23/04/2024 - Edição 540

Entrevista

Coronel David fala de suas propostas para Campo Grande

Publicado em 08/09/2016 12:00 -

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Nascido em Campo Grande, Coronel David, Carlos Alberto David dos Santos (PSC) aposta na experiência de 30 anos no serviço público para resgatar a autoestima de Campo Grande. O norte da gestão será o combate sistêmico à corrupção e ao desvio do dinheiro público. A proposta de criar a Controladoria Geral Municipal com autonomia e para atuar no combate efetivo às práticas ilícitas foi registrada em cartório.

 

Tradicionalmente a Saúde no país tem sido tratada sob a ótica "hospitalocêntrica", com foco nos hospitais, na remediação da doença já instalada, ao invés do modelo que foca a prevenção. Que modelo de Saúde pretende adotar em Campo Grande?

A prevenção é importante, porque Campo Grande já teve duas grandes epidemias de dengue nos últimos três anos. Só neste ano, a dengue matou três pessoas e levou 27 mil aos postos de saúde. Em 2013, foram 12 mortes e 46 mil casos na Capital. Para evitar novas epidemias, vou priorizar a limpeza de ruas, terrenos baldios e praças. O investimento em saúde cresceu 304% nos últimos 10 anos, superando R$ 1,1 bilhão, mas a população continua sofrendo com a falta de medicamentos e de médicos. Contrataremos mais médicos, de acordo com a disponibilidade financeira. Para tanto vamos fazer uma varredura nos cargos comissionados. Valorizar a figura do médico clínico geral, melhorando a qualidade do atendimento e tendo possibilidade de realizar um diagnóstico e a resolutividade da enfermidade, evitando assim que a pessoa busque atendimento nos hospitais, o que pode causar superlotação. Vou implantar o sistema de controle de medicamentos para evitar o desabastecimento na rede pública e vamos informatizar o atendimento nas unidades de saúde para que as pessoas não repitam o mesmo relato a cada atendimento. Toda vez que o estoque estiver no nível crítico, o setor de licitações será acionado para providenciar a compra e evitar transtornos aos pacientes da rede pública. Também vou construir o hospital de cirurgias eletivas, para evitar a superlotação dos hospitais, e criar o Centro de Especialidades Médicas para Crianças. E valorizar os profissionais da saúde, médicos e demais servidores, com um plano de cargo, carreira e salário.

Que mudança fundamental pretende adotar na Rede Municipal de Ensino para oferecer uma Educação de qualidade aos jovens da capital?

Os problemas atuais não vão se repetir. Vou valorizar os professores e servidores administrativos para que trabalhem motivados. Nossas crianças e os pais sofreram com as greves, falta de merenda e atraso na entrega dos uniformes e kits escolares neste ano e no ano passado. A licitação será feita no ano anterior para que a entrega ocorra no início das aulas. A proposta é oferecer infraestrutura ideal para melhorar a qualidade do ensino. O ensino integral será ampliado para contemplar um número maior de alunos. Atualmente, 10,2 mil crianças estão na fila por uma vaga em creches. Para reduzir esse déficit, vou concluir as obras paradas e construir mais centros de educação infantil.

O Transporte começa a ser um ponto de estrangulamento em Campo Grande. Que medidas pretende tomar para fazer frente a este desafio?

A Capital teve aumento de 130% na frota e atualmente conta com mais de meio milhão de veículos nas ruas. Apesar de ter vias largas, já contabiliza estrangulamento em 13 pontos, segundo a Agetran. Vou atuar nos gargalos do trânsito de maneira a racionalizar caminhos e minimizar os tempos de deslocamentos. O PAC da Mobilidade está com dinheiro liberado, mas não é implementado desde 2012. O plano de governo prevê qualidade no transporte coletivo. A Agência de Regulação terá 120 dias para realizar auditoria no transporte coletivo e definir o valor real da passagem. Atualmente, mais de 210 mil passageiros utilizam o ônibus urbano e podem ser contemplados com a tarifa com preço justo e acessível. Tornando atrativo o transporte coletivo, com qualidade e com preço da passagem justo, poderemos criar o hábito nos campo-grandenses de privilegiar o ônibus e deixar o carro em casa. Outras alternativas de transporte, como metrô de superfície, dependerão de projetos e de recursos novos, buscando sempre parcerias privadas.

Que ações serão efetivadas para a geração de emprego e renda em Campo Grande?

A geração de emprego deve ser prioridade absoluta. Desde janeiro do ano passado, segundo o Ministério do Trabalho, a Capital fechou cerca de 9,7 mil vagas de emprego. A situação é grave, mas a Sedesc, a secretaria responsável pelo desenvolvimento econômico, está sem titular desde abril deste ano. O Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico, que aprova a concessão de incentivos e deveria se reunir mensalmente, não se reúne há cinco meses. Temos quatro eixos no nosso Plano de Governo, sendo um deles o do Município Indutor, onde caberá ao município planejar estrategicamente e fortalecer a governança no sentido de induzir, incentivar e catalisar o desenvolvimento econômico municipal, para que haja o fortalecimento econômico, com a devida geração de emprego e renda. Para tanto, teremos uma secretaria eficiente e o conselho de desenvolvimento econômico ativo para atrair indústrias, qualificar mão de obra e atrair grandes eventos para impulsionar o turismo. A Prefeitura também precisa agir com mais rapidez na avaliação dos imóveis e na liberação do alvará. A construção civil está praticamente parada com a demora na emissão de alvará, o que gera inviabilidade nos negócios e causa prejuízos a pessoas que dependem disso, como os corretores de imóveis, por exemplo.

Em uma cidade de quase um milhão de habitantes é natural que a questão da segurança pública necessite de atenção redobrada. Que medidas pretende tomar nesta área?

A população exige mais investimento. Estatística da Secretaria de Segurança Pública revela que 20 pessoas são assaltadas, em média, por dia na cidade. É mais que o dobro do número registrado há quatro anos. A responsabilidade da segurança pública é do Estado, mas o prefeito não pode fugir a esta grande responsabilidade. Investir em iluminação pública é um dos caminhos. Neste ano, como deputado estadual, já pedi para o Ministério Público investigar a não utilização de R$ 53 milhões da iluminação pública pelo município. Vou profissionalizar a Guarda Municipal, com o devido plano de cargos, carreira e salário. Vou hierarquizar as funções da Guarda e investir em capacitação, equipamentos e viaturas. Vou torná-la presente no dia a dia dos campo-grandenses para que atue na prevenção e no combate a criminalidade. Fui comandante da Polícia Militar e consegui fazer o nosso Estado e a nossa capital serem considerados um dos mais seguros para se viver, com redução acentuada da criminalidade. Tenho experiência para implementar melhorias no dia a dia e dar mais tranquilidade e qualidade de vida aos 853 mil moradores da Capital.

Uma das principais preocupações dos brasileiros na atualidade é a Transparência na gestão e o combate a Corrupção. Como pretende encarar estes aspectos vitais para a administração pública?

Serão as minhas principais prioridades: transparência e combate à corrupção. Fui o único candidato a prefeito a registrar em cartório o compromisso de criar a Controladoria Geral Municipal, órgão independente que reunirá também a ouvidoria municipal e fará o combate sistemático à corrupção e ao desvio do dinheiro público. Com a crise e a queda na arrecadação, só o gasto eficiente do dinheiro público poderá garantir a qualidade na prestação dos serviços e a satisfação da população. Vou garantir ampla publicidade e transparência em todos os contratos de serviços terceirizados. Hoje, um dos problemas denunciados pelo Ministério Público é a utilização da OMEP e da Seleta para contratar funcionários indicados por políticos, isso não pode acontecer, vamos trabalhar de acordo com a lei e em parceria com os órgãos de controle.

Que peso tem em sua concepção de governo a participação popular na gestão? Que mecanismos práticos pretende adotar para facilitar a participação popular na gestão?

Durante a pré-campanha, ouvimos trabalhadores, estudantes, moradores dos bairros, integrantes dos conselhos, uma ampla gama de opiniões, para compor o nosso  plano de governo. Na prefeitura, vamos ouvir os conselhos regionais e as instâncias existentes para que a população seja, de fato, participante ativa do nosso governo. Serão premissas o respeito aos poderes, aos conselhos municipais, à representatividade do povo na Câmara Municipal. Vou fortalecer a Coordenadoria para Assuntos Comunitários, os movimentos sociais e populares. Como prefeito, buscarei ter mais interação com as lideranças comunitárias e mais aproximação com os distritos de Anhanduí e Rochedinho.


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