25/04/2024 - Edição 540

Saúde

Pesquisa identifica mecanismo que faz câncer criar metástases

Publicado em 03/06/2015 12:00 -

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Uma equipe internacional de pesquisadores descobriu o mecanismo pelo qual as células tumorais conseguem "escapar" de seu local original (tumor primário) e provocar metástases.

Os resultados deste trabalho, comandado por Manel Esteller, diretor do Programa de Epigenética e Biologia do Câncer do Instituto de Pesquisas Biomédicas de Bellvitge, em Barcelona, foram publicados na revista "Nature Medicine".

O estudo foi feito nos melanomas, mas a pesquisa indica que este mecanismo se repete em câncer de cólon e de mama.

A aparição de metástases é responsável por 90% das mortes em pacientes com câncer, por isso que entender os mecanismos responsáveis por este processo é um dos principais objetivos da pesquisa, explicou Esteller.

A metástase consiste em uma série de passos onde o tumor primário invade tecidos e acaba se espalhando por todo o organismo.

Um dos tumores com maior capacidade de produzir metástases é o melanoma, cuja incidência registrou um aumento nas últimas décadas devido à maior exposição ao sol.

Os pesquisadores, entre eles cientistas do Hospital La Fe e do Hospital Geral de Valência, compararam o material genético das células do tumor primário com o material genético das células metastáticas em um mesmo paciente. Ao buscar as diferenças, descobriram que entre todos os genes só há um claramente diferente, detalhou Esteller.

O estudo foi feito nos melanomas, mas a pesquisa indica que este mecanismo se repete em câncer de cólon e de mama.

Este gene, denominado TBC1D16, no tumor primário se encontra inativo, enquanto na fase de metástase está ativo.

"Este gene acende como uma lâmpada para guiar as metástases e fazer com que se escapem de seu lugar de nascimento", explicou. O que este gene faz é ativar ainda mais dois potentes oncogenes (BRAF e EGFR), estimulando a metástases.

No mercado já existe um remédio que atua contra estes oncogenes (presentes em muitos cânceres) e há outro em testes clínicos.

O artigo afirma que as células metastáticas podem ser mais sensíveis a estas duas moléculas, porque, segundo Esteller, para estar viva, a metástase depende desses dois oncogenes.

Os pesquisadores propõem a combinação destes dois remédios para evitar que a célula metastática se adapte. Segundo eles, "o problema no câncer é que as células se adaptam aos remédios, então achamos que se estes dois forem combinados, elas não terão tempo de fazer isso".

Esteller também sinalizou que o próximo passo agora é convencer as indústrias farmacêuticas a incluírem este marcador (TBC1D16) nos testes clínicos.


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