20/04/2024 - Edição 540

Meia Pala Bas

A derrota do conservadorismo

Publicado em 15/04/2016 12:00 - Rodrigo Amém

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Escrevo esta coluna na sexta-feira 15 de abril de 2016. Em dois dias, o Brasil vai parar (futebol, inclusive) para ver a votação do Impeachment. Ainda que eu tenha meus palpites, não posso adivinhar o resultado. Quer dizer, tecnicamente, até posso. Afinal, a chance de tudo na vida é de 50%. Ou acontece, ou não.

Mas isso não importa, no final das contas. A longo prazo, o Brasil de segunda-feira não fará diferença. Um fato inexorável da experiência humana é a derrota do conservadorismo e a evolução da civilização. Ainda que aconteçam imprevistos, a democracia e o progresso sempre ganham no final.

Apesar das críticas de que a interferência na economia escravista inviabilizaria a agricultura no país, a escravidão foi abolida. E, apesar da oposição sistemática da igreja católica, aprovamos a lei do divórcio.

Nossos preconceitos, nossos dogmas, nossas convicções primatas serão varridas para debaixo do tapete da história.

O deputado Tito Lívio afirmou, em 1821, que as mulheres tinham "cérebros infantis" e um "retardo evolutivo" em relação aos homens. Ainda assim, estabelecemos o sufrágio feminino e a luta por igualdade de gêneros avança a cada dia.

Mesmo com uma parcela da sociedade inexplicavelmente investida em garantir que seus filhos não sejam expostos a diferentes visões de mundo, o Efeito Flynn demonstra que ficamos mais inteligentes a cada geração. Para o desespero dos conservadores, seus filhos não serão como eles. Serão melhores. Assim caminha a humanidade.

Essa é a mensagem de esperança que estes dias nublados trazem. Nossos preconceitos, nossos dogmas, nossas convicções primatas serão varridas para debaixo do tapete da história. As gerações futuras olharão para nossos atos com o mesmo constrangimento que destinamos aos apoiadores da Inquisição. O futuro terá vergonha de nós e do nosso momento histórico mesquinho.

O Brasil caminha para o futuro, ainda que pare para consultar o GPS, vez ou outra. E, mesmo que o fanatismo queime livros e pensadores no fogo da ignorância, sempre haverá uma renascença. Todo Torquemada sempre dará lugar a um DaVinci.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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