28/03/2024 - Edição 540

Mundo

Atentado em Nice mata mais de 80 e deixa 50 entre a vida e a morte

Publicado em 15/07/2016 12:00 -

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

A cidade de Nice, no sul da França, foi alvo de um atentando terrorista na noite de quinta-feira, dia dos festejos de 14 de julho (festa nacional francesa). Um caminhão atropelou – pouco antes das 23h (horário local) – uma multidão que estava na Promenade des Anglais, a principal avenida litorânea da cidade, assistido a um espetáculo de fogos de artifício.

Dezenas de pessoas morreram atropeladas – 84, segundo o último balanço provisório do Governo – e outras centenas ficaram feridas. Cerca de 50 pessoas se encontram entre a vida e a morte: "Há cerca de 50 pessoas que estão em emergência absoluta, quer dizer, entre a vida e a morte. Entre essas vítimas, há franceses e muitos estrangeiros vindos de todos os continentes, e há crianças, muitas crianças", disse o presidente François Hollande.

O autor do atentado, Mohamed Lahouaiej Bouhlel, morto por policiais, é um cidadão francês de origem tunisiana, de 31 anos de idade, motorista de caminhão que tinha antecedentes por crimes comuns e violência doméstica, mas não por possíveis ligações com terrorismo, segundo Paris.

O terrorista tinha alugado o caminhão que investiu contra a multidão na comuna francesa de St. Laurent du Var, não muito longe de Nice, e deveria ter devolvido o veículo no dia 13, véspera do atentado, segundo os dados do contrato feito com a empresa Via Location.

Que o ato terrorista tenha ocorrido no dia da festa nacional francesa possui um forte simbolismo, já que este 14 de julho se transforma em uma demonstração de unidade ao redor das forças armadas, envolvidas nas frentes do Oriente Médio e da África para lutar contra os jihadistas. Nenhum grupo reivindicou ainda a autoria do atentado.

Estado de Emergência

Após o ataque, Hollande prorrogou o estado de emergência no país por mais três meses. Além disso, foi decretado luto oficial de três dias.

"A França como um todo está sob ameaça do terrorismo islâmico. Nós temos que demonstrar absoluta vigilância e uma determinação inabalável. Vamos intensificar nossos ataques na Síria e no Iraque. Vamos perseguir aqueles que nos ameaçam”, disse o mandatário. O estado de emergência dá poderes extras de detenção para a polícia e amplia outras medidas de segurança no país.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, afirmou que o país vive "uma nova era" e que a "França terá de conviver com o terrorismo". Já André Jacob, ex-chefe do departamento de segurança contra terrorismo da Bélgica, disse que este tipo de atentado é "impossível de prevenir, mesmo se houver pistas [dos ataques]".

Onda de ataques

O ataque de quinta-feira em Nice é o quinto grande atentado a acontecer na Europa desde janeiro de 2015. Apesar do reforço da segurança, as autoridades europeias não conseguiram evitar a ação dos terroristas.

No primeiro deles, em 7 de janeiro de 2015, os irmãos franceses de origem argelina Said e Chérif Kouachi abriram fogo na redação do jornal satírico "Charlie Hebdo", matando 12 jornalistas.

Em nome da Al Qaeda na Península Arábica, sediada no Iêmen, os Kouachi agiram em coordenação com Amedy Coulibaly, que matou uma policial em uma emboscada e quatro pessoas em um mercado kosher de Paris dois dias após a primeira ação

Foi com Coulibaly que, pela primeira vez, apareceu o nome da milícia radical Estado Islâmico envolvida em um ataque europeu. Em vídeo, ele jurou lealdade à facção.

Nove meses depois viria o atentado mais mortífero. Em 13 de novembro, os extremistas mataram 130 pessoas em ataques armados e explosões de homens-bomba em três locais diferentes da capital francesa.

Os alvos eram lugares de lazer, lotados em uma noite de sexta-feira. O maior número de vítimas saiu da casa de shows Bataclan, onde 89 pessoas morreram após serem baleadas pelos terroristas.

Também foi a primeira ação coordenada do comando da milícia terrorista com uma célula europeia. A maioria dos autores veio da Bélgica e foram ao campo de batalha na Síria e no Iraque.

A mesma célula voltaria a atacar em 22 de março deste ano em Bruxelas, sua cidade de origem. Os terroristas mataram 32 pessoas e feriram mais de cem em uma estação de metrô e no aeroporto.

Um novo terminal aéreo foi atacado em junho, desta vez o aeroporto internacional Mustafa Kemal Atatürk, em Istambul, provocando a morte de 45 pessoas em 28 de junho. O governo turco atribuiu este atentado a bomba à milícia, embora os extremistas não o tenham reivindicado.


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *