29/03/2024 - Edição 540

Ecologia

Yamaha MT-07

Publicado em 12/02/2015 12:00 -

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Por muito tempo a Yamaha foi assunto por sua falta de agressividade no mercado brasileiro, afinal, enquanto compete de igual para igual ou até supera a Honda em emplacamentos em outros países, por aqui, sua maior rival a vê de longe, como se fosse apenas um pontinho no retrovisor.

Enquanto a Honda fechou 2014 com 80,35% do total de motos vendidas no país, a Yamaha, 2ª colocada, obteve só 12,57%. A chegada da MT-07 ao Brasil, no final de março é outra "arma" para reduzir tamanho desequilíbrio.

A ofensiva da Yamaha começou com a nova linha 150, composta por Fazer e Crosser, e continuou com a MT-09 e, agora, segue com a MT-07. Não vai parar aí: “Vamos seguir com o planejamento de lançar ao menos um produto a cada 6 meses”, afirmou Márcio Hegenberg, diretor de marketing da Yamaha, durante a apresentação da MT-07. “Em 2014, enquanto o mercado de motos caiu, conseguimos crescer 8,6%”, disse Hegenberg.

Mais descolada

Com características de sua “irmã maior”, a nova moto tem uma proposta menos pragmática, ou seja, menos “coxinha” do que algumas rivais. Outro ponto positivo é a cilindrada extra de seu motor um atrativo e isso cobrando um pouco mais que outras do nicho.

Com projeto 100% novo, a MT-07 parte de R$ 26.990, com motor de 2 cilindros e 689 cc capaz de gerar 74,8 cavalos de potência, o que a torna a mais potente entre as nakeds de 2 cilindros nesta faixa de cilindrada.

Mercado

Exatamente por esta exuberância em seu motor, aliada a sua leveza – a moto também é a mais “magrinha” da categoria, com 179 kg -, o modelo pode atacar em duas pontas, também sendo uma opção para rivalizar com nakeds de 4 cilindros com desempenho contidos, como o caso da recém-lançada Honda CB 650F (R$ 28.990), de 87 cavalos, e da própria XJ6 da Yamaha (R$ 28.990), com 77,5 cavalos.

Comparada às bicilíndricas, as vantagens são grandes por seu desempenho e o custo-benefício. No entanto, é valido ressaltar que a política de preços da Yamaha para a MT-07 é ainda mais agressiva no exterior, onde a moto chega a custa o mesmo que a CB 500F. Na Itália, por exemplo, ambas custam cerca de 5,7 mil euros, valor equivalente a R$ 17,9 mil (na cotação da última segunda, 9).

Para conquistar os clientes, a empresa também disponibilizará uma ampla gama de acessórios para customizar e personalizar a moto. Com pacotes que devem custar de R$ 2,5 mil a R$ 3,5 mil, é possível instalar baús, alforges, além de deixar o visual diferente, com capa para o assento do garupa, bolha dianteira, entre outros.

Dinâmica

A proposta esportiva da MT-07 já fica nítida em seu desenho, com traseira alta de lanterna com luzes de LED, assento em 2 níveis. Na dianteira, um farol sem muito “frufru” deixa a moto com o ar de naked tradicional. Mas a modernidade está presente no tanque, envolto por carenagens, e em conjunto com os detalhes exposto de chassi e motor deixam a moto com caráter musculoso.

s eu acabamento é bem feito e a moto possui detalhes especiais em toda a sua superfície, como a tampa do tanque de gasolina e tampas laterais de alumínio. Completamente digital, o painel tem computador de bordo que mostra consumo instantâneo, indicador de marcha e também conta com o indicador “ECO”. Quando este sinal aparece, significa que o motociclista está em uma zona de giros econômica.

Apesar de exalar esportividade, ao subir na moto, o que se nota é um posicionamento confortável para o motociclista, que combina com a proposta da moto de uso tanto em vias urbanas como na estrada. Seu banco, mais largo atrás e fino na frente proporciona bom encaixe para as pernas juntamente ao tanque, além de possuir textura firme e confortável.

O posicionamento do guidão também não é excessivamente esportivo, apesar de manter dose deste DNA, e deixa os braços em posição relaxada, nem muito esticados e nem muito flexionados. Devidamente acomodado na moto, os movimentos são bastante naturais no comando da MT-07.

Apesar de a moto não ter sido desenvolvida para competir em circuitos, ela demonstrou comportamento interessante ao ser levada ao limite. Destaque para a leveza do conjunto, obtida em grande parte pelo chassi tubular, feito de aço, e a balança assimétrica “vazada”, que ajuda a eliminar peso.

Seu conjunto é todo compacto, o que também ajuda na agilidade, tornando as trocas de direção bem rápidas. Outro destaque positivo é o seu bom ângulo de esterço, que ajudará em deslocamentos urbanos.

Máquina

Não é preciso muito esforço para que a roda da frente saia levemente do chão durante acelerações com a MT-07. Basta girar o acelerador com força, que o motor responde de maneira contundente, algo que pode ser feito com segurança em circuito. Apesar de os quase 75 cavalos chamarem atenção, o melhor da moto está em seu torque, de 6,9 kgfm com pico máximo em 6.500 rpm.

Isso garante fôlego suficiente para subidas, como as existentes na pista, o que deve resultar em um bom desempenho em serrinhas, por exemplo. De acordo com a marca, o segredo dessa característica está no motor de 2 cilindros paralelos do tipo crossplane, tecnologia utilizada na superesportiva R1, que estabelece um intervalo de 270° entre os giros dos pistões. Seu funcionamento está bem casado com o suave câmbio de 6 marchas.

O ímpeto do motor é tanto, que é necessário certo cuidado nas saídas de curvas para não desestabilizar a moto, ou seja, o controle do acelerador deve ser feito de maneira sutil. Claro que isto ocorreu em uma pilotagem extrema em circuito e não deve se repetir durante uma condução moderada nas ruas.

Para controlar essa força, as suspensões estão calibradas de maneira firme, o que para o asfalto em bom estado da pista é um bom sinal, mas não houve oportunidade de analisar o seu desempenho em local de pavimento ruim.

Na dianteira, a MT-07 conta com garfo do tipo simples sem possibilidade de regulagem, enquanto na traseira o monoamortecedor é fixado ao chassi e à balança por meio de links e possui ajustes de pré-carga. Sua calibragem também resiste bem a frenagens fortes, como as que foram realizadas na avaliação.

A impressão é de que a moto poderia "mergulhar" ainda mais em curvas, mas a inclinação fica contida pelos limitadores nas pedaleiras, mas é um fato que não preocupa para cidade e estrada, mas apenas para pista.

Os freios têm uma dosagem fácil, sem comportamento estúpido, mas com eficácia suficiente para diminuir a velocidade com segurança. O sistema de freios é composto dois discos na dianteira, de 282 mm cada, e um disco na traseira, com 245 mm, oferecendo o ABS como opcional.

Por sinal, o ABS da MT-07 tem bom funcionamento, não sendo muito invasivo, mesmo em condução mais esportiva.

Custo-benefício

Sem pensar nas rivais, a MT-07 já é muito atraente para o consumidor por causa do seu preço e desempenho. Mas ao se pensar nos rivais, o cenário continua bom para a Yamaha, pois a marca oferece um produto “top” para este segmento das nakeds médias de 2 cilindros.

O grande trunfo da CB 500F, que seria o seu preço mais em conta, muitas vezes se esvai, pelo sobre-preço cobrado em muitas revendas, a aproximando do valor da Yamaha. Assim, a MT se torna uma escolha mais sensata também pelo valor.

A expectativa é de que entre 350 e 450 unidades sejam vendidas nos 3 primeiros meses e depois números mais baixos são esperados. Se mantivesse a média, poderia chegar à liderança do segmento, superando a CB 500F, mas a marca afirma que não brigará pela ponta, apesar de ter conjunto para isso.

Mesmo que o circuito não seja a melhor dos mundos para um veredicto sobre o comportamento da moto, com certeza a MT-07 terá bom comportamento em vias urbanas e garantirá boas viagens. Pode ser uma moto para “tudo”, tanto no dia a dia, como final de semana.

Uma versão mais aventureira ou crossover, como a CB 500X, também seria bem-vinda aumentando seu raio de ação. Sua irmã maior já a ganhou, e se chama MT-09 Tracer, resta esperar se será estendida para a MT-07.


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