20/04/2024 - Edição 540

Poder

Dilma diz na ONU que brasileiros impedirão retrocesso

Publicado em 22/04/2016 12:00 -

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A presidente Dilma Rousseff afirmou na Assembleia Geral das Nações Unidas que o país vive um momento "grave" e que os brasileiros saberão impedir "um retrocesso". A afirmação foi feita ao final de seu pronunciamento desta sexta (22) na cerimônia de assinatura do Acordo do Clima de Paris, na sede da ONU em Nova York.

Sem mencionar a palavra golpe, a presidente concluiu seu pronunciamento centrado no tema climático fazendo um desvio para abordar a crise política no Brasil.

"Não posso terminar minhas palavras sem mencionar o grave momento que vive o Brasil. A despeito disso, quero dizer que o Brasil é um grande país, com uma sociedade que soube vencer o autoritarismo e construir uma pujante democracia. Nosso povo é um povo trabalhador e com grande apreço pela liberdade. Saberá, não tenho dúvidas, impedir qualquer retrocesso", disse.

Ela agradeceu ainda "a todos os líderes que expressaram sua solidariedade".

A presidente chegou a Nova York na noite de quinta e foi recebida por uma manifestação de brasileiros contra o impeachment na entrada da residência do embaixador do país na ONU, Antonio Patriota, onde ela está hospedada. Segundo sua assessoria, sua agenda inclui um almoço na sede da organização e um encontro com jornalistas estrangeiros. Ela ainda não decidiu se voltará ao Brasil ainda nesta sexta ou se deixará o retorno para o sábado.

Integram a comitiva de Dilma os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, além do assessor internacional da presidência, Marco Aurélio Garcia. Um assessor de Dilma negou que ela tenha decidido participar da cerimônia para denunciar o golpe na tribuna da ONU. Reconheceu que a vinda a Nova York estava relacionada com seu desejo de se defender contra o impeachment, porém de modo mais sutil, ressaltando um ponto positivo de seu governo relacionado a um tema global.

Conspiração

O jornal americano "The New York Times", um dos mais renomados do mundo, publicou em sua edição desta sexta-feira (22), uma entrevista com o vice-presidente da República, Michel Temer.

Publicada antes do pronunciamento da presidente Dilma Rousseff, a entrevista foi parte de uma contraofensiva lançada por Temer na imprensa internacional para rebater a tese de que o possível afastamento da presidente representaria uma ruptura da ordem institucional do país.

"Não quero que pareça que estou conspirando para tomar o poder", disse Temer ao jornalista Simon Romero, do "NYT"

Apresentando-o como um político impopular e sob escrutínio do público e da Justiça, o diário americano cita recente pesquisa do Datafolha, que mostra Temer com apenas 2% das intenções de voto para as eleições presidenciais de 2018.

Na entrevista, o vice-presidente também abordou a sua relação pessoal com Dilma, e afirmou que a última vez em que falou com a presidente foi no final do mês de janeiro. "Passei quatro anos no absoluto ostracismo. Nós não éramos amigos porque ela não me considerava um amigo"

Na publicação, Temer ainda rechaça as afirmações de Dilma e de aliados do governo de que há um 'golpe' em curso. "O impeachment é permitido pela Constituição brasileira", diz.

Perguntado sobre os escândalos de corrupção de aliados e de membros de seu partido, e especificamente sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, Temer se esquivou: "É um assunto para o STF decidir". Sobre a Operação Lava Jato, o político afirmou que a corrupção "está sendo combatida como se deve"

O diário americano ainda menciona as dificuldades encontradas pelo político para a formação de um possível novo governo, citando a recusa do economista Armínio Fraga em participar de um eventual governo Temer e a hesitação do PSDB em se aliar ao vice-presidente.

Depois de elogiar ex-presidentes americanos como Theodore Roosevelt e Franklin D. Roosevelt, Temer afirma querer montar um "governo de unidade nacional" e um "governo de otimismo". "É necessário dar luz à esperança de novo", conclui o vice-presidente.


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