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Cultura e Entretenimento

Exposição fotográfica surrealista reúne silhuetas de amigos do fotógrafo clicados em diversas cidades brasileiras

Publicado em 24/07/2015 12:00 -

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Com fotografias surreais que chamam a atenção por serem produzidas sem intermédio do photoshop, a exposição “Duplas Exposições: dois lados da mesma história” reúne cenas de Campo Grande (MS), Belém (PA) e Bento Gonçalves (RS) em série fotográfica produzida por Everson Tavares. A abertura da mostra acontecerá no dia 30 de julho, às 19h, no Fran’s Café, em comemoração ao dia mundial do amigo. A série segue em exibição até o dia 10 de agosto. Metade do dinheiro arrecadado com a venda das fotografias será doado para o Coletivo Terra Vermelha, que trabalha com populações tradicionais de Mato Grosso do Sul.

O fotógrafo Everson Tavares, criador da série, conta que a inspiração surgiu durante uma aula na universidade. “Eu sempre fui contra qualquer intervenção de imagens. Até que o professor da UFMS, Hélio Godoy, me fez repensar o caráter realista da fotografia com a seguinte pergunta: ‘as imagens podem mentir?’ Essa pergunta é tão antiga quanto a própria fotografia. A semiótica tem uma resposta muito prática: quem mente são os fotógrafos. No movimento surrealista, por exemplo, você não pode dizer que um quadro de Dali é mentira, mas também não pode dizer que é verdade. Isso que torna tudo mágico”, explica.

O lado jornalista desse fotógrafo o fez encontrar uma maneira de produzir imagens surreais que dispensasse softwares de manipulação. “Queria atrair as pessoas pelo efeito mas não queria passar a ideia de que era o trabalho de um ilustrador. Por isso escolhi duplas exposições. Consigo fazer essa técnica com filme analógico ou com fotografia digital direto na câmera. O resultado está gravado pela luz, é um documento. Muita gente se surpreende quando eu conto que não é montagem”.

A série

“Duplas Exposições: dois lados da mesma história” reúne fotografias produzidas em Campo Grande (MS), Belém (PA) e Bento Gonçalves (RS). A série começou em 2013, e maioria das imagens são silhuetas de amigos e vistas das cidades. O projeto terá continuidade, o fotógrafo quer aumentar o número de cidades no Brasil e adicionar algumas da América do Sul. “Essa série está ficando bem conhecida no meu instagram e tem muita gente de fora perguntando como faço as fotos. Adoro viajar e vou tornar a série de duplas exposições uma forma criativa de unir viagens e fotografia”, explica.

Everson vai aproveitar uma viagem para a Argentina no final do ano para incluir os vizinhos na série. “Todo mundo tem um lugar na cidade que adora, uma coisa marcante ou uma cena que gosta. Com a série, eu literalmente preencho as pessoas com essa cena incrível. Imagine esse mesmo efeito por diversas cidades em vários países? As histórias serão incontáveis!”, comenta o fotógrafo.

Como funciona

A técnica de Dupla Exposição que dá nome à série existe desde o final do século XIX, quando o movimento pictorialista passou a encarar a fotografia como uma forma de arte. O conceito é simples, basta fotografar o mesmo quadro duas vezes para sobrepor as imagens. O efeito onírico e imaginário foi marcante em alguns fotógrafos do movimento surrealista. A dupla exposição tem se tornado popular nos dias de hoje  – especialmente por aplicativos que reproduzem o efeito.

O fotógrafo

Jornalista por formação, Everson Tavares atua como fotógrafo em Campo Grande (MS) e é blogueiro no Curso de Fotografia. Ele começou a fotografar por influência de um amigo. “Comecei a fotografar por influência do meu chefe escoteiro, ainda na adolescência. Eu tinha uns 17 pra 18 anos e comentei com ele que estava pensando em fotografar. Escoteiros tem essa coisa de ensinar tudo para os amigos e ele disse: ‘pega minha câmera aí, vou te ensinar’. Era uma Canon profissional com uma lente pesada. As cores daquela câmera me conquistaram”.

Durante a graduação em jornalismo, Everson encontrou no trabalho de Steve McCurry sua principal referência. “McCurry é especialista em pessoas, suas fotos são tão naturais e tem cores e formas tão impactantes que é impossível não se impressionar. Quando comecei, baseei todo o meu estilo nele. Até minha fotografia comercial sofre influência do Steve McCurry”.

Além desse famoso fotógrafo da National Geographic, Everson busca inspiração no trabalho de Cartier-Bresson, Diane Arbus, Annie Leibovitz e os brasileiros, Sebastião Salgado, Gabriel Wickbold, Juliano Coelho e Cláudia Regina. Os professores Silvio Pereira e Hélio Godoy também foram imprescindíveis para sua formação como fotógrafo.

Serviço

Exposição fotográfica “Duplas Exposições”

Local: Fran’s Café, R. Marechal Rondon, 2453 (esquina com R. 13 de Junho)
Período: 30 de julho a 10 de agosto

Entrada Franca


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