23/04/2024 - Edição 540

Poder

Após delação de empreiteiro, oposição volta a falar em impeachment

Publicado em 27/06/2015 12:00 -

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Partidos de oposição pediram neste sábado (27) o afastamento da presidente Dilma Rousseff devido ao vazamento do conteúdo da delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, que disse ter financiado a campanha da petista em 2014 para evitar perder negócios com a Petrobras.

O Planalto e o PT negam ter recebido dinheiro de forma irregular. "Se ela (Dilma) não pedir o afastamento e as apurações, estará, com seu silêncio e inércia, dando veracidade ao conteúdo da delação", disse Rubens Bueno (PPS-PR).

Já o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), afirmou que as afirmações de Pessoa, dono da UTC, devem levar à abertura de um processo de impeachment contra Dilma. "Esse depoimento de Ricardo Pessoa é a prova que as campanhas de Dilma foram irrigadas com dinheiro roubado da Petrobras. Isso é motivo mais que suficiente para Dilma perder o mandato e para convocarmos novas eleições", afirmou.

Se Dilma sofrer um impeachment, quem assume é o vice, Michel Temer (PMDB-SP). Novas eleições só ocorrem se ambos, Dilma e Temer, forem impedidos.

Se isso acontecer nos dois primeiros anos de mandato, há um novo pleito direto. Nos dois últimos, uma eleição indireta no Congresso. Em ambos os casos, o país é comandado interinamente pelo presidente da Câmara.

Contraponto

Reunida em Brasília com a cúpula do governo, Dilma Rousseff escalou os ministros petistas Edinho Silva (Comunicação Social) e José Eduardo Cardozo (Justiça) para rebater as acusações sobre dinheiro ilegal para a sua campanha presidencial em 2014.

A acusação foi feita em delação premiada pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa no âmbito da Operação Lava Jato, e homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na quinta-feira (25).

A presidente embarcou após a reunião para os EUA em viagem para atrair investidores para o Plano de Investimento em Logística, lançado este mês.

O ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), previsto para acompanhar a presidente na viagem, cancelou sua participação na comitiva por ordem da presidente. Embora não seja habitual que o ministro da Casa Civil faça viagens ao exterior, a principal razão para ele ficar foi a divulgação da delação.

Pessoa citou, em seu depoimento, doação a Mercadante para a campanha de 2010.

Na reunião no Palácio do Alvorada nesta manhã, antes de viajar, a presidente se mostrou ''indignada'' pois avaliou, junto com os ministros, que há uma tentativa de aprofundar a tese que criminaliza doações legais para atingir sua campanha e desestabilizar a sua presidência.

Delação

Ricardo Pessoa afirmou que doou oficialmente R$ 7,5 milhões à campanha de reeleição da presidente no ano passado por temer prejuízos em seus negócios na Petrobras caso não ajudasse o PT. A doação foi feita legalmente e ele disse que tratou da contribuição diretamente com o tesoureiro da campanha de Dilma, o atual ministro da Secom.

Presentes à reunião, os ministros Cardozo, Mercadante, Edinho Silva e Giles Azevedo, assessor especial, bateram na tecla de que o PSDB foi poupado na delação. Os assessores disseram haver doações feitas pela UTC no mesmo dia para o candidato tucano e para a presidente, nos registros do Tribunal Superior Eleitoral, mas ''para o PSDB não vale'', queixam-se.

Em 2014, Dilma queria descolar a sua campanha da direção do PT e nomeou Edinho Silva como tesoureiro para ''blindar'' as contas presidenciais. Ele foi uma escolha pessoal da presidente, que acompanhou de perto as doações à sua campanha.

Nos bastidores, auxiliares próximos relatavam que a presidente não queria misturar as finanças do comitê presidencial com a do PT, por desconfiar do modo como João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT e preso pela Operação Lava Jato, conduzia as finanças do partido.

Por isso, argumentam aliados de Dilma, ela está ''indignada'' com a delação de Pessoa envolvendo irregularidades na campanha de 2014.

Petistas temem que a delação de Pessoa reacenda o debate sobre impeachment na oposição.  


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