25/04/2024 - Edição 540

Poder

Ministério Público intima Lula a depor sobre tríplex como investigado

Publicado em 29/01/2016 12:00 -

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua mulher, Marisa Letícia, foram intimados pelo Ministério Público de São Paulo a depor sobre o tríplex no condomínio Solaris, em Guarujá (SP), na condição de investigados.

Também foram chamados o dono da OAS, Léo Pinheiro —preso na Operação Lava Jato—, e o engenheiro da empreiteira Igor Pontes, que teria participado de uma reforma no imóvel.

O depoimento do ex-presidente foi marcado para o dia 17 de fevereiro, e o pedido foi feito pelo promotor Cássio Conserino, que diz haver indícios de que os investigados tentaram esconder a real identidade do apartamento, situação que configuraria crime de lavagem de dinheiro.

O promotor afirmou que irá oferecer denúncia à Justiça contra o ex-presidente, informação publicada pela revista "Veja" no último fim de semana.

Há dois dias, a 22ª fase da Operação Lava Jato, denominada Triplo X em referência ao tríplex, tinha entre os alvos as transações envolvendo o imóvel.

Em seu despacho sobre a operação, o juiz federal Sergio Moro afirma haver a suspeita de que a empreiteira OAS "teria utilizado o empreendimento imobiliário no Guarujá para repasse disfarçado de propina a agentes envolvidos no esquema criminoso da Petrobras".

Outro imóvel ligado a Lula, um sítio em Atibaia que está em nome de sócios de um filho do petista, também está sendo investigado. Outra empreiteira, a Odebrecht, realizou uma reforma no local, gastando cerca de R$ 500 mil só em materiais, segundo Patrícia Fabiana Melo Nunes, 34, à época proprietária do Depósito Dias, loja que forneceu produtos para a reforma no sítio.

A propriedade rural, de 173 mil m² (o equivalente a 24 campos de futebol), está dividida em duas partes. Uma delas está registrada em nome de Fernando Bittar, filho de Jacó Bittar, amigo que fundou o PT com Lula. A outra pertence formalmente ao empresário Jonas Suassuna, sócio, assim como Bittar, de Fábio Luís da Silva, o Lulinha, filho do e­­x-presidente.

Devassa

O Palácio do Planalto já espera uma espécie de devassa na vida de Lula de agora em diante. Assessores próximos à presidente Dilma Rousseff afirmam ter a impressão de que as investigações da Polícia Federal devem se perpetuar até as eleições de 2018. Se tal hipótese se concretizar, avaliam que o cenário é positivo para a oposição, que já possui como trunfos a própria investigação, o péssimo cenário econômico e o desdobramento de CPI (Comissões Parlamentares de Inquérito) no Congresso.

Em mensagem publicada nesta sexta (29) em sua página no Facebook, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou, sem citar nomes, que "estão tentando derreter o Lula para destruir o PT".

"Eles sabem qual é a liderança, qual é a força política que tem o PT. Isso já vinha antes de a gente ter a Presidência [da República]. Tem uma série de episódios para tentar destruir o PT e destruir o Lula. São os mitos: casa do Morumbi, fortuna do Lula, conta no exterior, uma série de ataques. Não passarão", escreveu Falcão em sua nota.  

Barco

Marisa Letícia, mulher de Luiz Inácio Lula da Silva, adquiriu um barco e mandou entregá-lo em um sítio na cidade de Atibaia (SP) que é frequentado pela família do ex-presidente.  O negócio, comprovado por nota fiscal, demonstra a relação próxima de Lula com a propriedade.

A nota fiscal com o nome da Marisa Letícia registra a compra de embarcação de alumínio com seis metros de comprimento, modelo Squalus 600, da marca Levefort, com capacidade para cinco pessoas, sem motor.

O negócio foi concretizado em 27 de setembro de 2013 pelo preço de R$ 4.126,00 (cerca de R$ 5.000, em valores atualizados), de acordo com o documento fiscal apresentado pela empresa Alumax, do grupo Levefort.

A direção da companhia informou que a venda direta foi feita pela loja Miami Náutica, situada no bairro do Ipiranga, na zona sul da capital paulista.


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