29/03/2024 - Edição 540

True Colors

O doce sabor da tarefa cumprida

Publicado em 13/11/2015 12:00 - Guilherme Cavalcante

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Um dia dedicado a combater a opressão, a XVI Parada LGBT de Campo Grande foi um show de civilidade, empoderamento e de organização. Sem registros de ocorrências, brigas, ou ações graves, o percurso da caminhada em pleno centro da cidade contemplou passar em frente as lojas abertas da Rua 14 de Julho, Cândido Mariano, 13 de Maio e Barão do Rio Branco, até chegar na Praça do Rádio – onde milhares se concentraram para curtir o 'Show da Diversidade', o momento de celebração de um dia voltado a protestos e reivindicações de direitos.

Este ano, o tema da Parada foi 'Direitos Iguais, nem menos, nem mais', mas o que se viu durante todo o dia foi a existência de um sub-tema, que é o reconhecimento de famílias cujos núcleos são diferentes (pais gays, mães lésbicas, filhos criados por avós, por tios, por irmãos, etc). "É preciso entender que quando se fala de família, não existe apenas um formato, mas diversos outros, e que este Estatuto da Família vem para segregar mais ainda a sociedade", falou a atual coordenadora da Comisão de Políticas Públicas para LGBTs da Prefeitura Municipal de Campo Grande, a travesti Cris Steffany.

No asfalto, membros de movimentos estudantis, a maioria da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), também empunhavam cartazes e faixas em crítica a Eduardo Cunha (PMDB), atual presidente da Câmara dos Deputados e uma das pedras nos avanços de direitos LGBT (e de outras minorias) no país. "As bi, as trans, as gays e as sapatão, tão tudo organizada para fazer revolução", gritavam o público.

Este anos, a programação inteira da Parada LGBT reuniu cerca de 7 mil pessoas ao longo do dia, já que desde as 8h da manhã o trabalho social de entidades já funcionava na Praça Ary Coelho, de onde partiu o cortejo. Além de aconselhamento e distribuição de preservativos, também foi realizado, pela ATMS (Associação de Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul), o exame de HIV por análise de fluido oral, que é absolutamente indolor, 100% gratuito, resultado sai na hora e é absolutamente sigiloso.

Por fim, o evento também foi um momento ótimo para conhecer novas pessoas, compartilhar histórias e experiências. "A gente se sente muito só, mas quando descobrimos que há pessoas na mesma situação, melhora tanto…", conta a estudante Marília Nogueira, que compareceu com a namorada ao evento.  "Vou ficar até o final, aqui é meu espaço de existência", completa.

Barbie também é coisa de menino

Mesmo que esse menino seja a coisa mais pintosa do mundo, ok? Isso, mesmo, queridos, parece que o jogo virou. Se em mais de 50 anos de existência, a publicidade da boneca Barbie (Mattel) sempre esteve voltado às meninas, agora é um menino que figura no anúncio, junto de outras duas garotas – a propósito, uma delas é de raça negra (tal qual como a boneca que segura).

Esta nova linha de bonecas foi feita em parceria com a grife Moschino. E conta-se que por ser uma edição limitada, esgotou em menos de uma hora depois de ser lançada. Mas isso são apenas pequenos detalhes…

O que importa realmente é esta propaganda.

Se a publicidade é a arte que imita a vida, ela só existe porque o mercado identificou que crianças de gênero masculino estão, sim, comprando bonecas. Sabe o que isso significa: pais mais tolerantes, crianças mais seguras de si e, principalmente, ambientes mais propícios à diversidade.

Há algumas semanas a Mattel já tinha, inclusive, lançado uma propaganda não-sexista dizendo que com as Barbies as meninas poderiam ser quem quisesse. E agora é esse mini Brendan Jordan segurando uma Barbie Moschino e ainda dizendo que ela e "fierce". Quer dizer, segura o forninho, Giovana. Os tempos mudaram, quer queiram ou não.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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