25/04/2024 - Edição 540

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Homens e cães: cientistas procuram origem de uma velha amizade

Publicado em 27/01/2016 12:00 -

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Um projeto internacional de criação de uma base de dados genéticos dos cães, que permita lançar novos estudos para destrinçar o misterioso passado da relação entre seres humanos e cães, está neste momento em curso e pode começar a dar frutos já este ano.

Seres humanos e cães entendem-se às mil maravilhas mas, apesar da estreita amizade, a forma como os laços entre ambos nasceram é ainda hoje um grande mistério. Não se sabe sequer se foram os humanos que começaram a domesticar lobos até transformar alguns deles em cães, ou se foram alguns lobos menos agressivos que viram vantagens em se sentar perto dos humanos para ganhar os restos da sua comida, e foram ficando, e forjando a aliança que marca a relação entre ambos.

As duas teorias coexistem entre os cientistas que trabalham nesta área e, para tirar teimas, foi lançado um grande projeto para a criação de um banco de dados genéticos de cães, por iniciativa de Greger Larson, biólogo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, noticiou o The New York Times.

Os dados, que estão a ser compilados sob a forma de amostras de osso recolhidas em vários museus de história natural do mundo, vão permitir também, como esperam os cientistas, levantar o véu sobre outros mistérios: o do momento e das regiões em que se deu a aproximação entre lobos e seres humanos. Há 15 mil anos, há 30 mil, há mais?

Tudo aponta para que terá sido há cerca de 30 mil, ou um pouco mais, e que isso tenha acontecido na Europa, no Médio Oriente e Ásia, mas estes ainda são conhecimentos vagos demais.

Muitas esperanças num fóssil

Uma das peças centrais em toda esta história de detetives é um fóssil com 32 mil anos, um crânio que parece ser de cão, e que foi encontrado numa caverna, em Goyet, na Bélgica.

O seu estudo preliminar foi feito pela equipa da paleontóloga Mietje Germonpré, do Instituto Real Belga de Ciências Naturais, com base na informação genética mitocondrial – o ADN que existe numa pequena estrutura celular, a mitocôndria, e que só é passado à descendência por linha materna.

Só que, esta informação genética é diminuta, quando comparada com a que está guardada no núcleo das células, e portanto houve na comunidade científica quem duvidasse dos resultados do estudo, que apontam para que o fóssil seja de cão – e, nesse caso, um dos primeiros que socializaram com humanos, dada a sua idade.

Larson, em Oxford, foi um dos manifestou dúvidas, pelo que estão agora a ser feitos estudos genéticos mais aprofundados para tirar teimas. Não é tarefa simples, porque as semelhanças genéticas entre cães e lobos podem ser um quebra-cabeças para quem está à procura de uma assinatura genética inquestionável, mas Larson espera que ela possa ser encontrada, uma vez que as comparações se tornaram também mais fáceis com o novo banco de dados. Os cientistas esperam ter resultados em breve.


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