26/04/2024 - Edição 540

Palavra do Editor

Em nome de quem?

Publicado em 26/02/2016 12:00 -

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Uma criança de 4 anos e 8 meses torturada pela própria família em rituais de “magia negra”. É preciso ler e reler diversas vezes para assimilar a dimensão do horror. O corpo arrebentado, o rosto deformado, a alma esmagada pela monstruosidade humana. Uma monstruosidade que não é novidade na longa história de aberrações que os homens têm imprimido contra seus semelhantes em nome do divino.

Não, o caso desta criança não é novidade, embora nos estarreça. Desde que nos escondemos nas cavernas temerosos pelo estrondo dos trovões e pelo brilho ofuscante dos raios, a fé e as religiões têm sido responsáveis por expressões genuínas de civilidade e bondade, mas, também, pelos mais bárbaros atos de crueldade.

Na construção da civilização, populações inteiras sofreram sob o tacão do preconceito religioso, milhões foram torturados e mortos sob a égide dos fundamentalismos.

E assim vamos em frente, certos de que somos abençoados por algum ser superior que nos legitima toda e qualquer barbaridade perpetrada em seu nome.

No ocidente, o Império Romano crucificou milhares de cristãos e jogou outros milhares às feras, nos combates que divertiam o “populo” nas comemorações oficiais. Na Idade das Trevas e na Idade Média, judeus eram massacrados, enquanto nas Américas as civilizações pré-colombianas sacrificavam inimigos e cidadãos para aplacar a fúria dos deuses.

Em nome de Jesus Cristo, hordas de fanáticos marcharam para o oriente durante as Cruzadas, afim de retomar a “terra santa” e garantir um lugar no céu, deixando para trás um mar de corpos dilacerados.

Para garantir a salvação das almas, a Santa Inquisição perseguiu,  trancafiou, torturou e matou milhares de pessoas nos seus 386 anos de atuação como tribunal eclesiástico. Em nome de Deus, os conquistadores exterminaram civilizações inteiras entre a América do Sul e a América do Norte.

Os séculos passaram e a barbárie recrudesceu. Milhões de judeus e milhares de testemunhas de Jeová foram exterminados sob a loucura do nazismo. No Oriente Médio, judeus, cristãos e muçulmanos vem se matando há séculos embora mantenham as mesmas origens religiosas. Mais recentemente, o fundamentalismo islâmico tem perpetrado os mais horrendos crimes contra a humanidade.

Para louvar divindades, os seres humanos se agridem, se matam, torturam e matam animais.

E assim vamos em frente, certos de que somos abençoados por algum ser superior que nos legitima toda e qualquer barbaridade perpetrada em seu nome.

Até quando?


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