25/04/2024 - Edição 540

Poder

Tucanos defendem impeachment e acusam PT de dividir o país

Publicado em 15/04/2016 12:00 -

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Maior partido de oposição no Congresso Nacional, o PSDB levou seus cinco representantes à tribuna da Câmara nesta sexta (15) para reafirmar a posição favorável ao impeachment e acusar a presidenta Dilma Rousseff de ter cometido crime de responsabilidade e fraude fiscal.

O primeiro, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), disse que a presidenta mentiu sobre a situação fiscal do país para se reeleger, enganando os eleitores e as instituições fiscalizadoras. “Quando era questionada sobre a situação dizia "estamos de pé, estamos firmes, superavitários". Era mentira! O Brasil já estava de joelhos”, disse o deputado.

Sampaio também criticou a defesa da presidenta Dilma, feita pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, na manhã de hoje. O deputado tucano disse que Cardozo fez uma defesa “imprestável” e “amesquinhou o papel da AGU” ao defender a presidenta e seu cargo. “Imprestável é a defesa de Vossa Excelência, que perdeu de oito a dois na mais alta corte”, disse o deputado, em referência ao pedido da AGU para que a sessão sobre a admissibilidade do impeachment fosse suspensa e que foi rejeitado pelo Supremo Tribunal Federal.

Os líderes tucanos também abordaram a divisão política que vem sendo observada no Brasil e responsabilizaram o governo e PT por ela. Para o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), ambos jogaram a população em dois lados e alimentam as divergências. “Dividiu o branco contra o negro, o religioso contra o ateu, o índio contra o produtor. Não podemos continuar assim, nós somos filhos de uma mesma pátria. O PT não pode continuar dividindo o Brasil”, disse.

Bruno Araújo (PSDB-PE) ressaltou que “é hora de unir o Brasil” e disse que o impeachment servirá para que as instituições brasileiras mostrem que “há limites” ao governo. “Se não agirmos dessa forma outros governantes poderão incorrer na mesma irresponsabilidade e ilegalidade. Poderão cometer crimes contra a população e a Constituição para se manter no poder a qualquer custo”, afirmou.

Antes dos deputados falaram pelo partido, o deputado Antônio Imbassahy usou tempo de líder para também discursar a favor do impeachment. Para ele, esse “é o remédio jurídico que deve ser aplicado contra a presidente da República que cometeu crime de responsabilidade”.

“O que ficou evidente, durante toda a discussão, é que seus defensores não negam as infrações à legislação. Apenas tentam tumultuar a discussão e desviar o seu foco central, que são os crimes praticados”, afirmou o líder.

Para ele, a defesa da presidenta não negou que ela tenha cometido crime, apenas alegou que outros também tinham incorrido nas mesmas práticas, admitindo assim o desrespeito à Constituição. “De uma presidente da República que não respeita nem a Constituição, tudo pode se esperar. Restou comprovado que a presidente, ao maquiar as contas públicas e ao emitir decretos de suplementação de verbas sem autorização do Congresso Nacional, infringiu a Lei Orçamentária, a Lei de Responsabilidade Fiscal e praticou crimes de responsabilidade”, afirmou.

Os partidos políticos têm tempo de uma hora cada um para discursar. O período pode ser dividido em até cinco oradores escolhidos pelo próprio partido. Antes do PSDB, já discursaram PT e PMDB. Ao todo, 25 partidos têm representação na Câmara e terão direito ao tempo.

Golpe

O líder do PT na Casa, deputado Afonso Florence (BA), afirmou que, ao contrário do que se propaga no Congresso, a oposição não tem votos suficientes para que a Câmara autorize o processo de impedimento da presidenta Dilma Rousseff.

“Não haverá uma eleição. Dilma não será derrotada e não será eleita a chapa Temer-Cunha, porque eles não têm, não tiveram e nunca terão os 342 votos 'sim'”, disse ao acusar o vice-presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), ambos do PMDB, de conspirar e tentar criar uma onda pró-impeachment.

Florence citou uma pesquisa do Instituto Vox Populi na qual, segundo ele, 58% da população se manifestam contra o impeachment. “Por isso, esta velocidade toda do deputado Cunha para colocar esta votação [em andamento]. O que sustenta esta realidade não é o PT ou governo Dilma é uma consciência democrática de massa. Hoje, de um lado da foto estão os que sempre defenderam o regime militar e os contra são os que defendem a democracia.”

O líder do PT exaltou os parlamentares dissidentes que não comparecerão à votação de domingo (17) e os que deverão se abster para se proteger do que chamou de “sanha de ameaça” por se manifestar contrariamente à posição de seus partidos, favoráveis ao impedimento da presidenta.

Constituição

Vice-líder do governo, Paulo Teixeira (SP), afirmou que não há crime de responsabilidade e não haverá impeachment. “Nossa constituição não prevê retirar um governo por baixa popularidade. Não existe voto de confiança que é próprio do parlamentarismo. Não há renúncia, não há novas eleições e não há impeachment. Isto não é impeachment, isto é golpe parlamentar contra a sociedade brasileira. Estão querendo tirar do povo brasileiro o poder de escolher o presidente da República.”

Teixeira destacou que a Constituição define que para o impeachment de presidente da República é necessário que haja crime de responsabilidade e disse que esses crimes são classificados como os que atentam contra a Carta Magna. “Quem atenta contra a constituição, contra a democracia brasileira e contra o povo brasileiro são os que propõem o impeachement. Estes atentam contra a soberania popular”, afirmou. O deputado voltou a afirmar que o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) não tem fundamento jurídico ou comprova qualquer das acusações contra a presidenta. “Não vão conseguir. É podridão e da podridão não nasce o novo, não nasce esperança. Sem legitimidade não se pode querer governar o país”, completou.

Programas sociais

Benedita da Silva (PT-RJ) lembrou de sua história e ascensão social, destacando a importância de programas sociais para a população de mais baixa renda, implementados desde o primeiro governo petista, sob o comando de Luiz Inácio Lula da Silva. A parlamentar afirmou que crime de responsabilidade é deixar a população passando fome. Segundo ela, o partido, na sessão desta sexta-feira, está com a missão de defender homens e mulheres que marcharam até Brasília em busca de uma Constituição cidadã.

“É esta constituição que estamos neste momento para cuidar, para que não seja rasgada”, afirmou. Numa fala direcionada para o povo brasileiro, destacou que para o país continuar crescendo não é preciso tirar uma pessoa “limpa e honesta que não tem dinheiro guardado em outro lugar”, fazendo uma referência a outros políticos, como o próprio presidente da Câmara, investigado por suspeitas de manter contas secretas no exterior.

“Não vai ter golpe, vai ter luta”, disse o deputado João Daniel (SE), ao iniciar seu discurso. O parlamentar alertou que o país está correndo um “sério” risco de “caminhar para frente ou pelo retrocesso”.


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