20/04/2024 - Edição 540

True Colors

Meus desejos para 2016

Publicado em 24/12/2015 12:00 - Redação Semana On

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Entra ano e sai ano, e a gente se enche de esperança para começar uma nova fase, um novo ciclo de realizações. 2015 foi um ano punk, com muita violência, muito retrocesso e grande visibilidade da corrupção de que ainda estamos reféns. Neste ponto, foi um ano desesperador. Mas, a poucos dias de 2016, podemos dizer que, enfim, sobrevivemos. Estamos aqui, talvez não tão firmes, mas fortes. O ano que vem será simbólico, haverá resposta a toda agressão a qual fomos submetidos, a todo desrespeito que tivemos que lidar.

Tenho alguns desejos em especial que quero compartilhar. Sei que muitos deles podem não se realizar, mas podemos sonhar e agir para que a realidade a que almejamos se aproxime do nosso presente cada vez mais. Vamos lá?

1) Criminalização da homotransfobia – Não sei nem mensurar qual a real possibilidade disto acontecer em 2016. Creio que seja bem difícil, mas a criminalização da homotransfobia é fundamental, necessária para garantir a dignidade de LGBTs por meio na punição de seus agressores.

2) Despatologização das identidades trans – A OMS considera que pessoas transexuais e travestis são portadoras de transtornos mentais, que chamam de disforia de gênero, ou algo do tipo. A homossexualidade também foi considerada doença, mas o lobby do movimento e da academia apontou o caminho oposto e em 1990 ser gay deixou de ser doença. A ideia é que, com base nos estudos queer, que trazem o gênero como construção social, as identidades sejam despatologizadas, em processo semelhante ao de 1990. É demorado, é trabalhoso, mas é um caminho.

3) Direito ao uso de nome social – Na verdade, direito a mudar o nome pro completo no registro civil, sem essa de 'nome social', sem burocracia, com direito a usar o banheiro do gênero conforme se identifica e a iniciar a hormonoterapia quando quiser (e se quiser), sem autorizações de pais. Essa é uma questão humanitária, tratar pessoas trans com a dignidade que elas merecem.

4) Mais políticos LGBT eleitos, principalmente vereadores – Precisamos de representatividade e de pessoas que empoderem a bandeira LGBT nas câmaras municipais, prefeituras, no Congresso, enfim… Mas, principalmente, nas câmaras municipais, para que as pequenas conquistas no âmbito das cidades se reproduzam Brasil a fora. Para que as políticas municipais para pessoas LGBT ganhem força e protejam minimamente a dignidade dos LGBT.

5) Proibição da participação de entidades religiosas em decisões políticas – Aqui a coisa precisa ser bem debatida, mas de forma geral o que se pede é a garantia de um estado laico, em que as decisões governamentais, projetos de lei e afins sejam tomadas com base nos direitos humanos fundamentais, e não em crerás morais e religiosas.

Você gostaria de acrescentar algum desejo para 2016? Escreve aqui nos comentários! E feliz 2016, com desejos de muita paz, luz, garra, força e realizações. Este será o nosso anos!

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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