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EUA dizem que acusação de golpe na Venezuela não tem fundamento

Publicado em 20/02/2015 12:00 -

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O Departamento de Estado americano informou na noite de quinta (19) que não têm fundamento as acusações do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de que os Estados Unidos estariam por trás de um plano de golpe contra ele.

A declaração americana foi feita pouco após o pronunciamento em que Maduro confirmou a detenção do prefeito de Caracas, o opositor Antonio Ledezma, acusado de participar de um suposto plano para derrubá-lo. "Os Estados Unidos não estão promovendo a desestabilização da Venezuela nem estão tentando afundar sua economia nem o governo", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki.

Ela voltou a repetir declarações feitas na semana passada, quando Maduro denunciou o suposto plano em que estaria envolvido Ledezma, de que o mandatário deve parar de tentar distrair a população do país e dar uma solução à crise política e econômica.

Embora os Estados Unidos sejam o principal destino das exportações venezuelanas, a relação entre os dois países é ruim desde 2009. Tanto Maduro quanto o ex-presidente Hugo Chávez, morto em 2013, acusavam Washington de querer desestabilizar o país.

As acusações, porém, ficaram mais frequentes com o atual mandatário, que enfrenta uma grave crise econômica que provocou desabastecimento no país, crescimento negativo de 2,8% e inflação de 68% no ano passado.

Em meio à deterioração econômica, aumentou também a repressão de Maduro contra a oposição política. Além de Ledezma, foram presos os ex-prefeitos Leopoldo López, Daniel Ceballos e Enzo Scarano, também líderes antichavistas. Os três são acusados de incitar a violência nos protestos contra o mandatário que deixaram 43 mortos no país entre fevereiro e maio do ano passado.

Oposição

Para um dos dirigentes da opositora Mesa da Unidade Democrática, Jesús Chuo Torrealba, a repressão aos adversários políticos acontece para desviar o foco da crise econômica. "O governo não encontra medidas para enfrentar a crise. A única alternativa em que acreditam é a da violência, atiraram-se neste barranco. A alternativa da repressão gera novos problemas", disse.

Para a Organização de Venezuelanos Perseguidos Políticos no Exílio, que abriga a oposição do país que mora nos EUA, a prisão é "mais uma amostra da loucura e do desespero do regime de Maduro".

Na Colômbia, senadores pediram que o presidente Juan Manuel Santos e a comunidade internacional se pronunciem sobre a prisão e que a Organização dos Estados Americanos (OEA) convoque uma reunião de chanceleres sobre a crise venezuelana.

A falta de ação dos governos do continente também foi criticada pelo ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, que é acusado com frequência por Maduro de participar dos planos de golpe. "Para quê serve a OEA e tanta cúpula?", disse.

Além dele, também pediram posições mais duras aos governos sul-americanos os ex-presidentes da Colômbia Andrés Pastrana, do México Felipe Calderón, e do Chile Sebastián Piñera, que estiveram no país no mês passado em reuniões com a oposição, e a presidente do Senado chileno, Isabel Allende.

Durante o pronunciamento, Maduro disse que todos os embaixadores estrangeiros no país foram chamados para uma reunião com o chanceler Delcy Rodríguez para dar explicações sobre a acusação de golpe.

A prisão

Dezenas de agentes do serviço de inteligência da Venezuela participaram da prisão de Ledezma. Eram 17h04 (19h34 de Brasília) de quinta-feira, 19, quando o prefeito de Caracas anunciou pelo Twitter que agentes do Sebin, o temido Serviço Bolivariano de Inteligência, haviam cercado o edifício onde fica o escritório privado de onde costuma despachar.

Segundo assessores, os agentes invadiram o prédio, danificaram o escritório e agrediram o prefeito. Nas redes sociais, imagens mostraram o momento em que Ledezma era levado, cercado por homens armados, uniformizados e encapuzados. A mulher do prefeito, Mitzy Ledezma, disse que os agentes não tinham mandado de busca nem de prisão.

O opositor David Smolansky, prefeito do município de El Hatillo, um dos cinco que compõem Caracas, disse que Ledezma têm poucas opções de defesa, pois "não há democracia nem Justiça no país". A ONG Human Rights Watch condenou a prisão, que chamou de "arbitrária.".


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