23/04/2024 - Edição 540

Saúde

Entidades médicas e da pesquisa têm consenso sobre ineficácia do ‘kit covid’

Publicado em 26/03/2021 12:00 -

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O presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), o médico César Eduardo Fernandes, afirmou que a autonomia do médico não lhe dá o direito de prescrever remédios ineficazes contra a Covid-19.

No último dia 23, a AMB mudou de posicionamento sobre os remédios do chamado "kit Covid" – que incluem medicamentos como a hidroxicloroquina e a ivermectina – e passou a recomendar que eles sejam "banidos" da luta contra a doença causada pelo novo coronavírus.

"O princípio que eu acho válido, que merece todo o nosso respeito, é dar autonomia de decisão ao médico. Mas essa autonomia não lhe dá, a meu juízo, o direito de fazer uso de medicações que não tenham eficácia", afirmou Fernandes.

O presidente da AMB avalia que, se pacientes receberem uma receita com os medicamentos do "kit", devem considerar procurar uma segunda opinião.

"A meu juízo, se ele está sendo acompanhado por esse médico e recebeu essa orientação, eu creio que valeria ele ouvir uma outra opinião. Não me sinto nem confortável para dizer 'não siga a orientação do médico que lhe deu'. A minha opinião é que ele não deve tomar essas medicações, mas eu não quero ser leviano. Em tratamentos farmacológicos e médicos, nós temos que nos basear, primeiro, no que chamamos de não maleficência, ou seja, de que a medicação ou o procedimento não traga agravos à saúde da pessoa. Em outras palavras, da segurança", explicou.

O uso da hidroxicloroquina pode trazer efeitos colaterais sérios, como a arritmia cardíaca. Em Campinas (SP), médicos confirmaram o primeiro caso de hepatite medicamentosa relacionada ao "kit Covid". Complicações em pacientes também já haviam sido vistas na Paraíba em janeiro. Chefes de UTIs também ligaram o uso dos remédios a maior risco de morte.

César Eduardo Fernandes explica, ainda, que o "kit Covid" também não passou no segundo crivo de uso, que é o da eficácia.  "É uma balança que tem que pesar a favor dos benefícios e tem que ter menos agravos à saúde. No caso dessas medicações, elas não passam por esses crivos. Tanto é que nenhuma agência regulatória, passado um ano, colocou que essa medicação tenha essa indicação. E por que não fizeram? Não fizeram porque não têm evidências que sustentem isso", reforça.

"O que eu mais queria era uma medicação que funcionasse, o que a gente não pode é transformar o kit Covid em um kit ilusão, que não tem benefício. Não é que a gente é contra o tratamento precoce, muito pelo contrário, mas isso precisa ser feito com drogas que realmente funcionem", afirma o infectologista Alexandre Naime, de Botucatu (SP). O médico é membro do Núcleo Executivo do Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 da AMB e ajudou a criar o boletim da associação, que condena o uso de remédios sem eficácia contra a Covid-19.

Estudos comprovam ineficácia

Estudos sobre a ineficácia destes remédios contra a Covid-19 têm sido publicados em revistas ou liderados por cientistas de renome internacional. Antes que uma pesquisa seja publicada em uma revista, ela precisa passar pela avaliação de outros cientistas, independentes, que determinam se ela foi, basicamente, bem conduzida ou não.

Veja algumas dessas pesquisas:

– no início de maio, um estudo feito nos Estados Unidos mostrou que a hidroxicloroquina não melhorou o quadro de pacientes hospitalizados com Covid-19. O artigo foi publicado no "New England Journal of Medicine".

– também em maio, uma pesquisa feita na China mostrou que o remédio não funcionava em casos leves a moderados. O estudo saiu no "The British Medical Journal".

– em junho, uma pesquisa com 821 pacientes mostrou que a hidroxicloroquina também não funcionava para prevenção da Covid-19. Também foi publicada na "The New England Journal of Medicine".

– em julho, quatro dias antes da publicação da primeira nota, uma pesquisa feita nos Estados Unidos reforçou o achado de que a hidroxicloroquina não funcionava em casos leves de Covid; publicada na "Annals of Internal Medicine".

– no mesmo dia, um ensaio coordenado pela Universidade de Oxford associou a hidroxicloroquina ao agravamento de casos de Covid-19 e mortes.

– ainda no mesmo mês, no dia 22, dois novos estudos publicados na 'Nature' mostraram que a cloroquina e hidroxicloroquina são ineficazes.

Três dias antes da nota da AMB, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) também divulgou posicionamento afirmando que a hidroxicloroquina deveria ser abandonada no tratamento da Covid-19.

"Portanto, é responsável que nós, como associação médica, nos posicionemos. Claro, seremos muito atacados por aqueles que pensam diferente – nós temos resiliência o suficiente para não entrar numa disputa sanguinolenta, fratricida, com aqueles que, passionalmente ou por convicções, defendem o contrário. É assim que a vida caminha", afirmou César Eduardo Fernandes.

Ele declarou que "a linha de conduta da AMB não é para atender ideologias ou partidos políticos". "Muitos leem nossas posições de maneira equivocada, claro, como posição que favorece político A, político B ou político C. Não. O partido da AMB é um só, nem poderia ser diferente: é poder dar boa assistência à população, boa formulação de políticas públicas de saúde", afirmou Fernandes.

Uso ‘off-label’ não é a mesma coisa

Defensores do ‘tratamento precoce’ sustentam o uso ‘off label’ de medicamentos, desde que haja clara concordância do paciente". Esse tipo de uso significa, literalmente, recomendar um medicamento para fins que não estejam na bula – mas que, de acordo com a experiência e julgamento do médico, pode funcionar para o paciente.

César Fernandes explicou, entretanto, que o uso "off-label" não pode ser comparado ao "kit Covid". No caso da hidroxicloroquina, há estudos comprovando que ela não funciona.

"Muitas indicações off-label, adiante, são inclusive transportadas de volta para a bula, porque aquelas observações que os médicos tinham pela sua experiência são testadas e passam a ser aprovadas. Muitas indicações começaram off-label", confirmou o presidente da associação.

"Acho que isso não se aplica à cloroquina ou à hidroxicloroquina, porque o acervo de informações já aponta diretamente para a ineficácia das medicações – e, portanto, acho que isso não dá ao médico aval para que mantenham essas indicações", avaliou.

A AMB não foi a única a se posicionar defendendo a "autonomia do médico" na prescrição do "kit". A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) disse que não recomendava o uso da cloroquina, mas que iria ajudar a monitorar efeitos colaterais com eletrocardiograma.

CFM defende autonomia do médico de receitar remédios sem eficácia

Mesmo após a publicação, ao longo dos últimos meses, de estudos que demonstram a ineficácia de medicamentos como a cloroquina contra a covid-19 e a manifestação de entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Agência Europeia de Medicamentos (leia aqui), entre outras, desaconselhando o uso do remédio, o Conselho Federal de Medicina (CFM) defende que ainda não há consenso científico sobre o uso dessas drogas no tratamento precoce da doença.

Em entrevista ao Estadão, o presidente do órgão, Mauro Ribeiro, disse que o conselho não pretende rever parecer de abril do ano passado que autoriza os médicos brasileiros a prescreverem o remédio.

“Essa ideia de que a ciência já concluiu que essas drogas não têm efeito não é 100% verdadeira. Se você for pra literatura, você tem de tudo: trabalhos que mostram efetividade dessas drogas no tratamento inicial da covid e outros tantos que mostram que essas drogas não têm efeito nenhum na covid. Ambos os lados têm trabalhos com metodologias questionáveis”, afirmou.

Questionado sobre os relatos de efeitos colaterais graves associados ao uso do chamado kit covid (que inclui, além da cloroquina, remédios como azitromicina e ivermectina), o presidente do conselho afirmou que o médico tem autonomia para indicar as medicações que julgar necessárias para cada paciente, mas ressaltou que profissionais que propagandeiam o kit como cura milagrosa da doença ou prescrevem coquetéis de remédios que podem causar danos estão sujeitos a responder sindicância nos conselhos regionais. 

A utilização das drogas do kit covid já levou cinco pacientes à fila do transplante de fígado em São Paulo (leia aqui também) e está sendo apontada como causa de ao menos três mortes por hepatite causada por remédios. Ribeiro disse que ainda é preciso saber as condições dessas mortes, mas que o conselho está em alerta para os casos.

Chefes de UTIs ligam ‘kit Covid’ a maior risco de morte no Brasil

Defendido pelo presidente Jair Bolsonaro como estratégia de combate ao coronavírus, o chamado 'kit covid" ou "tratamento precoce", na verdade, contribui para aumentar o número de mortes de pacientes graves, disseram à reportagem da BBC News Brasil diretores de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais de referência.

O médico intensivista Ederlon Rezende, coordenador da UTI do Hospital do Servidor Público do Estado, em São Paulo, destaca que entre 80% e 85% das pessoas não vão desenvolver forma grave de covid-19. Para esses pacientes, usar o "kit covid" não vai ajudar em nada. Também pode não prejudicar, se a pessoa não tomar doses excessivas, não desenvolver efeitos colaterais, nem tiver doenças que possam se agravar com esses medicamentos.

Mas, para 15% ou 20% que precisam de internação, essas drogas, segundo ele, podem prejudicar o tratamento no hospital e contribuir para a morte de pacientes. "A preocupação maior é com os 15% que desenvolvem forma grave da doença e acabam vindo para a UTI. É nesses pacientes que os efeitos adversos dessas drogas ocorrem com mais frequência e esses efeitos podem, sim, ter impacto na sobrevida", diz Rezende, que é ex-presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira.

E o "Kit covid" também mata de maneira indireta, ao retardar a procura de atendimento pela população, absorver dinheiro público que poderia ir para a compra de medicamentos para intubação, e ao dominar a mensagem de combate à pandemia, enquanto protocolos nacionais de atendimento sequer foram adotados, disseram médicos intensivistas do Hospital das Clínicas, Albert Einstein e Emilio Ribas.

"Alguns prefeitos distribuíram saquinho com o 'kit covid'. As pessoas mais crédulas achavam que tomando aquilo não iam pegar covid nunca e demoravam para procurar assistência quando ficavam doentes", diz Carlos Carvalho, diretor da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Entre os efeitos da procura tardia por atendimento está a intubação, quando o pulmão já está muito lesionado pelo esforço para respirar. Pacientes que recebem máscara de oxigênio ou ventilação mecânica invasiva antes de chegar à insuficiência respiratória aguda têm mais chances de sobreviver, explicam os médicos intensivistas.

"A falta de organização central e as informações desconexas sobre medicação sem eficácia contribuíram para a letalidade maior na nossa população. Não vou dizer que representa 1% ou 99% (das mortes), mas contribuiu", completa Carlos Carvalho, que também é professor da Faculdade de Medicina da USP.

Efeitos colaterais em pacientes graves

A pneumologista Carmen Valente Barbas, que atua no Hospital das Clínicas e no Albert Einstein, em São Paulo, diz que a maioria das pessoas que ela atende atualmente dizem, na consulta, que tomaram medicamentos do chamado kit covid. "A maior parte está tomando essas medicações. Em toda videoconsulta que eu faço, as pessoas dizem que estão tomando e tomando em doses cavalares", disse.

A maior preocupação dos médicos intensivistas é o efeito colateral desses medicamentos em pacientes que evoluem para a forma grave da covid e que já estão com o funcionamento de órgãos vitais comprometidos.

"Esses remédios não ajudam, não impedem o quadro de intubação, e trazem efeitos colaterais, como hepatite, problema renal, mais infecções bacterianas, diarreia, gastrite. E a interação entre esses medicamentos pode ser perigosa", completa Barbas, que é professora de medicina da USP e referência internacional em ventilação mecânica.

O médico intensivista Ederlon Rezende chama a atenção para o risco da hidroxicloroquina causar arritmia cardíaca, um dos efeitos colaterais possíveis do remédio.

Num paciente que evolui para quadro grave de covid, esse pode ser uma efeito adverso crítico, porque a doença causada pelo coronavírus também afeta o coração, ao promover inflamações do músculo cardíaco e trombose nos vasos e tecidos.

Rezende diz ainda que tem tido problemas com pacientes que precisam ser sedados para intubação e que acordam da sedação com confusão mental mais acentuada por causa do uso abusivo de ivermectina antes de chegar ao hospital.

"O paciente, ao acordar da intubação, pode apresentar delírio. Com pacientes com covid isso é muito frequente, porque o vírus atravessa a barreira hematocefálica e afeta o cérebro, principalmente a região frontal, causando inflamação", diz.

"A invermectina é uma droga que também penetra no cérebro quando ele está inflamado, e ela deprime mais ainda o cérebro e piora a qualidade do despertar de um paciente intubado. Essa tem sido uma intercorrência frequente nos pacientes que usaram esse remédio antes chegar à UTI".

A ivermectina, diz ele, também pode provocar lesão renal, outro componente que dificulta a cura de um paciente grave de covid, já que a doença tem potencial para provocar complicações nos rins e demandar hemodiálise."Em termos de risco de morte, eu daria destaque para a cloroquina e hidroxocloroquina, com potencial para provocar arritmias fatais. E invermectina, como já comentei, com potencial de depressão do sistema nervoso central, lesão hepática, lesão renal, entre outros."

Mais recentemente, Bolsonaro passou a citar a Nitazoxanide, conhecida como Annita, como candidata a integrar o kit covid. O problema, além de não haver qualquer evidência científica de eficácia, é que as pessoas passaram a tomar esse vermífugo junto com outro, a ivermectina, intoxicando o organismo, diz médica do Albert Einstein Cármen Valente Barbas.

"A interação desses medicamentos, tomados juntos, é perigosa. As pessoas estão tomando Annita junto com ivermectina e isso é um absurdo."

Infecções mais resistentes, aumentando risco de morte

Outro problema foi a inclusão recente, no "kit covid", de corticoides. De fato, pesquisas mostram que corticoides ajudam a reduzir a mortalidade entre pacientes graves, que precisam de ventilação mecânica por máscaras ou intubação.

Mas, no restante da população, o uso pode provocar problemas sérios.

"Para o paciente pouco sintomático ou assintomático, o corticoide pode até baixar a imunidade e propiciar outras doenças. E, muitas vezes, eles (autoridades locais) davam esse corticoide junto com antibiótico", diz Carlos Carvalho, diretor da Divisão de Pneumologia Hospital das Clínicas.

"Se, por azar, o doente piorar e tiver uma infecção, ele vai ter uma infecção mais grave por estar tomando remédio imunossupressor (coirticoide), e vai ter uma bactéria resistente ao antibiótico que ele queimou, usando inadequadamente."

O supervisor da UTI do Hospital Emilio Ribas, Jaques Sztajnbok, também diz que o uso "preventivo" de azitromicina e corticoide, como defendido pelos que advogam pelo "kit covid", causa mais mortalidade do que protege.

"Se você dá corticoide a paciente de covid sem necessidade, ele vai ter um desempenho pior. Ele morrerá mais do que se tivesse sido adequadamente tratado", disse à BBC News Brasil.

"Falsa segurança" leva à demora na busca por atendimento

Entre as contribuições "indiretas" do kit covid para as mortes no Brasil está, segundo os médicos intensivistas, a "falsa segurança" que esses medicamentos produzem, retardando a procura por atendimento médico.

Um problema recorrente nas UTIs brasileiras, dizem eles, é a chegada de pacientes em estado grave que, por se sentirem protegidos por hidroxicloroquina e afins, procuraram ajuda médica quando era tarde demais.

"Esse autotratamento dá uma falsa segurança e as pessoas tendem a retardar mais a procura de cuidados quando evolui para uma forma grave", diz Ederlon Rezende, que é ex-presidente da Associação Brasileira de Medicina Intensiva.

"Quanto maior o tempo decorrido entre a necessidade de terapia intensiva e a efetiva admissão ao leito de hospital, maior a mortalidade", destaca Jaques Sztajnbok, que chefia a UTI do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo.

A pneumologista Carmen Valente Barbas, que coordena equipes no Albert Einstein e Hospital das Clínicas, diz que a insuficiência respiratória aguda pode evoluir rapidamente para a morte.

"As pessoas estão ficando com falta de ar em casa ou alugando oxigênio em casa. O quadro pode se agravar muito rapidamente e ela pode morrer em casa, sem ter tempo de chegar ao hospital".

Foco em cloroquina tira recursos de tratamentos comprovados

Talvez a maior causa de morte causada pelo enfoque do governo federal em defender remédios não eficazes seja o gasto de dinheiro e tempo que poderiam ser usados na compra de equipamentos, vacinas e na produção de um protocolo nacional com orientações para o atendimento de pacientes graves com covid.

Diferentemente do que ocorreu em países europeus e nos Estados Unidos, passado um ano da pandemia, o Ministério da Saúde não produziu um documento com informações para os profissionais de saúde seguirem.

"Perdeu-se tempo discutindo tratamento precoce sem qualquer evidência científica e não se investiu em disseminar informação sobre tratamentos eficazes para pacientes graves, técnicas de identificação de insuficiência respiratória, uso da posição prona e outros", avalia o pesquisador da Fiocruz Fernando Bozza, autor de uma pesquisa que revelou que 80% dos pacientes intubados no Brasil em 2020 morreram.

Além disso, recursos que poderia ter sido usados para medicamentos necessários para intubação ou para criar leitos de UTIs foram gastos na compra de cloroquina e outros itens do chamado "tratamento precoce", sem comprovação científica .

Levantamento da BBC News Brasil mostrou que os gastos do governo Bolsonaro com cloroquina, hidroxicloroquina, Tamiflu, ivermectina, azitromicina e nitazoxanida somaram quase R$ 90 milhões até janeiro deste ano. Enquanto isso, médicos e associações farmacêuticas alertam que o estoque de medicamentos necessários para intubação está perto de acabar.

A pneumologista Carmen Valente Barbas avalia que vidas poderiam ter sido salvas se os recursos fossem aplicados em soluções cientificamente comprovadas. "É gasto que podia estar sendo usado, também, para comprar vacina", lamenta.

"As fake news e toda a disseminação de desinformação sobre tratamentos sem eficácia têm esse duplo caráter: leva informações falsas para a população e tira a oportunidade de as melhores práticas serem difundidas. Perdemos a oportunidade de investir e implementar políticas baseadas em evidências científicas que poderiam salvar vidas", completa o médico infectologista Fernando Bozza, pesquisador da Fiocruz.

Monitoramento é o mais importante

César Fernandes, da AMB, explicou que, ao receber um diagnóstico de Covid-19, o paciente deve buscar acompanhamento médico – se possível, por telemedicina – para acompanhamento do quadro.

"Do ponto de vista do paciente, e eu entendo, é extremamente frustrante. Para o médico também é extremamente frustrante dizer 'eu não tenho nenhuma medicação para atenuar o curso da sua doença'. A única coisa que nós podemos fazer é monitorar o seu estado de saúde", disse Fernandes.

Os medicamentos que são indicados são aqueles que tratam sintomas, como febre e dor. Acompanhar a saturação com um oxímetro também é recomendado. "Podemos tratá-lo com medicações sintomáticas – para febre, para dor, para o que se faça necessário – e monitorar a sua função pulmonar. Mas o paciente vai perguntar para o médico: 'mas você não tem nenhum remédio para me dar que possa impedir que eu caminhe para essa situação [grave]?' Eu entendo que, pelos conhecimentos vigentes, pelas melhores evidências, [o médico] vai ter que dizer 'eu lamento muito, me entristeço muito, em lhe dizer que eu não tenho remédio'. Infelizmente", esclareceu.


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