28/03/2024 - Edição 540

Viver Bem

Estudo relaciona educação e longevidade

Publicado em 19/08/2015 12:00 -

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O Projeto 80+, da USP, estuda o DNA de idosos saudáveis com mais de 80 anos para descobrir que características genéticas e ambientais os fazem viver mais e melhor. Iniciado no Centro de Pesquisas sobre o Genoma Humano e Células-Tronco em 2010, o projeto tem 150 participantes.

O biólogo Michel Naslavsky diz que a ideia de criar o grupo surgiu há oito anos, e desde então firmou parcerias com o programa Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento, da Faculdade de Saúde Pública da USP, e com o Instituto do Cérebro, do hospital Albert Einstein.

Com a ajuda da Faculdade de Saúde Pública, que coleta dados de idosos da cidade desde 2000, o projeto elevou o número de membros de seu banco genético, incluindo pessoas a partir de 60 anos, de diferentes classes e estados de saúde.

"Tem de tudo. Conseguimos fazer uma comparação interna entre as pessoas de 60 que têm doenças e as de cem que estão bem."

Atividade intelectual

Como o conjunto pesquisado pela faculdade conta com 30% de analfabetos ou analfabetos funcionais, os pesquisadores perceberam que quem teve mais atividade intelectual durante a vida parece estar com a mente melhor na velhice.

Naslavsky explica que, segundo a teoria da reserva cognitiva, a partir do exercício intelectual, criam-se conexões entre os neurônios. Se alguém tem muitas conexões, quando surgem bloqueios em um caminho, os impulsos nervosos podem seguir trajetos alternativos.

A coordenadora do Centro de Pesquisas sobre o Genoma Humano, Mayana Zatz, diz que essa amostra maior vai permitir analisar os impactos da alfabetização. "Não sabemos como, mas as pessoas que não foram alfabetizadas têm uma maneira de raciocinar diferente da nossa."

Atenta à conversa, Eugênia Fischer diz que lê muito desde a infância. Formada em letras e turismo, em seu aniversário de cem anos ela ganhou vários livros. Revistas e jornais também estão em seu cardápio.

"Tenho duas idades: a cronológica, que é mais de cem anos, e a cerebral, porque penso como gente jovem, como se tivesse 50 anos."

Naslavsky diz que esse é o perfil dos participantes do Projeto 80+. Segundo ele, ressonâncias magnéticas feitas no Albert Einstein mostram que o cérebro de alguns têm aparência mais jovem.

Além de listar fatores que influenciam na longevidade, o objetivo é ter uma base de comparação para pesquisar mutações que podem causar doenças genéticas, como o Alzheimer.

"Conhecendo pessoas que passaram da idade de início da doença e não tiveram sintomas, ficamos mais confiantes de que tal tipo de mutação não vai gerar problemas."

Intrigada, Eugênia pergunta: "Não tenho mais risco de ter isso, né? Acho que já estou isenta".


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