19/04/2024 - Edição 540

Comportamento

Felicidade não faz viver mais, mostra novo estudo

Publicado em 17/12/2015 12:00 -

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

A velha ideia de que a felicidade faz viver mais e melhor levou um forte tabefe científico na última semana com a publicação de um artigo na revista "Lancet". Na realidade, o mais provável é que o contrário aconteça: as pessoas que tem uma boa saúde acabam, de brinde, ficando menos doentes e menos tristes.

"Muitos acreditam que o estresse ou a infelicidade possam causar doenças de uma forma direta, mas eles só estão confundindo causa e efeito", afirma Richard Peto, da Universidade de Oxford, um dos cientistas do estudo UK Million Women (um milhão de mulheres do Reino Unido).

No fim das contas, boa parte das conclusões de outros artigos "pró-felicidade" não passavam de associações não causais, como aquela em que o café causaria câncer de pulmão – na verdade o causador é o cigarro, que está associado aos dois fatores.

Grandes estudos da área médica geralmente congregam algumas dezenas de milhares de participantes. Só assim algumas pequenas –mas importantes– relações conseguem ser evidenciadas.

Esse novo estudo avaliou mais de 800 mil mulheres de meia idade no Reino Unido ao longo de uma década e, apesar de o principal resultado ser negativo, outros pontos interessantes também surgiram.

Para apontá-los, os cientistas tiveram que estatisticamente "descontar" fatores de confusão como prática de exercícios, idade, região de origem, horas de sono, estado civil, entre outros.

A primeira surpresa é a idade. Foram acompanhadas mulheres entre 50 e 69 anos. Quanto mais velhas, mais felizes. Mulheres acima de 60 são, na escala da pesquisa, 40% mais felizes que aquelas com menos de 55.

Fumo e Bebida

O estudo colocou o tabaco e o álcool em lados opostos: quem fuma é geralmente menos feliz do que quem não fuma (quem parou de fumar fica no meio do caminho); quem ingere álcool, pouco ou muito, é mais feliz do que quem não bebe nada.

Outros fatores, como sono e exercícios vigorosos foram avaliados. Neste caso, quanto mais horas de atividade, mais felicidade. No caso do sono, a quantidade ótima parece ser de oito horas diárias –mais do que nove seria ruim e menos que sete ainda pior.

Outro achado é que a ignorância pode ser uma bênção, pelo menos para quem a bênção é a felicidade –quanto maior o nível educacional, mais infeliz em média era a senhora voluntária do estudo.

Participar de grupos, religiosos ou não, ou ter um parceiro também são um fator associado à felicidade, o que não é surpresa. Ter tido filhos ou ser nulípara não tem efeito sobre a felicidade.

Claro, quem tem doença fica mais triste. E, talvez surpreendentemente, o câncer traz menos tristeza que doença pulmonar obstrutiva crônica ou moléstias cardiovasculares.


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *