19/04/2024 - Edição 540

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Receita cobrou mais de R$ 4 bi de envolvidos em fraudes no futebol

Publicado em 29/05/2015 12:00 -

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A Receita Federal informou hoje, por meio de nota, que desde 2002 investiga fraudes ligadas ao futebol. Garantiu ter identificado e autuado pessoas físicas e empresas que mantém relações comerciais com entidades responsáveis pela organização do esporte no país, sejam elas de âmbito nacional ou regional. A revelação foi feita dois dias após a Justiça americana determinar prisões de dirigentes da Federação Internacional de Futebol (Fifa) envolvidos em um grande esquema de corrupção.

“Foram realizadas três operações especiais de fiscalização desde 2002, onde foram investigadas 96 pessoas físicas e jurídicas. Essas auditorias resultaram em cobrança de tributos, multas e juros no valor de R$ 4,47 bilhões”, diz a nota. A Receita destacou que algumas pessoas citadas na recente operação promovida no âmbito do Poder Judiciário dos Estados Unidos estão na lista de autuações aplicadas no Brasil. A Receita diz que, em função do sigilo fiscal, não pode dizer os nomes dos envolvidos.

A receita brasileira entrou em contato com a americana, para conhecer a operação promovida contra pessoas ligadas à Fifa, que incluiu vários brasileiros.

Escândalo

A Fifa anunciou o afastamento provisório do futebol de 11 pessoas investigadas pela Justiça dos Estados Unidos. A decisão foi anunciada pelo presidente do Conselho de Ética da entidade, Hans-Joachim Eckert, poucas horas após sete dirigentes da entidade serem detidos na Suíça, acusados de corrupção para negociar as escolhas dos países-sede das Copas do Mundo da Rússia, em 2018, e do Catar, em 2022; o direito de transmissão dos jogos e contratos de marketing.

"As acusações estão claramente relacionadas com o futebol e são de natureza tão grave que era imperativo tomar uma ação rápida e imediata. O processo seguirá o seu curso em linha com o Código de Ética da Fifa", diz Eckert em nota divulgada pela federação.

Entre os afastados está o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin. Ele e dez investigados estão proibidos de participar profissionalmente de qualquer atividade relacionada ao futebol, nacional ou internacional.

Os outros suspeitos afastados são o caimanês Jeffrey Webb, vice-presidente da Fifa e presidente da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf); o costarriquenho Eduardo Li; o nicaraguense Julio Rocha; o inglês Costas Takkas; o uruguaio Eugenio Figueredo e o venezuelano Rafael Esquivel. Todos fazem parte da diretoria da Fifa e foram detidos hoje pelas autoridades suíças com o apoio do FBI. Eles deverão ser extraditados para os Estados Unidos em breve.

Além desses dirigentes também foram afastados o ex-presidente da Confederação Norte-Americana de Futebol, Jack Warner, e seu filho Daryll Warner; o paraguaio Nicolás Leoz, ex-presidente da Confederação da América do Sul (Conmebol) e o ex-membro do Comitê Executivo da Fifa, Charles Blazer.

Além de investigar a suspeita de fraude na escolha da Rússia e do Catar como países-sede das duas próximas edições da Copa do Mundo, as autoridades norte-americanas afirmam ter encontrado indícios de irregularidades em negociações levadas à cabo em outros países. No Brasil, as suspeitas recaem sobre contratos de patrocínio assinados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e de transmissão da Copa do Brasil – campeonato organizado pela confederação e disputado entre clubes de todo o país, segundo o Departamento de Justiça Americano.

Outros dois brasileiros, além de Marin, figuram na lista de investigados do Departamento de Justiça dos Estados Unidos: o empresário José Hawilla, dono da Traffic Group, e José Margulies, dono de empresas de transmissão de eventos esportivos. Segundo o Departamento de Justiça, Hawilla já fez um acordo se comprometendo a pagar multa de US$ 151 milhões por participação no esquema.

Blatter é reeleito

O suíço Joseph Blatter, 79 anos, foi reeleito hoje (29), para seu quinto mandato à frente da Fifa. Nem mesmo as denúncias de corrupção foram capazes de alterar os rumos da eleição. A votação foi para o segundo turno, mas o concorrente o príncipe jordaniano Ali bin Al Hussein, 39 anos, desistiu da candidatura. 

Na primeira rodada, Blatter obteve 133 votos. Al Hussein conseguiu 73 votos. Por seis votos a menos do que o mínimo necessário para vencer a eleição em um única rodada, o suíço Joseph Blatter, 79 anos, teria que disputar um segundo turno com o príncipe jordaniano, que acabou desistindo. Um segundo turno não ocorria desde 1974. "Tomo a responsabilidade de voltar a botar a Fifa no caminho", disse Blatter, após ser reeleito. "Precisamos de maior representatividade das federações, de mulheres, precisamos que suas vozes repercutem na Fifa", acrescentou.


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