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ONU condena demonização de migrantes

Publicado em 12/08/2016 12:00 -

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A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou contra a "demonização" dos refugiados nesta sexta-feira, depois que uma pesquisa de opinião global revelou forte rejeição a migrantes.

Segundo levantamento do instituto Ipsos, 60% das pessoas em 22 países acreditam que extremistas islâmicos estão fingindo ser refugiados, e quase um a cada quatro entrevistados querem que suas fronteiras sejam fechadas aos refugiados.

O levantamento da Ipsos sobre as atitudes em relação aos refugiados e à imigração entrevistou mais de 16 mil pessoas em 22 países, incluindo o Brasil.

A pesquisa veio à tona no momento em que a Europa lida com sua pior crise imigratória desde a Segunda Guerra Mundial. Mais de um milhão de pessoas, muitas delas em fuga de conflitos na Síria, no Iraque e no Afeganistão, chegaram ao continente europeu no ano passado.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) disse que, embora as ameaças à segurança sejam uma preocupação, as pessoas que estão fugindo de perseguição ou de conflitos precisam ser protegidas.

"Como em qualquer população, há pessoas que são criminosas, e a lei deveria ser aplicada a elas. Ninguém está acima da lei, seja você um refugiado ou não", disse o porta-voz do Acnur, William Spindler.

"Mas não deveríamos esquecer que a grande maioria dos refugiados respeita a lei, e não deveríamos demonizá-los ou vê-los todos como criminosos e terroristas, porque não é este o caso."

Pesquisa

A pesquisa foi realizada pelo instituto Ipsos na Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, França, Reino Unido, Alemanha, Hungria, ìndia, Itália, Japão, México, Polônia, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Turquia e EUA.

Os dados variam entre os países, naturalmente, mas o resultado geral demonstra uma tendência global negativa em relação à imigração e aos refugiados, o que se reflete na política internacional.

O impacto dessa imigração é negativo para o país segundo 45% do total de entrevistados, e apenas uma em cada cinco pessoas acha que os imigrantes levam impactos positivos para a sociedade.

Essa proporção é especialmente grande em países como a Turquia, a Itália, a Rússia, a Hungria, a França e a Bélgica, onde passa de 60% o total de entrevistados que acham que a imigração tem efeitos negativos.

No total, 38% das pessoas ouvidas defendem o fechamento total das fronteiras para refugiados, e 61% acreditam que terroristas se aproveitam para fingir que precisam de refúgio para entrar nos países e tentar realizar ataques.

A rejeição a refugiados é especialmente alta na Turquia, na Índia e na Hungria, mas cresceu também ao longo dos últimos anos nos Estados Unidos e na Suécia.

O sentimento é reforçado pelo fato de que muitos dos entrevistados dizem acreditar que nem todos os refugiados precisam realmente fugir do seu país de origem. Em média, 51% das pessoas ouvidas acham que migrantes em busca de melhores oportunidades econômicas se passam por refugiados para conseguir ser aceitos em outros países.

Há também pessimismo em todos os países em relação à chance de os refugiados se adaptarem à realidade do novo país. Apenas 41% dos ouvidos acham que a integreação pode ocorrer de forma bem-sucedida.


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