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Cruz Vermelha e MSF cobram ação da ONU contra ataques a hospitais

Publicado em 29/04/2016 12:00 -

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O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) defenderam que a ONU aprove uma resolução para proteger as pessoas que oferecem cuidados médicos em zonas de conflito, e que faça com que a resolução seja seguida.

Em um artigo publicado no jornal britânico "The Guardian", Peter Maurer, presidente do CICV e Joanne Liu, presidente internacional do MSF, criticaram os ataques a hospitais e clínicas médicas em conflitos internacionais.

As entidades criticaram os ataques aéreos que, na quarta (27), mataram pelo menos 50 pessoas no hospital de campanha Quds -apoiado pelo MSF e pela CICV- e prédios vizinhos em Sukkari, na parte da cidade controlada por rebeldes que se opõem ao ditador Bashar al-Assad. Ao menos 14 pacientes e membros da equipe foram mortos.

O hospital era um dos principais centros médicos operando em Aleppo desde que a cidade se tornou profundamente dividida, em 2012. O Observatório Sírio de Direitos Humanos responsabilizou o regime de Assad pelos ataques e disse que, entre os mortos, haveria três crianças e seis membros da equipe médica, incluindo um dentista e um dos últimos pediatras na área opositora na cidade.

A ONU "deve enviar uma mensagem política poderosa de que médicos precisam ser protegidos. Todas as partes em um conflito armado devem cumprir totalmente suas obrigações pela lei internacional, incluindo as leis humanitárias. E eles precisam deixar claro o respeito pela oferta de cuidados médicos imparciais em tempos de conflitos", diz o artigo.

Além disso, dizem, a ONU precisa exigir que as partes envolvidas em conflitos desenvolvem medidas eficientes na prevenção de violência contra equipes médicas. E precisa também permitir investigações independentes e imparciais em casos em que essas equipes sofrem ataques.

"A resolução da ONU oferece uma oportunidade. Uma oportunidade para traçar uma linha na areia e previnir futuros ataques como o de Aleppo. Os Estados têm a responsabilidade moral e legal de agir, de proteger a população em meio a conflitos armados. A hora de agir é esta."

Rotina

O artigo alega que este tipo de ataque a hospitais deixaram de ser casos isolados. "Do Afeganistão à República Centro Africana, do Sudão do Sul ao Iêmen e à Ucrânia, ambulâncias, hospitais e centros de saúde foram bombardeados, saqueados, quemados e destruídos. Pacientes foram mortos em suas camas; trabalhadores da área de saúde foram atacados enquanto resgatavam feridos", diz.

Segundo o texto, uma perigosa complacência está sendo desenvolvida e estes ataques estão começando a ser vistos como a regra. Eles são parte do funcionamento dos conflitos armados de hoje, em que civis e infraestrutura civil são alvejados, e mercados, escolas, casas e clínicas médicas são vistos como 'alvos justos'".

"Entre 2012 e 2014, em apenas 11 países, o CICV documentou cerca de 2.400 ataques contra trabalhadores da área de saúde, pacientes, prédios de clínicas médicas e transporte", diz. "Em 2015, 75 hospitais do MSF e associados ao MSF dofreram 106 bombardeios", complementa.

"O que estamos testemunhando é um ataque contínuo e um total desrespeito pela oferta de cuidados médicos em tempos de conflitos."


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