24/04/2024 - Edição 540

Saúde

Doenças com impactos globais preocupam cientistas

Publicado em 12/11/2015 12:00 -

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Da peste negra à gripe espanhola, a história da humanidade é repleta de mortes em massa por doenças misteriosas. Se hoje temos a medicina moderna, por outro lado é bem mais fácil um vírus ou uma bactéria se espalharem velozmente num mundo onde decolam 100 mil voos ao dia.

Pense na Aids ou no ebola. O HIV tem uma taxa de transmissibilidade menor –você não precisaria vestir roupas "espaciais" para visitar um hospital com pessoas contaminadas. O ebola pode ser transmitido pela urina, saliva, suor, fezes ou vômito.

Por outro lado, os sintomas da Aids demoram muito mais para aparecer. Alguém pode ficar anos contaminado até descobrir que tem a doença.Os sintomas do ebola aparecem após poucos dias. Claro que, para quem tem Aids, é ótimo manter o bem-estar por anos. Mas, do ponto de vista da saúde pública, o longo período de latência é desafiador.

Isso porque durante todo esse tempo o infectado pode estar espalhando o vírus sem imaginar o estrago –e sem que as pessoas ao redor suspeitem que deveriam se precaver. Em termos evolutivos, vírus que mata muito rápido seu hospedeiro está fadado ao fracasso –a vítima não vai ter tempo de passá-lo adiante.

A pergunta, então, é esta: e se surgir alguma infecção letal com a transmissibilidade do ebola e o longo período de latência da Aids? Estaríamos preparados para uma pandemia (ou seja, uma epidemia de proporções globais)?

Nos EUA, o Exército tem um instituto dedicado apenas às doenças infeciosas – é, afinal, uma questão de segurança.

O chefe do setor de imunologia viral, John Dye, lidera uma equipe que tenta compreender como atacar vírus como o ebola. Para isso, utilizam amostras vivas –ou seja, uma barbeiragem ali pode espalhar a doença pela população ao redor. "Um jornal fez uma lista com os dez piores empregos que existem. O meu era o primeiro", afirma Dye.

O que os pesquisadores em instituições como a dele tentam fazer é encontrar tanto uma vacina quanto formas de tratar os pacientes infectados.

Ian Crozier, médico americano infectado pelo ebola no ano passado em Serra Leoa, afirma que o que se pode fazer hoje é tentar manter as pessoas vivas pelo maior tempo possível, na esperança de que, com o "apoio", elas consigam fabricar seus próprios anticorpos contra a doença.

Mas manter as pessoas vivas exige muitos recursos –aos quais Crozier teve acesso ao ser levado a Atlanta para ser tratado. Como fazer isso em um cenário em que a quantidade de doentes cresce exponencialmente, com pessoas se acumulando na porta de hospitais lotados?

Alessandro Vespignani, da Universidade Northeastern, traduziu tal preocupação em números. Físico especializado em saúde pública, criou um modelo para prever como uma pandemia se espalharia pelo mundo. Utilizou dados sobre rotas de aviões, densidade populacional e até posicionamento de celulares, para saber o quanto as pessoas se locomovem e têm contato com outras. Conclusões:

– O risco de perdermos o controle sobre alguma doença ainda desconhecida é elevado, uma vez que o improviso e a descoordenação parecem ser a reação padrão.

– Uma epidemia com "as características certas" poderia se espalhar pelo globo em semanas. Provavelmente as pessoas começariam a fugir das regiões com maior incidência da doença, mas isso teria o efeito colateral de espalha-la ainda mais rapidamente.

– Seria inevitável recorrer a rigorosas restrições de viagens e isolamentos compulsórios. Além dos próprios mortos, impactos econômicos e de bem-estar disso seriam imensos.

A boa notícia é que há pesquisas avançando. Um desafio é criar vacinas fáceis de serem transportadas e estocadas –você não quer depender de um freezer no meio do caos.

Maria Croyle, da Universidade do Texas, criou uma vacina contra o ebola que pode ser administrada por spray nasal ou inserida em um amido comestível. Ela foi testada em primatas com 100% de sucesso, mas testes em humanos ainda devem levar anos, mostra o episódio de "Breakthrough".

Os outros cinco, sempre aos sábados, tratam de temas como ciborgues, cérebro e energia, dirigidos por nomes como Paul Giamatti, Ron Howard, Brett Ratner e Akiva Goldsman.


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