19/04/2024 - Edição 540

Comportamento

Mães trabalhadoras, filhos independentes

Publicado em 01/07/2015 12:00 -

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Resultados de pesquisas recentes podem ajudar mães que trabalham fora a espantar de uma vez por todas o fantasma da culpa. Segundo esses estudos, investir na carreira é bom para a educação das crianças.

Um levantamento da Universidade Harvard publicado no mês passado revelou que as filhas de mães que trabalham, quando adultas, ganham mais e têm melhores cargos do que aquelas cujas mães ficaram em casa. Nos Estados Unidos, a diferença salarial chegou a 23%.

Entre os homens, a vantagem não está no bolso, mas nos hábitos. Os filhos de mães que trabalharam ajudam mais nas tarefas domésticas e passam quase o dobro de horas em família em comparação com aqueles que tiveram mães dona de casa.

O estudo analisou dados de 50 mil pessoas com idades entre 18 e 60 anos, coletados em 25 países de 2002 a 2012.

Segundo as pesquisadoras, o "working mother effect" (algo como "efeito mãe que trabalha") é benéfico para toda a sociedade porque ajuda a reduzir diferenças de gênero.

Outra pesquisa dos EUA já tinha analisado 69 estudos sobre o tema e mostrado que crianças cujas mães trabalham fora têm menos problemas de aprendizagem e tendem a ser mais bem sucedidas na escola.

Para a psicóloga Cecília Russo Troiano, os resultados fazem sentido e podem ser trazidos para a realidade brasileira. Ela fez uma pesquisa com 400 pessoas (metade tinha mães que trabalhavam; metade, não) para o livro "Aprendiz de Equilibrista" (Generale, 130 págs.).

"Os pais são os principais modelos dos filhos. Se há um ambiente de igualdade entre homem e mulher, isso vai servir de referência para a vida das crianças. Nesse caso, é de pequenino que se torce o pepino, sim", afirma.

Além de criar meninos e meninas menos machistas, outro benefício para as crianças é a autonomia, afirma. "A mãe que trabalha fora precisa de um filho mais independente, que resolve parte dos problemas sozinho. Isso ajuda a superar desafios na escola e no trabalho."

Para a psicanalista Malvine Zalcberg diz que o grande desafio da mulher que trabalha fora é equilibrar carreira e família. "Tem que saber avaliar o quanto ela pode ficar fora, para que o filho seja independente, e o quanto deve ficar em casa e dar atenção à criança para que ela não se sinta abandonada."

"É importante perceber os próprios limites. Será que não dá para o filho ir para a escola de perua ou fazer compras pela internet em vez de ir ao mercado? A mãe tem que evitar se sobrecarregar para estar disponível emocionalmente para os filhos", diz a psicóloga Eliana Marcello De Felice.


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