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Acordo na Ucrânia vai garantir paz na Europa, diz Merkel

Publicado em 06/02/2015 12:00 -

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A chanceler alemã, Angela Merkel, disse nesta sexta-feira (6) que busca garantir a paz na Europa ao tentar negociar um acordo entre separatistas pró-Rússia e o governo da Ucrânia para dar fim ao conflito no leste do país.

Em entrevista coletiva em Berlim, ela disse que Alemanha e França usarão todo o poder da diplomacia para dar fim ao conflito, que deixou cerca de 5.300 mortos desde abril, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

"Estamos convencidos de que não há solução militar para este conflito, mas também sabemos que está completamente em aberto saber se vamos conseguir alcançar um cessar-fogo com estes diálogos", disse.

A França e a Alemanha se colocaram contra fornecer armas à Ucrânia, algo que o governo de Kiev vem pedindo nas últimas semanas. Nos últimos dias, membros do governo americano afirmam que a Casa Branca avalia atender o pedido.

A chefe de governo alemã negou que os dois pretendam oferecer mais território aos separatistas e disse que esta deve ser uma prerrogativa da Ucrânia.

Os rebeldes e a Rússia defendem que Donetsk e Lugansk, centro do conflito, tenham autonomia fiscal, econômica e cultural em relação ao governo de Kiev, que é contra a medida.

Em Paris, François Hollande disse que a intenção é alcançar um acordo duradouro, além do cessar-fogo já estabelecido por um documento assinado entre as duas partes do conflito durante reunião em Minsk, capital de Belarus, em setembro.

Biden

Em visita a Bruxelas nesta sexta, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que a Ucrânia luta pela sobrevivência e disse ser necessário impedir que a Rússia redesenhe o mapa da Europa com a participação no conflito ucraniano.

Biden disse duvidar no compromisso de Vladimir Putin para dar fim à crise. "A Rússia continua aumentando a tensão do conflito enviando mercenários e tanques. Este é um momento em que os Estados Unidos e a Europa devem ficar juntos ao lado da Ucrânia".

Nesta sexta, os separatistas pró-Rússia e as autoridades ucranianas fizeram uma trégua nos combates para poder permitir a saída dos civis de Debaltseve, cidade da região de Donetsk que é alvo de uma ofensiva rebelde desde o último dia 1º.

Segundo o porta-voz da República Popular de Donetsk, Eduard Basurin, cerca de mil civis deverão ser retirados pelas forças separatistas e serão levados em 30 ônibus para a cidade vizinha de Horlivka.

Ao mesmo tempo, o Exército ucraniano enviou outro comboio para levar refugiados a Slaviansk, cidade ainda dominada pelas autoridades de Kiev.

Demonstração de força

No mesmo dia em que Merkel, Hollande e John Kerry se reuniram com o presidente ucraniano Petro Poroshenko, ministros da Defesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se reuniram em Bruxelas (Bélgica) para tratar da crise no leste europeu.

Para defender melhor a região da ameaça russa, eles decidiram criar centros de comando na área e mais que dobrar as forças de ação rápida.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que as medidas são "o maior reforço de nossa defesa coletiva desde o fim da Guerra Fria, há 25 anos".

A Otan já deixou claro que não vai intervir na Ucrânia, mas, com as tensões entre o leste e o oeste também em seu mais elevado nível desde a época da Guerra Fria, a aliança reforçará as defesas de aliados no leste que estiveram sob domínio de Moscou por quatro décadas até 1989.

Os ministros concordaram em aumentar as forças de reação rápida, capazes de se mover em 48 horas, de 13 mil para 30 mil homens. Esses soldados serão liderados por 5.000 "pontas de lança".

"Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Polônia e Espanha se revezarão no comando dessa ponta de lança", disse Stoltenberg.

A aliança criará uma nova sede regional no nordeste da Polônia e uma sede menor no sudeste da Romênia.

Seis centros de comando, geridos por forças nacionais e da Otan, serão criados na Polônia, na Romênia, na Bulgária e nos países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) para organizar exercícios e ações de emergência.

Mensagem

"Eles [os russos] terão de captar a mensagem que nós e outros países estamos lhes enviando. A mensagem de que deveriam parar com sua agressão contra a Ucrânia", afirmou o ministro da Defesa do Canadá, Rob Nicholson.

O secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, disse durante a reunião que Washington vai fornecer oficiais militares e conhecimento técnico e logístico aos novos centros de comando.

O programa aumentou a preocupação na Rússia. "Isso é muito preocupante. Essas decisões serão naturalmente levadas em conta no nosso planejamento militar", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Alexander Lukashevich.

Oficias da Otan disseram que a nova configuração também atuará em áreas entre o Oriente Médio e o norte da África que sofrerem ameaças.


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