20/04/2024 - Edição 540

Meia Pala Bas

Os Vingadores no Octógono

Publicado em 06/02/2015 12:00 - Rodrigo Amém

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Anderson Silva foi pego no antidoping. Pensa num cara azarado. Prestígio é bem mais difícil remendar que a tíbia. Eu sinto pelo Spider. Não merecia, depois de tanto esforço, virar mais uma vítima dessa praga que assombra o esporte mundial: a hipocrisia.

A razão oficial para o dogma do doping é “preservar a saúde dos profissionais.” Ora, a competição esportiva profissional é, em si, prejudicial à integridade física. Pergunte ao Guga Kuerten como vai sua coluna. Pergunte ao Zico e ao Kaká quantas operações eles sofreram. Pergunte ao seu ortopedista quantas lesões são batizadas a partir da modalidade esportiva que as causam.

Anderson Silva foi pego no antidoping. Pensa num cara azarado. Prestígio é bem mais difícil remendar que a tíbia.

Há também aquela confusa bola de neve de moralismo, preconceito e irracionalidade, coberta por uma risível pretensão de sacralidade do esporte profissional. É uma expectativa ingênua de que há um jeito casto de levar a máquina humana para além dos próprios limites.  Um moralismo aleatório que junta, num mesmo saco, descongestionantes nasais, maconha e anabolizantes. E, por alguma razão, exclui uma infinidade de suplementos alimentares e dietas alta octanagem e periculosidade.

Fico imaginando o que sobraria da música, do teatro, do cinema, da literatura, das musas do carnaval brasileiro, caso a chatice do doping esportivo contaminasse outras áreas do entretenimento. Sim, porque esporte só é (e sempre será) entretenimento, por mais que seus cartolas queiram sacralizá-lo.

De minha parte, quanto mais dopado e transformado o atleta, melhor. Eu quero ver o Hulk da seleção brasileira ficar do tamanho do Hulk dos Vingadores. E o Spider dominar o octógono com seus seis braços biônicos e 300 quilos de músculos. O dia em que o Coisa e o Groot se enfrentarem em Las Vegas, eu até comprarei o pay-per-view.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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