18/04/2024 - Edição 540

Saúde

Plano de saúde financiou ministro que quer rever SUS

Publicado em 19/05/2016 12:00 -

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

O ministro da Saúde, deputado federal licenciado Ricardo Barros (PP-PR) – que na terça (17) defendeu uma revisão do tamanho do SUS (Serviço Único de Saúde)–, teve a campanha eleitoral financiada em parte por um dos principais operadores de planos de saúde do país.

O empresário Elon Gomes de Almeida fez uma doação pessoal de R$ 100 mil à campanha de Barros em 2014. Ele é presidente da Aliança, administradora de planos de saúde e registrada na ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), órgão regulador do setor e vinculado ao ministério de Barros.

Tratou-se do maior doador individual de Barros na disputa – ele arrecadou ao todo R$ 3,1 milhões naquele ano.

Na disputa eleitoral de 2014, Almeida também fez doações individuais aos candidatos Carlos Sampaio (PSDB-SP), um dos principais articuladores na Câmara para o impeachment de Dilma Rousseff, com R$ 100 mil, Eliana Calmon (PSB-BA), com R$ 100 mil, e Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB). A campanha de Vital, então candidato ao governo da Paraíba e hoje ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), recebeu R$ 600 mil como doação pessoal de Almeida.

No ano passado, Elon Almeida se tornou um dos alvos da Operação Acrônimo, desencadeada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal para investigar os negócios do empresário Benedito Rodrigues, o Bené, próximo do então ministro do governo Dilma e hoje governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT-MG).

Em dezembro passado, a PF cumpriu, com autorização do STJ (Superior Tribunal de Justiça), um mandado de busca e apreensão na casa de Almeida em Brasília depois que descobriu que uma outra firma dele, a Support, fez um pagamento de R$ 750 mil para o que a PF considera firmas de fachada operadas por Bené. À época, Almeida divulgou que se tratava de um negócio privado com Bené.

Na campanha eleitoral de 2006, Ricardo Barros também recebeu doação de outro plano de saúde, a Unimed de Maringá (PR), com R$ 20 mil.

Mais tarde, na terça (17), Barros voltou atrás de suas declarações, e afirmou que o SUS (Sistema Único de Saúde) "está estabelecido" e que não deve rever o tamanho do sistema.

O ministro ainda afirmou que é preciso rever os gastos com a Previdência, assim como ocorreu em outros países, mas não o acesso à saúde.

Outro Lado

O empresário Elon Almeida afirmou que "conhece o engenheiro civil e atualmente ministro Ricardo Barros há alguns anos" e confirmou que fez "uma doação pessoal, devidamente registrada na forma da lei". Sobre as investigações relativas ao empresário Benedito Oliveira, a nota informa que "as informações […] estão sendo prestadas às autoridades competentes".

A assessoria do ministro informou, também em nota, que "nas quatro vezes que [Barros] foi eleito deputado federal, teve suas contas de campanha aprovadas pelo TRE do Parana, atendendo as exigências previstas na legislação". Segundo o ministério, a doação "do cidadão Elton Almeida" representou apenas 3,1% do total arrecadado pelo candidato naquela disputa. "Cabe esclarecer que em 2014 a legislação permitia as doações tanto de pessoas físicas quantos jurídicas, cabendo ao doador esse tipo de escolha."

Segundo a assessoria, o ministério "continuará atuando na melhoria da atuação dos planos de saúde no Brasil, por meio da Agencia Nacional de Saúde Suplementar", e a "atuação da gestão independe de relação partidária, jurídica ou pessoal. Uma gestão mais eficiente, bem como o aprimoramento das medidas de fiscalização e controle, das informações de saúde, está entre as prioridades apresentadas pela pasta".

Almeida informou, por meio de sua assessoria, que não se considera "dono" de plano de saúde, mas sim que tem "participação minoritária em uma administradora de benefícios a Aliança que representa usuários de planos coletivos junto aos planos de saúde na contratação de cobertura e negociação de reajustes, entre outras funções". "A Aliança é administradora de serviços regular que representa os usuários e que contrata um plano de saúde de acordo com os interesses deles", diz a assessoria, em nota.

A assessoria de Almeida confirmou, que a Qualicorp – que se apresenta em seu site na internet como "a maior administradora de planos de saúde coletivos do Brasil" – é sócia da Aliança.


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *