19/04/2024 - Edição 540

Campo Grande

Prefeitura proporciona acesso à escola para cerca de 80 alunos cadeirantes

Publicado em 08/05/2015 12:00 -

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Para a Secretaria Municipal de educação (Semed) de Campo Grande, frequentar a escola e usufruir do conteúdo pedagógico são direitos fundamentais que não podem ter obstáculos. Portanto, faz parte dos princípios da pasta proporcionar condições para superar as barreiras que impedem o acesso à educação. É neste contexto que a Divisão de Educação Especial da Secretaria Municipal de educação (Semed) proporciona a seus estudantes serviços educacionais inclusivos e pedagogicamente direcionados a alunos que dependem de condições específicas para gozarem da educação escolar.

No entanto, quando o problema está para além da sala de aula e se localiza na dificuldade de transporte até o ambiente escolar, por um ou outro motivo, a secretaria precisa intervir e proporcionar condições para que este deslocamento aconteça com segurança, conforto e qualidade.

Atualmente, a Semed contabiliza 79 estudantes cadeirantes que também apresentam outros tipos de deficiência, e que dependem de um sistema de transporte escolar para o trajeto até a escola e da escola para casa. A frota atual conta com 7 veículos adaptados, entre micro-ônibus e kombis, com elevador para cadeiras de rodas e outros utensílios de acessibilidade imprescindíveis para o transporte dos estudantes com conforto e segurança.

O serviço é disponibilizado com o entendimento de que a educação é um direito universal inviolável, independente da condição apresentada pelo estudante. "No caso dos estudantes que são cadeirantes, muitos deles também podem apresentar outras deficiências que não permitem independência em sua mobilidade, no manuseio da cadeira de rodas ou possibilidade de tomar um ônibus comum. Portanto, e também levando em conta o contexto de vulnerabilidade social destes estudantes, entedemos que transporte para receber os serviços escolares também é um direito fundamental e que é nosso dever garanti-lo", explica Adriana Aparecida Burato Marques Buytendorp, chefe da Divisão de Educação Especial.

Para a Dona Ramona de Lourdes Nunes, avó e responsável pelos gêmeos Beatriz e Bernardo, 13, ambos com deficiência intelectual e cadeirantes, a educação dos netos só é possível por conta deste serviço. "Imagina uma pessoa como eu empurrar duas cadeiras de rodas com crianças pesadas para levá-los à escola todo dia. Difícil, né? Se não fosse esse transporte escolar, meus netos não teriam acesso à escola, seria muito difícil, pois sou sozinha", revela.

E no caso de seus netos, o aumento na frequência escolar permitiu o significativo desenvolvimento cognitivo e social de ambos. "É perceptível o avanço dos dois depois que passaram tanto a vir para a escola diariamente como a frequentar também as Salas de Recursos, onde acontecem os serviços complementares da educação especial", conta a professora Marlene Nonato. Os irmãos integram turmas regulares na escola onde estudam e participam das mesmas atividades educacionais que alunos sem deficiência.

Vestindo a camisa

Os educadores têm um papel essencial que não ocorre somente na promoção do conteúdo pedagógico. Muitas vezes, esse profissionais também são os primeiros a identificar a necessidade do serviço adicional de transporte. "Nem todos os pais relatam dificuldade no transporte de alunos cadeirantes, por isso a gente tem que observar a frequência e as condições em que eles são trazidos até aqui. Foi numa situação assim que conseguimos incluir outra estudante, também com paralisia cerebral, que não conseguia vir sempre à escola e que hoje comparece diariamente", completa Marlene.

E para o serviço acontecer com qualidade, é preciso também contar com o carinho e sensibilidade dos transportadores, os motoristas que conduzem os veículos adaptados. Ivan Francisco é um dos motoristas da equipe, que diariamente faz o trajeto de ida e volta com cerca de 10 estudantes cadeirantes. Ele conta que é preciso ser muito rigoroso com horários, velocidade do veículo 9que não deve ultrapassar 40km/h e também com o trajeto, já que algumas ruas apresentam ondulações mais perceptíveis nos micro-ônibus.

E com tanto cuidado envolvido, fica difícil não se envolver. "Com o tempo, a gente vai se apegando a eles, conhecendo as histórias e vendo as dificuldades das famílias. Não tem como não vestir a camisa e se dedicar ao máximo. E assim a gente também vai percebendo a importância do nosso trabalho, que possibilita a outros o direito de estudar. No fim do dia, eu me sinto muito orgulhoso, pois sei que estou numa equipe que faz a diferença", conclui.


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