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Viver Bem

Versão mais potente do chá-verde tem 137 vezes mais antioxidantes

Publicado em 18/02/2016 12:00 -

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Moída após um cultivo especial, a mesma folha do chá-verde dá origem a um pó que pode ser consumido na forma de infusão ou misturado aos alimentos. É o matcha, o chá mais vendido nos Estados Unidos no ano passado, e que tem apresentado resultados interessantes em pesquisas.

"Em testes feitos com ratos, observou-se que o matcha pode reduzir os níveis de colesterol total e triglicerídeos e aumentar os níveis de colesterol bom, além de acelerar a perda de gordura corporal e circunferência da cintura e prevenir alguns tipos de câncer", explica a nutricionista Juliana Burger.

Ele contém cafeína, que proporciona sensação de alerta, além de catequinas, fitoquimicos que ajudam a prolongar o pico de energia gerado pelos alimentos. Graças ao aminoácido L-teanina, o matcha tem ainda efeito anti-estresse e neuro protetor. Relaxante, diminui a produção de cortisol, melhora o humor e atua sobre as ondas alfa -um tipo de onda cerebral ligado à tranquilidade e à concentração.

"Os efeitos mais comprovados são a prevenção do câncer por conta dos antioxidantes, que previnem danos à estrutura celular, e o controle do peso, por conta da ação termogênica da cafeína", diz a nutricionista Flávia Noeli de Souza Infante.

Na produção do matcha, as folhas da Camellia sinensis são protegidas do sol com uma lona um mês antes da colheita. Depois de colhidas, elas são enroladas e expostas ao vapor d'água. Secam naturalmente, sofrendo oxidação e preservando seus polifenóis naturais. No fim, são moídas e transformadas em um pó verde vivo.

Com uma atividade antioxidante 137 vezes superior à do chá-verde convencional, o matcha tem um gosto parecido com o de seu concorrente, só que menos amargo, e seu pó pode ser usado em receitas ou misturado a bebidas quentes ou frias.

Para sentir os benefícios, é preciso ingerir pelo menos três xícaras (ou seis gramas de pó de chá) por dia durante três meses. O preço não é dos mais amenos: 30 gramas de matcha puro não saem por menos de R$ 23, o que equivale a R$ 138 por mês para seguir a quantidade recomendada.

Drinque de chá

Há ainda opções de bebidas e preparações à base de matcha, como sucos de saquinho e cappuccinos. "Mas, além de serem quase todos cheios de açúcar e ingredientes artificiais, não dá para saber a quantidade exata de chá que se está consumindo nesses produtos", alerta Burger. Já as cápsulas contém apenas chá e são uma opção para quem não gosta do sabor.

Do ponto de vista nutricional, não muda nada consumir o matcha em uma bebida quente ou fria. "Misturá-lo a sucos de frutas cítricas ou espremer um limão no chá melhora sua absorção por conta do pH ácido e da vitamina C", explica Infante.

Já o uso culinário pode trazer alguma perda de catequinas durante o aquecimento, mas não há estudo que estabeleça o nível de perda. "Tudo indica que em cozimentos a até 100ºC a perda seja baixa", diz a nutricionista.

O pó já virou até ingrediente de drinques. "Tem um pigmento interessante e o sabor levemente amargo combina com destilados. É possível fazer drinques mais leves com ele, escolhendo bebidas de teor alcoólico menor e adoçando com agave", diz o mixologista Marco de la Roche.

O chá estimula a produção de enzimas hepáticas, o que pode amenizar o efeito do álcool. "Mas não chega a compensar o consumo", esclarece Infante.

Mais de 40% da produção mundial de matcha vem da província de Shizuoka, no Japão. Atualmente, o país chega a produzir mais de 1.780 toneladas desse chá por ano. A maior parte dessa produção serve ao consumo interno e à exportação para os Estados Unidos, segundo maior consumidor mundial da bebida.

No Brasil, o chá já era vendido em mercados da Liberdade, mas somente a partir de 2014 é que passou a ser importado em massa e comercializado por marcas locais. Hoje o Brasil importa mais de dez toneladas de matcha por mês e é possível encontrá-lo em supermercados e em casas de produtos naturais.


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