29/03/2024 - Edição 540

Ágora Digital

Fakenews sobre a China é ração para os fanáticos

Publicado em 05/05/2021 12:00 - Victor Barone

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Uma semana depois de Paulo Guedes dar voz à teoria da conspiração segundo a qual o novo coronavírus foi criado em laboratório, Jair Bolsonaro fez mais ataques à China ao insinuar que a pandemia seria um instrumento de “guerra química” para garantir maior crescimento econômico ao país asiático.

“É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou se nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí, os militares sabem que o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês. O que está acontecendo com o mundo todo, com sua gente e com o nosso Brasil?”, questionou o presidente em cerimônia no Palácio do Planalto.

Como cansa de fazer, Bolsonaro apelou para a ambiguidade e, horas mais tarde, saiu-se com essa para negar o ataque cristalino à China: “Eu não falei a palavra ‘China’ hoje de manhã. Eu sei o que é guerra bacteriológica, guerra nuclear. Vocês, da imprensa, sabem onde nasceu o vírus. Falem. Muita maldade tentar aí um atrito com um país que é muito importante para nós”.

As declarações repercutiram no Congresso Nacional. O presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado Fausto Pinato (Progressistas-SP), defendeu a interdição do presidente por um possível “desvio de personalidade”. Em nota oficial, Pinato afirmou que o presidente não é “uma pessoa irresponsável, desequilibrada e sem noção de mundo”, mas que ele pode ter “uma grave doença mental” que o faria “confundir realidade com ficção”. Já o presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), constatou o óbvio: “Eu acho que a situação nossa em relação a ter insumos vai piorar com essa declaração hoje”. O Brasil depende de IFA produzido no país asiático para as vacinas da AstraZeneca e CoronaVac. 

O governo tenta agora contornar os possíveis efeitos disso no fornecimento de insumos de vacinas ao Brasil. Os bombeiros serão o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o chanceler Carlos França, que devem se reunir hoje com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming.

“Vamos continuar trabalhando para manter as boas relações que o Brasil tem com a China. Estou com muitas esperanças que consigamos ampliar essas relações com a China independente de quaisquer fatos“, disse Queiroga em seu depoimento à CPI, sem mencionar que os “fatos” são os disparates do presidente. Já França afirmou que “não há nenhum problema político que permeie ou atrapalhe a nossa produção de vacinas”.

Essa não é a avaliação de Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan. Ontem ele disse que os atrasos da Sinovac no envio do IFA (o Ingrediente Farmacêutico Ativo) não se devem à problemas na produção, mas à demora na autorização de envio pelo governo chinês. “Uma burocracia que está sendo mais lenta que o habitual e autorizações com volumes cada vez mais reduzidos.  Isso obviamente tem impacto, essas declarações têm impacto e nós ficamos à mercê dessa situação”, apontou, em coletiva de imprensa. Eventuais atrasos na CoronaVac, de acordo com ele, devem portanto ser cobrados do governo federal, “que tem remado contra”. 

E o governo chinês se posicionou. Perguntado por um repórter da AFP sobre a fala de Bolsonaro, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Wang Wenbin, criticou “qualquer tentativa de politizar e estigmatizar o vírus“. 

Por Outra Saúde

DUAS BRAVATAS

Também no Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro reclamou pela enésima vez da decisão do STF, que garantiu a constitucionalidade de medidas restritivas adotadas por estados e municípios para conter a transmissão do vírus. Desta vez, contudo, ameaçou editar um decreto para garantir a “liberdade de culto, de poder trabalhar e o direito de ir e vir”. 

Foi além, e disse que o tal decreto não poderia ser contestado “por nenhum tribunal”.  “Nas ruas já se começa a pedir por parte do governo que se baixe um decreto. E se eu baixar um decreto, vai ser cumprido. Não vai ser contestado por nenhum tribunal, porque será cumprido”. Bolsonaro se refere a fotos de apoiadores que foram às ruas no feriado de 1.º de maio com camisetas estampadas com a frase “Eu autorizo”. Segundo o presidente, que leva uma surra nas redes sociais desde a morte do ator Paulo Gustavo, o povo está do lado dele, e também o Exército e o Congresso.

Ele aproveitou o arroubou para insistir na cloroquina e na ideia de que o Brasil “tem que voltar a trabalhar”. “É como quem está em casa ouve um barulho, ele vai para debaixo da cama? Tem que pegar uma arma e esperar o cara para emboscá-lo dentro de casa. O vírus é a mesma coisa, tem que lutar por ele. Passou a ser crime falar em tratamento precoce. Quero que esses que são contra me apresentem alternativa ou vão ficar no protocolo de Mandetta? Temos que buscar alternativas. Eu tomei hidroxicloroquina e no dia seguinte estava bom.”  Mais elementos para a CPI…

Por Outra Saúde

BATENDO PALMAS PARA O TOTALITARISMO

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, realiza como um sonho o pesadelo que a família Bolsonaro gostaria de impor ao Brasil. Com o apoio do Congresso, Bukele destituiu juízes da Suprema Corte salvadorenha, substituindo-os por magistrados leais ao governo. Chamou a manobra de "limpeza da casa." O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) correu ao Twitter para aplaudir: "Tudo constitucional. Juízes julgam casos, se quiserem ditar políticas que saiam às ruas para se elegerem", anotou o filho Zero Três de Bolsonaro, com seu português precário.

Até bem pouco, os Bolsonaro fingiam enxergar nos Estados Unidos o modelo civilizatório a ser seguido pelo Brasil. Depois que o democrata Joe Biden derrotou o republicano Donald Trump, num processo eleitoral em que o Judiciário americano deu uma banana para as alegações de fraude, a primeira-família já não se importa de ostentar sem disfarces seus parâmetros institucionais rebaixados, adotando como padrão a ser imitado uma República de Bananas onde um presidente de vocação autocrata concentra o poder.

Como disse certa vez o vice-presidente Hamilton Mourão, se o filho Zero Três do presidente da República se chamasse "Eduardo Bananinha" ninguém daria importância às suas declarações tóxicas. Mas o personagem é filho do Bananão. E o pai também produz polêmicas com a mesma naturalidade com que a bananeira dá bananas.

Em julho de 2018, falando para alunos de um cursinho da cidade paranaense de Cascavel, Eduardo Bolsonaro disse que "pra fechar o STF basta um cabo e um soldado." Onze dias antes, o então presidenciável Jair Bolsonaro dissera que "governar com um Supremo desse que tá aí fica complicado." Defendera a ampliação da composição da Corte de 11 para 21 magistrados, "para termos a maioria lá dentro." (reveja no vídeo abaixo)

Falta aos Bolsonaro uma noção qualquer de institucionalidade. Eduardo Bananinha manifestou sua inveja em relação ao que se passa em El Salvador num final de semana em que compareceu em São Paulo a uma manifestação anti-democrática. Coisa ornamentada com faixas pedindo "intervenção militar com Bolsonaro." O presidente também prestigiou seus devotos, sobrevoando de helicóptero uma aglomeração de apoiadores em Brasília.

Duas coisas escapam à percepção dos Bolsonaro: 1) O Brasil não é El Salvador; 2) os bolsonaristas que vão ao meio-fio expressam apenas a devoção de uma parcela da opinião pública. Uma parcela que diminui à medida que o brasileiro percebe a inapetência do presidente para presidir a crise sanitária que matou mais de 400 mil pessoas.

Por Josias de Souza

CAÍRAM AS MÁSCARAS

Enfim, caíram todas as máscaras e revelou-se por inteiro a soberba mediocridade de um governo formado na base da mentira e da hipocrisia, em nome do combate à corrupção (dos outros) e da defesa do "livre mercado" (só para eles). De onde saiu tanto lixo humano para montar um time de mentecaptos e bandoleiros civis e militares que tomaram o país de assalto dispostos a não deixar pedra sobre pedra?

Em torno de um capitão defenestrado pelo Exército por indisciplina, parlamentar do baixo clero por três décadas, incapaz de dirigir uma bodega na Barra da Tijuca, uniram-se o grande capital e o lumpesinato da classe média ressentida, a escória que voltou às ruas neste final de semana enrolada em bandeiras verde-amarelas como se fosse um exército de ocupação. Como se fosse pouco, querem agora fechar o Supremo e o Congresso para entronizar o "Mito" como imperador absoluto, com plenos poderes para concluir o processo de destruição das instituições e implantar uma ditadura sem disfarces.

No princípio, havia dois "superministros" para avalizar o governo do capitão, lembram-se? Primeiro, veio o Posto Ipiranga, codinome do megalomaníaco economista pinochetista Paulo Guedes, um especulador da Bolsa, que chamou Sergio Moro, juiz provinciano deslumbrado com as glórias midiáticas da Lava Jato, para cuidar da Justiça e Segurança Pública.

Guedes assumiu com ares de primeiro-ministro e até hoje acha que, se ele sair, o governo acaba, mas com o tempo foi murchando, sem entregar nada do que prometeu, vendo seu ministério se desfazer.

Moro sonhava com uma cadeira no STF, depois achou que poderia se candidatar a presidente da República, bateu de frente com o capitão e hoje ganha a vida como consultor de uma empresa americana.

Dá até pena ver o choro de viúvas de Guedes e Moro na mídia, como se fossem freiras que, de repente, se viram no meio de um lupanar e descobriram quem eram seus ídolos. Só se enganou com eles quem quis, porque sempre foram umas bestas fundamentais, que se achavam os reis da cocada preta, no meio de um bando de mediocridades do anti-ministério: anti-educação, anti-meio ambiente, anti-saúde, anti-direitos humanos, anti tudo. O capitão, o economista e o juiz são os três personagens mais patéticos deste enredo de horror que nos desgoverna em meio a uma terrível pandemia.

Este governo pode acabar antes de ter começado, preocupado agora apenas em se safar da CPI do Genocídio. A marca que a todos une é a absoluta incompetência para estar nos cargos que ocupam, a inapetência para o trabalho e a realidade paralela em que vivem, acreditando nas próprias mentiras. São todos uns enganadores, e eles sabem disso, já nem disfarçam mais.

Mas o gado gosta deles assim mesmo, tanto que sai às ruas em seus carrões para defendê-los com unhas e dentes, muitos dentes arreganhados. Basta ver as imagens dos manifestantes em defesa do governo: parecem todos saídos do mesmo ninho, olhos arregalados, gritando contra o "comunismo" e que o Brasil nunca será uma Venezuela. Pois já é, lamento informar. O que faltaria ainda? Só falta oficializar as milícias verde-amarelas e as muitas máfias que se organizaram em torno desse poder, que já foi circo, depois virou hospício e agora é um grande velório a céu aberto. Era uma vez um país chamado Brasil, que tinha um grande futuro. Viramos isso aí.

Por Ricardo Kotcho

LOBO NO GALINHEIRO

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, compareceu à reunião conjunta das comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e Viação e Transportes. A sessão foi presidida pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP) e foi palco de bate-boca entre deputados de oposição e o ministro. Durante a discussão, é possível ouvir um dos parlamentares chamando o ministro de "moleque", ainda que não seja possível identificar de qual parlamentar veio o xingamento.

CAIU

O jornalista Diogo Mainardi pediu demissão do programa Manhattan Connection após ter xingado o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. No programa veiculado no último dia 28, o comentarista mandou o advogado tomar no c*. A fala foi mantida pela edição do programa, mas coberta bip. O programa atualmente é veiculado pela TV Cultura.

DESQUALIFICADA

O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente da Câmara dos Deputados, criticou o trabalho que Bia Kicis (PSL-DF) tem feito no comando da Comissão de Constituição e Justiça. O principal motivo das críticas foi o fato de a presidente da comissão ter pautado um projeto de 2016 que prevê impeachment de ministros do STF por "usurpar competência do Poder Legislativo ou do Poder Executivo". Maia diz que a deputada pega carona na moda de El Salvador de afrontar os poderes, destituir juízes da Suprema Corte e abrir a picada para uma ruptura.

TERRAS DE NINGUÉM

Em junho de 2020, uma liminar deferida pelo ministro Edson Fachin e referendada pelo plenário do STF proibiu operações policiais nas comunidades durante a pandemia – em tese, elas só podem ocorrer em casos “absolutamente excepcionais”. Porém, desde a liminar até março deste ano, nada menos que 823 pessoas foram mortas em mais de 400 operações, como revela a reportagem da Ponte a partir de informações do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF. 

Ainda será preciso somar a este número os 25 mortos ontem no Jacarezinho, zona norte da cidade do Rio. Apenas um era policial. Foi a segunda maior chacina da história da cidade, e a maior oriunda de uma operação policial. O objetivo declarado era combater traficantes que estariam aliciando crianças e adolescentes. No fim, houve mais mortos do que presos: apenas seis pessoas foram levadas.

A polícia nega o massacre e diz que “seguiu os protocolos“. Em entrevista coletiva, os delegados afirmaram que, fora o policial, todas as outras vítimas eram “suspeitos” que teriam revidado durante o confronto. 

“Andamos pelo Jacarezinho, entramos em cinco ou seis casas, e vimos a mesma dinâmica: casas arrombadas, tiros, execução. Não tem marca de troca de tiros. É execução. Um menino morreu sentado em uma cadeira. Ninguém troca tiro sentado numa cadeira. Isso é execução, é cruel, é barbárie”, diz Joel Luiz Costa, da Comissão de Direitos Humanos da OAB. E completa: “Isso acabou com o tráfico de drogas? A partir de amanhã não vai mais ter droga vendida nas vielas do Jacarezinho porque 25 pessoas foram mortas?”.

A Defensoria Pública vai pedir investigação, pois viu violações claras à decisão do STF, além de fortes evidências de que as cenas dos crimes foram alteradas. Organizações como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch também condenaram a ação, que teve repercussão internacional. 

AS DERRAPADAS DE QUEIROGA

Ao longo de aproximadamente dez horas, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tentou se esquivar das perguntas dos senadores na CPI da Pandemia. A estratégia foi em parte bem-sucedida, e ele conseguiu não ficar em maus lençóis com o governo. No processo, arranhou a própria imagem e deu importantes derrapadas. Ao lançar mão de evasivas diante de perguntas simples, ele reforçou a imagem construída dias antes por Mandetta e Teich de que, na prática, o Ministério da Saúde teve sua autoridade sanitária caçada por Jair Bolsonaro durante a maior crise sanitária do último século. 

Isso ficou claro quando Queiroga afirmou que não havia sido consultado pelo presidente sobre a edição de um decreto que proíba estados e municípios de adotarem medidas de isolamento social, e sequer tinha sido avisado sobre a eventual medida antes do anúncio feito por Bolsonaro, que jogou essa cartada na véspera do depoimento do ministro, em um evento no Palácio do Planalto no qual esbravejou que o decreto “não poderá ser contestado por nenhum tribunal”.

“O que o presidente falou comigo acerca desse tema é que ele queria assegurar a liberdade das pessoas. Com assegurar a liberdade das pessoas, eu concordo”, disse Queiroga que, no entanto, também afirmou que concorda com “um fechamento maior” em cidades onde o quadro epidemiológico “está muito grave”. 

E repetiu algumas vezes que as armas decisivas para o enfrentamento à pandemia são as medidas não farmacológicas, como o distanciamento social e o uso de máscaras, e a vacinação – não remédios. Provocado a comentar o fato de Bolsonaro ter promovido uma série de aglomerações, o ministro se limitou a dizer que “toda aglomeração deve ser dissuadida, independente de quem faça”.

Queiroga se viu obrigado a admitir que o número de doses de vacinas contratadas até agora é menor do que aquele que vem alardeando por aí. Confrontado pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL) sobre um ofício enviado pelo próprio Ministério da Saúde, em resposta a um  pedido de informações do deputado Gustavo Fruet (PDT-PR) de que haveria 280 milhões de doses contratadas, primeiro manteve o número inflado de 560 milhões de doses. Teve que ser socorrido pelo secretário-executivo da pasta, Rodrigo Cruz, que apontou que o número ficava no meio: 430 milhões de doses. Na condição de testemunha da CPI, caso mentisse aos senadores, o ministro poderia acabar preso. 

Questionado inúmeras vezes sobre a cloroquina, Queiroga bolou a seguinte resposta: como a incorporação deste e outros medicamentos ao tratamento da covid-19 será debatida pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) ele não pode antecipar sua posição. “Segundo o decreto-lei que regulamenta a Conitec, eu sou instância final decisória. Então, eu posso ter que dar um posicionamento acerca desse protocolo, de tal sorte que eu gostaria de manter o meu posicionamento final acerca do mérito do protocolo para quando o protocolo for elaborado”, disse.

O atual ministro também se recusou a avaliar a campanha do presidente em defesa do medicamento, e disse que não recebeu nenhuma orientação de Bolsonaro sobre o assunto. Também afirmou que desconhece e não autorizou distribuição de cloroquina na sua gestão. Mas o Ministério da Saúde já distribuiu ao menos 127 mil comprimidos de hidroxicloroquina desde a sua posse, em 23 de março, segundo o site de medicamentos contra a covid-19 mantido pela pasta.

APAGANDO OS RASTROS

Uma reportagem da Piauí mostra que o Ministério da Saúde tirou do site o documento em que recomenda o uso de cloroquina e hidroxicloroquina para todos os casos de covid-19 às vésperas da instalação da CPI da Pandemia. As recomendações ficaram no ar por 337 dias, entre 20 de maio de 2020 e 22 de abril deste ano. O sumiço ocorreu um dia depois que a Casa Civil encaminhou à pasta a famosa lista com 23 prováveis acusações que o governo enfrentaria na comissão, entre elas o fato de ter promovido “tratamento precoce sem evidências científicas comprovadas”.

E as ações dos integrantes da pasta começavam a vir à luz. O Globoteve acesso ao depoimento prestado por Mayra Pinheiro, conhecida como capitão cloroquina, ao Ministério Público Federal. Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do ministério até hoje, ela confirmou que foi a responsável pelo planejamento de uma comitiva de médicos que difundiu o uso do “kit-covid” em Manaus dias antes de o sistema de saúde do Amazonas entrar em colapso. Mas, segundo ela, fez isso por delegação de Eduardo Pazuello. Mayra é uma das seis pessoas que respondem a uma ação por improbidade administrativa movida pelo MPF. O ex-ministro e seu braço direito no ministério, coronel Élcio Franco, também respondem à ação. A capitã cloroquina deve ser convocada a prestar depoimento também à CPI da Pandemia

ATROPELADO PELO PLANALTO

No segundo depoimento da CPI, o ex-ministro Nelson Teich afirmou ter pedido demissão do governo por não ter tido autonomia nos 29 dias que ocupou o cargo, nem garantia de que teria liderança no combate à pandemia. Segundo ele, a gota d´água foram duas declarações de Jair Bolsonaro na sua insistente campanha pela cloroquina. 

Na primeira fala, o presidente disse que o ministro da Saúde precisava estar afinado com ele. Depois afirmou a empresários que seria necessário expandir o uso da droga. “À noite, tem uma live, onde ele [Bolsonaro] coloca que espera que, no dia seguinte, vá acontecer isto, que vai ter uma expansão do uso. E aí, no dia seguinte, eu peço a minha exoneração”, afirmou Teich.

Mas, de resto, o depoimento de cerca de seis horas dado à comissão foi evasivo e, por vezes, confuso. Por exemplo: Teich disse que nunca participou de nenhuma reunião sobre cloroquina, mas depois voltou atrás quando lembrado sobre uma reunião que dificilmente deveria ser esquecida: o presidente do Conselho Federal de Medicina foi ao Planalto apresentar a Jair Bolsonaro o documento em que o órgão libera os médicos brasileiros a receitarem a droga para todos os casos da covid-19. Questionado, o ex-ministro caracterizou como  “inadequada” a liberação. E até explicou várias vezes o risco que já se vislumbrava naquela época, antes dos estudos que provaram a ineficácia da droga para o tratamento da covid-19, já que a cloroquina tem efeitos colaterais e, receitada fora do ambiente hospitalar, poderia causar uma série de complicações, como de fato causou. Mas, segundo Teich, não se falava em cloroquina na época em que estava no Ministério da Saúde, pois o foco era na compra e distribuição de EPIs. Parece difícil de acreditar…  

Ao mesmo tempo em que concluiu que não tinha liderança na comunicação sobre a pandemia, pois sempre atropelado por atos e falas de Bolsonaro, Nelson Teich não quis ligar a campanha contra máscaras e por aglomerações promovida pelo presidente com a montanha de cadáveres que o país acumula na pandemia. 

Também disse que não foi obrigado a aceitar a indicação de Eduardo Pazuello para o Ministério da Saúde porque fez uma entrevista com ele, mas não negou que a ideia de colocar na pasta um general da ativa sem experiência com saúde tenha partido de Jair Bolsonaro. 

Teich procurou passar a imagem de ser 100% técnico, mas manteve pessoas nada técnicas no Ministério da Saúde, como a capitã cloroquina Mayra Pinheiro – que, inclusive, passou a ser escalada para as poucas entrevistas coletivas à imprensa a partir da sua gestão. Sobre as entrevistas, antes diárias, explicou que ficaram mais espaçadas porque ele queria descobrir uma forma de se comunicar com a população menos politizada e sem apenas levar números. 

O ex-ministro também disse que nunca falou com Bolsonaro sobre o plano de afastamento social que pretendia que se transformasse em um programa nacional, com balizas para a ação dos gestores estaduais e municipais. Afirmou que ‘foi fazendo’ – quando era óbvio que o chefe ia na direção contrária. Enfim, o depoimento deu a impressão de que Teich passou o período curto em que esteve no ministério no mundo da Lua. 

“Se o tom vago e a falta de informações em tom de inquisição acadêmica de Teich soam bem para ponderações de um médico, elas parecem desastrosas na figura de um ministro da Saúde em plena pandemia. Alguém pode argumentar que foi exatamente isso que Bolsonaro quis ao colocar o simpatizante light, se é que tal coisa existe, no cargo após a queda de Mandetta. E isso em si, assim com os inúmeros ‘eu não sabia’ sobre a promoção da cloroquina, é prova de ingerência política na Saúde”, constata Igor Gielow, na Folha

O DEPOIMENTO DE MANDETTA

O primeiro depoimento da CPI da Pandemia não decepcionou. Ao longo de mais de sete horas, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta se manteve sereno enquanto traçava um quadro de como o governo federal se comportou nos primeiros meses de pandemia. Segundo ele, não foi por falta de aviso e informação que Jair Bolsonaro agiu contra o isolamento social e pela cloroquina.  

Perguntado se o presidente tinha consciência de que 85% dos casos da covid-19 são leves ou assintomáticos, e que advogar o uso de uma droga ineficaz poderia ter o efeito de fazer as pessoas atribuírem erradamente a evolução positiva de seus quadros à cloroquina, o ex-ministro respondeu que isso sempre esteve claro para Bolsonaro.

Mandetta mostrou uma carta enviada ao presidente em 28 de março do ano passado que está sendo considerada a primeira “prova” da omissão de Bolsonaro por integrantes da CPI. No texto, ele pediu ao mandatário que ele abandonasse a postura contrária às orientações do Ministério da Saúde uma vez que a adoção de medidas em sentido contrário poderiam gerar “colapso do sistema de saúde e gravíssimas consequências à saúde da população“. Como se sabe, o alerta não funcionou até hoje.

O ex-ministro também revelou que o chefe tinha um “assessoramento paralelo”. “Testemunhei várias vezes reuniões de ministros em que o filho do presidente, que é vereador no Rio, estava sentado atrás tomando notas. Eles tinham constantemente reuniões com esses grupos [ligados a Carlos] dentro da Presidência”, relatou. Segundo Mandetta, vários pontos eram explicados por ele e sua equipe ao presidente nessas reuniões. Bolsonaro parecia entender, mas depois mudava de ideia, optando por ignorar os prognósticos e recomendações técnicas. De acordo com o ex-ministro, isso acontecia porque havia pessoas próximas ao presidente rebatendo as informações do Ministério da Saúde. 

Mandetta deu como exemplo a ideia de mudar por decreto a bula da cloroquina para incluir ali a indicação de uso para covid-19 que, segundo ele, foi apresentada provavelmente por alguém de fora do governo em uma reunião ministerial. Ele disse que chegou a ver o esboço do decreto, mas que a ideia tinha sido abandonada sem necessidade da sua intervenção. 

Ele também contou que Bolsonaro queria nomear quatro pessoas do Rio de Janeiro para secretarias do Ministério da Saúde. “Não são gente nossa”, teria ouvido como justificativa do presidente, em referência aos integrantes da sua equipe. Apesar de afirmar que os nomes chegaram por ofício, ele não apresentou o documento, nem lembrou quem eram os indicados. 

Ainda na linha da intervenção, Mandetta acusou o governo de impedir a realização de uma campanha publicitária para orientar a população sobre as formas de transmissão do vírus. “Não havia como fazer uma campanha, não queriam fazer uma campanha oficial. Então, havia necessidade de manter a questão das informações”, disse, em referência às coletivas de imprensa diárias que a equipe da pasta passou a dar. 

Mandetta fez muitas críticas ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que seria o responsável por pregar no governo a falsa dicotomia entre economia e saúde.  “Esse ministro Guedes é desonesto intelectualmente, um homem pequeno para estar onde está. Não ajudou em nada. Pelo contrário, falava assim: ‘já mandei o dinheiro, agora se virem lá e vamos tocar a economia’. Talvez [ele] tenha sido uma das vozes que tenha influenciado o presidente”. 

Como resultado das declarações de Mandetta, Carlos Bolsonaro, Paulo Guedes e o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), que falava que a pandemia mataria menos de mil pessoas no país e era um dos interlocutores de Bolsonaro, devem ser convocados para depor na CPI.

Os governistas, por sua vez, acusaram Mandetta de não agir com a rapidez necessária para conter o espalhamento do vírus no Brasil, dando como exemplo o fato de que o Ministério da Saúde não recomendou a suspensão do Carnaval. Eles também bateram na tecla preferida de Bolsonaro: a de que existe um “tratamento precoce” para a doença que teria sido negado pelo ex-ministro.

Coube ao senador Ciro Nogueira (PP-PI) protagonizar um vexame: leu (de forma confusa) uma longa pergunta questionando a recomendação do Ministério da Saúde na época da gestão Mandetta de que as pessoas com sintomas leves ficassem em casa e só procurassem o serviço de saúde em caso de agravamento. Antes de responder, Mandetta afirmou que havia recebido na véspera a mesmíssima questão por WhatsApp do ministro das Comunicações, Fábio Faria, que teria apagado a mensagem quando percebeu o engano.  

O MEDO DE PAZUELLO

Eduardo Pazuello “tremia” durante o treinamento que recebeu no fim de semana para a CPI da Pandemia, ao custo de R$ 23 mil. A tensão continuou na segunda-feira, quando o comportamento do general da ativa foi descrito por assessores do Planalto como “muito nervoso”. Nesse contexto, o ex-ministro da Saúde conseguiu adiar seu depoimento

O Exército entrou em contato com o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), dizendo que Pazuello tinha tido contato com oficiais contaminados pelo coronavírus e, por isso, teria de fazer quarentena. Horas depois, Aziz reclamou publicamente que ainda não havia recebido o comunicado oficial da Força, formalizando a decisão – o que ocorreu à tarde.

Por coincidência, o militar que teria sido diagnosticado com covid-19 é outra pessoa de interesse para a comissão. Segundo o Valor, trata-se do ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco. 

Ninguém explicou porque Pazuello não faz um teste para verificar se foi reinfectado pelo vírus… O general teve a doença em outubro de 2020, e chegou a ficar internado. Quando se recuperava, protagonizou um dos episódios que o Planalto teme que seja explorado pela CPI: o vídeo em que, do lado de Jair Bolsonaro, o general fala: “um manda, o outro obedece”. 

Segundo o blog de Malu Gaspar, o ex-ministro já planejava não comparecer à CPI da Covid desde o final de semana, quando participou de um media training para se preparar para o depoimento. De acordo com pessoas que estiveram com ele, Pazuello estava preocupado com a possibilidade de ser preso logo após depor. “Nos últimos dias, Pazuello tem apresentado oscilações de humor, por achar que o círculo próximo de Jair Bolsonaro planeja abandoná-lo em algum momento”, apurou a jornalista.

“O temperamento explosivo do general é uma das principais preocupações de integrantes do governo”, diz O Globo. O jornal afirma que Pazuello foi obrigado a assistir a vídeos de momentos em que demonstrou irritação em público durante entrevistas coletivas e em audiências no Congresso como parte do treinamento para a CPI. 

Ele foi orientado a defender a tese furada de que a decisão do STF de conferir a estados e municípios autonomia para deliberar sobre as medidas de isolamento social teria impossibilitado o governo federal de coordenar o enfrentamento à pandemia. Não surpreende, já que além de desviar o foco para governadores, Bolsonaro expressou naquela famosa conversa divulgada pelo senador Jorge Kajuru intenção de colocar os holofotes sobre o Supremo. 

BOICOTE INTERNO

O governo federal chegou a elaborar um plano que usaria as imagens de Jair Bolsonaro se vacinando para incentivar a imunização entre brasileiros, mas, por boicote do presidente, não foi adiante. A história é contada pelo jornalista Diogo Junqueira, da Repórter Brasil, que teve acesso ao documento.

Elaborado em março pela Secom (a Secretaria Especial de Comunicação Social) em parceria com o Ministério da Saúde, o plano previa que Bolsonaro tomaria a primeira a primeira dose da vacina com ampla cobertura da imprensa. Só que, como sabemos, ele já declarou que pretende ser o último a se vacinar, apesar de já ser elegível pela idade há um mês. A estratégia previa também um evento com a primeira-dama Michelle Bolsonaro e o Zé Gotinha no começo de abril, o que tampouco foi adiante. O Ze Gotinha, aliás, não tem muito destaque nas comunicações oficiais. Por fim, o documento dizia que no dia 1º de abril o ministro da Saúde Marcelo Queiroga deveria aparecer na transmissão online semanal do presidente, quando seriam anunciados um mutirão de vacinação no feriado de Páscoa e novas medidas da Saúde. Queiroga nunca foi a live nenhuma. Naquela noite Bolsonaro insinuou que não precisaria da vacina pois já tinha se infectado. E o tal mutirão não aconteceu. 

A Secom diz que mantém a ideia de vacinar o presidente em ato público, mas não dá para dizer quando, porque “a estratégia de comunicação não pode passar por cima da liberdade dos cidadãos em seu direito de decidir se se vacinarão ou não”. 

QUEIROGA E A “REFORMA” DO SUS

Marcelo Queiroga foi à Fiesp. Lá, conversou com empresários e voltou a falar em uma “reforma do SUS” – que já havia defendido em meados de abril. Nas duas ocasiões, o ministro da Saúde não é muito claro. Mas a linha de raciocínio sempre tem a mesma origem: a taxa de mortalidade dos pacientes brasileiros internados em UTIs para tratar a covid-19. 

Em abril, numa entrevista ao Sem Censura, ele mencionou achados de uma pesquisa publicada na Lancet para dizer: “A cada dez indivíduos que vão para UTI e recebem intubação, sete morrem. Um resultado que não é bom, que nós precisamos melhorar”. A partir daí, falou que a melhora se daria pela reformulação do sistema de saúde “como um todo”. “Repensar a formação dos médicos, analisar a possibilidade de mudar a assistência hospitalar especializada”, completou, afirmando que a tal “reforma” incluiria a saúde suplementar. “Que atende 48 milhões de brasileiros, cujos resultados nós nem sabemos quais são”.

Queiroga retomou o argumento, citando desta vez o número apurado por um estudo da USP e da Fiocruz: “Não podemos aceitar que de cada dez pacientes que estão intubados, oito morram. É por isso que nós temos tantos óbitos, porque a assistência de saúde não dá a resposta que nós esperamos dela”. Mais uma vez, ele queria chegar à seguinte conclusão: “Nós precisamos reformar o Sistema Único de Saúde.” Desta vez, o ministro não mencionou só a atenção especializada, mas afirmou que tal reforma se daria “sobretudo” na atenção primária. 

Não é preciso ir muito longe para lembrar da tentativa concreta do governo Jair Bolsonaro de “reformar” a atenção primária. Em outubro do ano passado, o presidente editou o decreto 10.530 que visava incluir as unidades básicas de saúde no PPI, o Programa de Parceria de Investimentos. Em 24 horas, depois de uma tremenda mobilização nas redes sociais que se articulou em tono da hashtag #DefendaoSUS, o governo voltou atrás e revogou o decreto. 

Mais tarde, se descobriu que a nota técnica que sustentava a inclusão das unidades de saúde no PPI não era obra só do Ministério da Economia: tinha respaldo do próprio Ministério da Saúde na gestão Luiz Henrique Mandetta. 

Embora Marcelo Queiroga até agora não tenha detalhado sua agenda, não é impossível que o ministro retome essa ideia – ainda mais porque ao falar na reforma do SUS ele também disse que “temos um ambiente político muito exigente, com muita divergência, redes sociais muito inflamadas”. Foram as redes sociais que atrapalharam os planos da última vez…

Em busca de pistas sobre de onde vêm os lobbies da vez, temos um post do Instagram do ministro. Dez dias depois da entrevista no Sem Censura, ele recebeu o presidente do conselho de administração da Rede D´Or, Jorge Moll Filho, para “tratar da reforma do sistema de saúde do Brasil”.

DESMASCARADO

Além da reforma, Marcelo Queiroga também reclamou da “imprensa” e pediu que os participantes do encontro da Fiesp repensassem a “estratégia” de anunciar em veículos de comunicação. Isso porque o ministro foi flagrado sem máscara por um fotógrafo da Folhapress quando chegava no saguão do aeroporto de Guarulhos. Essa reclamação teve direito ao seguinte ato falho: “Vai chegar o momento em que vamos desmascarar essas pessoas que não contribuem com o Brasil, até parte da imprensa”.

Num país com mais de 400 mil mortos pela pandemia, o ministro da Saúde também achou tempo para se queixar de críticas que recebe por usar “frases” de Adib Jatene. Mas, no caso, o dito “Curar quando possível; aliviar quando necessário; consolar sempre” é atribuído a Hipócrates…

Por Outra Saúde

ENSAIO

Ainda falta mais de um ano para o início da campanha eleitoral, mas o presidente Jair Bolsonaro já começou a ensaiar o que dizer em eventuais debates com o ex-presidente Lula. Em conversas reservadas, ele tem demonstrado preocupação com a retórica afiada do oponente e chega a perguntar, rindo, como é que se debate com o petista.

Umas das respostas que Bolsonaro já começa a testar internamente é que “não tem conversa com bandido”, uma aposta nas condenações da Lava-Jato revogadas pelo STF. Ele também comenta que pretende ignorar solenemente o teor das “besteiras” que Lula disser e falar sobre qualquer outra coisa do seu interesse.

Em 2018, o então candidato do PSL só participou dos dois primeiros debates, na Band e RedeTV. Desgastado pelos ataques que recebia dos adversários, ele já havia decidido não comparecer aos outros eventos, mas acabou sendo impossibilitado por conta da facada que levou em um ato de campanha.

Hoje, aliás, são seis as legendas com chances de abrigar Bolsonaro para as eleições do ano que vem: PRTB, PTB, Patriota, Brasil 35 (ex-PMB), Democracia Cristã e Republicanos. Só o PSL, seu ex-partido, já foi completamente descartado pelo presidente até o momento.

Por Radar

ERNESTO MAGOADO

Há um mês fora do governo de Jair Bolsonaro, o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo fez um desabafo no Twitter com críticas ao que, segundo ele, se tornou o governo de Jair Bolsonaro. Ernesto deixou o comando do Itamaraty em 29 de março, após semanas de pressão pela sua demissão e de críticas à forma como conduzia o ministério em meio ao agravamento da pandemia de covid-19. “Já vai tarde“, comemoraram parlamentares quando a demissão foi confirmada. Na rede social, Ernesto afirma que assistiu angustiado e inconformado ao processo de transformação do governo Bolsonaro em uma administração “sem alma nem ideal“, também em alusão às alianças com o Centrão no Congresso Nacional.

SEM VOZ

Após ser confrontado pelo apresentador da CNN, Rafael Colombo, ficar sem falar por vários segundos e ainda ameaçar não voltar ao programa, o jornalista bolsonarista Alexandre Garcia não respondeu a uma pergunta do colunista Mauricio Stycer na quinta-feira (6). Stycer entrevistava Garcia por telefone e, em um determinado momento, questionou o motivo pelo qual ele apagou e restringiu uma série de vídeos em seu canal do YouTube.

A maior parte dos vídeos que o jornalista agora tenta esconder colocavam as vacinas contra a Covid-19 em dúvida e ainda defendiam o chamado “tratamento precoce” pregado por Jair Bolsonaro, que não tem eficácia contra a doença do coronavírus. Quando a pergunta foi feita, no entanto, a ligação “caiu” misteriosamente, segundo conta o colunista.

 

Leia outros artigos da coluna: Ágora Digital

Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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