24/04/2024 - Edição 540

Legislativo

Oito em cada dez alunos já desacataram professor na Capital, diz promotor

Publicado em 10/04/2015 12:00 -

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

Conhecido pelo estilo linha dura que adota com adolescentes infratores em Campo Grande, o promotor Sérgio Fernando Harfouche, da 27ª Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude, revela que oito em cada dez alunos da rede de ensino da Capital já cometeram algum ato de indisciplina contra professores. Representando o Ministério Público Estadual (MPE), ele participou, na última quinta-feira (9), de audiência pública promovida pela Câmara Municipal para discutir a violência nas escolas.

“80% de alunos de Campo Grande já praticaram, pelo menos, o ato infracional de desacato. Alunos pegam a prova, com nota que não gostaram, amassam e jogam na cabeça de professor”, exemplificou Harfouche, citando ainda que 32% dos professores de Mato Grosso do Sul estão fora das salas de aula, doentes, por não conseguirem lidar com a indisciplina de alunos.

O debate foi convocado pela Comissão Permanente de Segurança Pública da Casa de Leis, composta pelos vereadores Ayrton Araújo do PT (presidente), Otávio Trad (vice), Carlão, Gilmar da Cruz e Vanderlei Cabeludo, e reuniu conselheiros regionais, autoridades em segurança pública, presidentes de bairros, além de pais e professores.

Contra a evasão

O promotor apresentou o Programa para Conciliação e Prevenção da Violência e Evasão Escolar, desenvolvido desde 2009 em Campo Grande e que reduziu em 80% a evasão escolar. Nele, o representante ministerial propõe que o adolescente repare o mal cometido em ambiente escolar. 

“Campo Grande é a primeira capital do País que tem reparação de danos no regimento escolar. Sujou? Limpa. Quebrou? Conserta. Ofendeu? Retrate-se. Ninguém manda filho para a escola para ir buscar na delegacia. Quando o guri vai limpar o que suja, não é trabalho infantil, não é trabalho forçado, nem é trabalho. Isso já tem sido aplicado. Assim, os professores não sairão doentes para hospitais. Criança e adolescente têm obrigações, não apenas direitos”, defendeu.

Vigilância

Moradores de diversas regiões da cidade que participaram da audiência, além de cobrarem mais rondas próximo às escolas, são unânimes em dizer que falta efetivo, tanto da Polícia Militar, como da Guarda Municipal. Lourival Pereira, membro do Conselho de Segurança da Região do Segredo, acredita que falta respaldo aos servidores da segurança pública.

“Antes, você via a polícia comunitária andando nos bairros, dando palestras nas escolas, e hoje não se vê mais. O efetivo vem caindo por aposentadoria, atestado prolongado. Hoje, o conselheiro está desmotivado a participar das reuniões, pois não há respostas. Você vê na cara dos policiais que a vontade é grande, mas o respaldo é pouco”, criticou.

Representante do Conselho Regional do Anhanduizinho, Demilson Dias endossou a opinião do colega e cobrou, também, policiamento no entorno das unidades de ensino. “As escolas têm necessidade, como prioridade, de segurança. Mas temos que atuar nas ruas coibindo os infratores. O guarda fica dentro do pátio, mas, fora, está o cidadão que vai buscar seu filho”, citou. 

Já a vereadora Carla Stephanini citou o videomonitoramento das escolas como forma de coibir atos de indisciplina, além de defender a implantação de normas que delimitem as funções institucionais da Guarda Municipal e da Polícia Militar. “Precisamos somar, e não concorrer usurpando a função desde ou daquele, pois queremos segurança pública de qualidade”, defendeu.

Quase 100%

O secretário Municipal de Segurança Pública, Valério Azambuja, afirmou que há uma determinação aos chefes das sete bases da Guarda na cidade, para que façam rondas constantes nas escolas. Hoje, 212 agentes fazem esse trabalho e, das 95 unidades escolares, 88 são atendidas. “Quase 100% das escolas são atendidas. Houve uma redução, pois estávamos num processo de capacitação para que o próprio servidor pudesse prestar um bom serviço. Estamos, desde novembro, nesse processo. Com a capacitação, esses guardas retornam para as escolas”, garantiu.


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *