mil votos, e a candidata do governo, com 113 mil votos. O cidadão, no domingo, terá que escolher ou a mim ou a Rose. Entre estes dois, eu creio que estou muito mais bem preparado que ela para administrar Campo Grande.

O eleitor e a eleitora de nossa cidade, por todos estes momentos de crise política em nosso país, e principalmente em nosso Estado e em nossa cidade, atentou em algo para o qual, antes, ele nunca tinha prestado atenção: a necessidade de escolher o seu representante através de critérios técnicos. E quais seriam estes critérios? Preparo, experiência e equipe técnica.

Vamos fazer uma análise justa entre os dois candidatos que restaram ao campo-grandense para dirigir o comando de nossa cidade. Marquinhos Trad: 52 anos de idade, casado com a Tatiana, pai de quatro filhas e serei avô pela primeira vez agora. Rose: 38 anos de idade, solteira.

Marquinhos Trad: advogado, completo este ano 30 anos de profissão, 22 anos de magistério em cinco universidades de nossa cidade (Estácio de Sá, Facsul, UCDB, e pós- graduação na Unaes e Uniderp), oito anos secretário municipal de Assuntos Fundiários (no período de 1997 a 2004), dois anos vereador da capital e três vezes deputado estadual.

Em todas as minhas eleições, o campo-grandense me deu a maior votação. Como vereador fui o primeiro colocado. Nas três eleições para deputado estadual, primeiro colocado. Agora, no primeiro turno, primeiro colocado.

A minha equipe é a mesma que vem me acompanhando desde a secretaria de Assuntos Fundiários, onde reduzimos o déficit habitacional da cidade e eliminamos 117 núcleos de moradias sub-humanas, as chamadas favelas. Como vereador e como deputado, tivemos mais de 55 leis aprovadas, um recorde na história do legislativo.

Fiz o enfrentamento, dentro do meu partido, na época em que o governador André Puccinelli estava no auge de sua careira política. Na época, me chamavam de rebelde, de independente. Uns perguntava: “o Marquinhos está mesmo normal? Como que ele quer combater o André?”. Enfrentei a poderosa Enersul sozinho. Estabilizei a conta de energia dos 79 municípios do Estado por mais de 8 anos. Tive coragem e independência durante meu mandato. Votei contra o aumento do IPVA, que o Reinaldo Azambuja mandou para a Assembleia. Votei contra o aumento do ICMS, que o Reinaldo Azambuja mandou. Votei contra o desvio do Fundersul, que ele também mandou. Votei contra a permanência da taxa de inspeção veicular, que ele manteve e agora foi declarada ilegal e ele não quer devolver o dinheiro da população.

É difícil ser independente do governo. Você sofre retaliações e tem que ter uma postura de consciência tranquila. Esta independência foi o que me credenciou ao longo do tempo, solidificando minha imagem e a minha personalidade.

Todos estes fatores mostraram que o Marquinhos é independente do governo. E é difícil ser independente do governo. Você sofre retaliações e, por mais que as pessoas desconheçam estes assuntos, você tem que ter uma postura de consciência tranquila. Esta independência foi o que me credenciou ao longo do tempo, solidificando minha imagem e a minha personalidade. Ora, você só tem condições de exercer e exercitar algo se você concilia a teoria com a prática.  Eu me formei com 22 para 23 anos de idade e fiquei 10 anos estudando para, aos 33 anos, assumir minha primeira função pública executiva. Fui concorrer pela primeira vez em uma eleição com 41 anos de idade.

Hoje, a Rose tem 38 anos, já foi duas vezes vereadora, e é vice-governadora. Eu, com 38 anos, ainda estava estudando para ganhar experiência e maturidade política. São estas considerações que, tenho certeza, a população está fazendo. Ela precisa hoje de um administrador preparado, um técnico que conheça as dificuldades de sua comunidade.

Eu nunca fui secretário de gabinete, nunca foi vereador de gabinete, nunca fui deputado de gabinete. Sempre estive visitando a dona de casa, conheço as dificuldades do pai de família; sei o que é uma mãe ter que dormir na frente de um Ceinf em busca de uma vaga e não conseguir; sei que tem pessoas há 20 anos inscritas na Emha sem conseguir uma casa, enquanto há tantos conjuntos habitacionais fechados ou contratos de gaveta para quem apoiou determinada candidatura.

A maior dor que eu sinto é quando eu entro num posto de saúde e vejo um senhor sentado, já adormecido, cansado de esperar. Eu já presenciei esta cena várias e várias vezes. Eu não fico dentro de gabinete. Eu vou jogar bola com a gurizada, participo de ações sociais, de cursos para a terceira idade. A gente incentiva os jovens nas formaturas, mostrado que eles podem vencer na vida, que eles têm condições de prosperar.

Todos estes fatores me colocaram, hoje, como primeiro colocado nas pesquisas, e eu não vou decepcionar.

É muito difícil resolver todos os problemas de uma cidade do porte de Campo Grande. Não há dinheiro para tudo. Se o senhor tivesse que elencar uma área prioritária, qual seria ela?

Eu fui às ruas ouvir a população. Antes de me colocar como candidato, nós visitamos 600 bairros. Fomos nas sete regiões urbanas de Campo Grande, e nas três rurais. A população é quem fez o meu programa de governo. Problemas a cidade tem. Na nossa casa tem problemas que as vezes não conseguimos sanar. E quando você sana um, geralmente estoura outro problema. Ainda mais numa cidade.

A população me elencou os seguintes serviços públicos que precisam de uma atenção maior: saúde, educação, segurança pública, geração de emprego e renda, desporto, habitação e lazer. Então, fomos pegando os pontos sobre os quais eles nos chamavam a atenção.  Nestes anos todos, somente um serviço público é que passou a ser muito lembrado: infraestrutura urbana, ruas, buracos… temos o levantamento dos anos anteriores e a população não falava que o maior problema era buraco na rua. Hoje é muito lembrado.

Eu não tenho nada a ver com o Nelsinho. E digo mais: se tiver que encontrar algum questionamento nas administrações anteriores, inclusive a dele, eu vou encaminhar ao Ministério Público para que tome as providencias.

Então, estes pontos que eu elenquei é que serão – alguns de maneira imediata e outros ao longo da nossa gestão – priorizados. Isso, se for da vontade de Deus que vençamos a eleição neste domingo. Vamos focar muito na saúde, na segurança pública, na educação e na geração de emprego e renda.

Durante o primeiro turno sua candidatura foi apontada como oligárquica, uma candidatura que iria manter o poder da família Trad. Como o senhor analisa isso?

Com naturalidade. Eu até compreendo as pessoas quererem afirmar isso. Mas, Campo Grande me conhece. Não forcei a minha candidatura. Não obriguei o meu partido a me indicar na convenção. Eu venho trabalhando há muitos anos e a população sabe diferenciar o Marquinhos do Nelsinho e do Fabio. Vide nas últimas eleições. Eu obtive sempre os primeiros lugares em todas elas. O Nelsinho e o Fabio não. Na última eleição, os três concorreram. O eleitor me devolveu o mandato em primeiro lugar e afastou o Fabio e o Nelson. Ou seja, eles sabem muito bem quem é o Marquinhos, quem é o Nelsinho e quem é o Fabinho. Eu dei aula 22 anos, o Nelsinho não deu e o Fabio não deu. Eu fui secretário de Assuntos Fundiários. O Nelsinho não foi e o Fabio também não foi. Eu briguei pela CPI da Enersul, o Nelsinho não brigou e o Fabio não brigou. Eu sou o Marquinhos, casado com a Tatiana, pai de 4 filhas e serei avô agora. Eles têm a vida deles, a personalidade deles, a independência deles. Eu sou advogado, o Nelsinho é médico. Eu sou vascaíno, o Nelsinho é botafoguense. Eu não tenho nada a ver com o Nelsinho. E digo mais: se tiver que encontrar algum questionamento ou ponto de interrogação nas administrações anteriores, inclusive a dele, eu vou encaminhar ao Ministério Público para que tome as providencias.

A campanha se mostrou dura, com muitas acusações de ambas as partes. O senhor esperava isso?

Eu não me vi acusando ninguém. E tenho o atestado da Justiça Eleitoral. Nosso partido foi o único que não concedeu nenhum direito de resposta agressivo, nenhum. Tanto no primeiro turno quanto no segundo. Diferentemente dos meus oponentes. No primeiro turno, tivemos quase 10 inserções devolvidas para a gente por agressão. No segundo turno, tivemos várias decisões, inclusive de horário eleitoral gratuito da TV, do rádio e até do Facebook particular da nossa concorrente. Na primeira advertência ela quis driblar a lei e a decisão da juíza. Houve até recomendação de suspensão da assinatura e da conta corrente da candidata no Facebook. Não me vi atacando ninguém, e acho que este foi um dos motivos pelos quais o eleitor me colocou em primeiro lugar.

Como o senhor analisa o apoio do prefeito Alcides Bernal à sua candidatura?

O apoio que eu recebi do prefeito Alcides Bernal é bem-vindo, pois nossa cidade não aguenta mais briga. Chega de momentos de discórdia. O que nós vimos nos últimos três anos foi partidos e grupos brigando com pessoas e poderes. Vimos o poder executivo brigando com o poder judiciário; o poder legislativo brigando com o executivo; vereador xingando prefeito; vice-prefeito derrubando prefeito; poder judiciário devolvendo prefeito. Esta confusão toda que gerou prisão, perda de mandato, e que levou a processos para a maioria dos vereadores, com outros – inclusive minha concorrente – sendo investigados, com quebra de sigilo bancário e fiscal. Ora, qual juiz chegaria a um ponto tão contundente e drástico contra uma vice-governadora se não tivesse elementos suficientes, elementos fortes? Jamais um juiz federal iria quebrar o sigilo fiscal e bancário de uma vice-governadora sem isso. Então, o projeto é este: paz.

O apoio que eu recebi do prefeito Alcides Bernal é bem-vindo, pois nossa cidade não aguenta mais briga. Chega de momentos de discórdia. O que nós vimos nos últimos três anos foi partidos e grupos brigando com pessoas e poderes.

E o que o Bernal exigiu para o PSD? Não para o Marquinhos, mas para o PSD. Ele pediu que, caso a gente vença as eleições, que não participem do primeiro escalão do nosso governo pessoas envolvidas na Coffee Break e na Lama Asfáltica, pessoas denunciadas – ainda que não sentenciadas -, e nem aquelas que estão sendo investigadas e tiveram quebra de sigilo fiscal e bancário. Por exemplo, eu não vou poder colocar a Rose na minha gestão, pois tenho uma assinatura com o PP vedando esta possibilidade. Segundo ponto, ele pediu a sequência administrativa de algumas obras que ele está executando. Veja bem, eu não vou dar sequência administrativa à gestão dele, pois acho que tem muitas coisas que não deram certo. Mas, tiveram outras as quais temos que dar a mão à palmatória, como o projeto de agricultura familiar, que é bom; o início do projeto de regularização fundiária, que eu vou aperfeiçoar; o programa de recapeamento, com o Exército.

Nem por isso vou deixar de olhar, fiscalizar e auditar. Nós não queremos mais que a nossa cidade apareça no Jornal Nacional e no Fantástico como apareceu recentemente. Fizemos um apoio ao bem de Campo Grande, não só com o Alcides Bernal, mas com o Adalto Garcia, o Aroldo Figueiró, Elizeu Amarilla, Lauro Davi. Todos eles vieram neste firme propósito de construir para Campo Grande. É isso que estamos fazendo.

Eles (a candidatura adversária) foram atrás dele (do prefeito Alcides Bernal) também. Não é verdade quando o governo e a candidata do governo afirmam que não foram atrás dele. Eles foram. Seria mais bonito reconhecer e dizer que o prefeito optou por outro caminho.

Que recado o senhor dá ao campo-grandense nesta reta final de campanha?

Que não venda o seu voto, e ele vai ser procurado, pode ter certeza. Podem não admitir esta prática, mas nós estamos vendo nos bairros a contratação maciça, por parte de nossa adversária. E são contratações maquiadas. E todos nós sabemos disso. Minha adversária fez a sétima campanha mais cara do país. E não foi entre 10 cidades, não. Tivemos eleições em 5.560 cidades. A dela foi a sétima mais cara do Brasil.

Eles não admitem perder a hegemonia. Hoje, o PSDB não se contenta em ter o governo; não se contenta em ter a vice-governadoria; não se contenta em ter o comando do Tribunal de Contas do Estado, com Waldir Neves e Marisa Serrano; eles não se contentam em ter os 3 senadores; não estão contentes em ter 6 dos 8 deputados federais; não estão contentes em ter quase toda a Assembleia e não se contentaram em ter quase toda a Câmara Municipal e a presidência dela com João Rocha. Não ficaram satisfeitos em terem ganho 36 prefeituras do interior. Querem ganhar a capital também. Ou seja, ganhando Campo Grande, neste quadro, pela primeira vez em nosso estado um partido vai mandar em quase 82% dos eleitores sul-mato-grossenses. E a hegemonia é ruim para a democracia

Confira também a entrevista com Rose Modesto.


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