24/04/2024 - Edição 540

Campo Grande

Catadores foram postos para coletar lixo sem preparação e equipamentos de proteção

Publicado em 14/09/2015 12:00 -

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Com a coleta de lixo paralisada há vários dias na Capital, devido a falta de pagamento por parte da Prefeitura à empresa responsável pelo serviço, a Solurb, a população campo-grandense continua passando por maus momentos. A situação, no entanto, também está gerando problemas para as pessoas que trabalham no Lixão de Campo Grande

Nesta semana, o prefeito Alcides Bernal (PP) usou alguns catadores do lixão para uma ação de mídia na qual apareceu recolhendo lixo em algumas ruas da cidade. Segundo catadores, eles foram chamados para participar "voluntariamente" da ação, sem serem preparados ou equipados para este tipo de trabalho.

"A gente foi convidado. Recebemos algumas instruções e fomos. É um trabalho perigoso, mas como estamos sem trabalhar devido ao problema na coleta de lixo, foi um ato de desespero. Estamos num impasse aqui, sem trabalhar", explica Rodrigo Leão, conhecido como Carioca, catadsor do lixão que participou da coleta improvisada.

O trabalho de coleta de lixo – coletor domiciliar – é regido por um manual de normas e condutas. Para a segurança dos coletores, há todo um aparato de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) composto de boné com protetor lateral, uniforme com faixas reflexivas, luvas de algodão com banho de nitrilon, capa de chuva e sapatênis de proteção.

O manual também ensina sobre atenção ao subir e descer dos caminhões coletores e as regras de segurança para trabalhar durante a coleta, além de dar orientações sobre materiais perfurocortantes e prevenção de acidentes de trabalho. Entre os acidentes mais comuns estão com seringas com agulhas, cacos de vidro, latas abertas e objetos pontiagudos, além de quedas e torções que podem acontecer.

Segundo estudos realizados sobre o tema, os trabalhadores desse setor estão expostos, em seu processo de trabalho, a diferentes de riscos ocupacionais, como ruído, vibração, calor, frio, umidade, que são os riscos físicos. Também há riscos químicos como os gases, névoa, neblina, poeira, substâncias químicas tóxicas. Eles ainda precisam tomar cuidado com riscos mecânicos tais como atropelamentos, quedas, esmagamentos pelo compactador, fraturas e ergonômicos que podem ser sobrecarga da função osteomuscular e da coluna vertebral, com consequente comprometimento patológico e adoção de posturas forçadas incômodas.

Os coletores domiciliares também enfrentam riscos biológicos já que na coleta há o contato com agentes biológicos patogênicos (bactérias, fungos, parasitas, vírus), principalmente através de materiais perfuro-cortantes e os que estudiosos chamam de riscos sociais, que são os mais importantes, ligados a falta de treinamento e condições adequadas de trabalho.

Sem preparação e equipamentos adequados, este tipo de trabalho pode ser extremamente perigoso para a saúde.


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